Prazeres / Lugares

Roteiro Alcaria e Alvados: no coração da Serra de Aire e Candeeiros

A cerca de uma hora de Lisboa, o Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros ainda é um território desconhecido para muitos, com inúmeros tesouros naturais, geológicos e paisagísticos à espera de serem descobertos em família.

Foto: DR
22 de maio de 2024 | Miguel Judas

Situadas em pleno coração da Serra de Aire, a apenas um par de quilómetros uma da outra, quase como se fossem uma só, as pequenas aldeias de Alvados e Alcaria, no concelho de Porto de Mós, são um excelente ponto para se partir à descoberta deste parque natural, conhecido pelas caprichosas formações geológicas, como o anfiteatro da Fórnea ou as Grutas de Santo António, aqui apenas à distância de uma caminhada.

Os passeios a cavalo são por aqui uma excelente alternativa às caminhadas, não só pela experiência em si, mas por todo o conceito deste Centro Hípico, gerido por Ana Varela, onde muitos dos cavalos são animais recuperados de situações de abuso ou de maus tratos.
Os passeios a cavalo são por aqui uma excelente alternativa às caminhadas, não só pela experiência em si, mas por todo o conceito deste Centro Hípico, gerido por Ana Varela, onde muitos dos cavalos são animais recuperados de situações de abuso ou de maus tratos. Foto: DR

VER E FAZER

Percurso da Fórnea (Alcaria, Porto de Mós)

Vista desde o alto, junto à localidade de Chão das Pias, o fenómeno geológico da Fórnea apresenta-se como um imenso anfiteatro natural, criado por um aparente abatimento da crosta terrestre, que se prolonga até Alcaria, a aldeia onde o percurso tem início. Como os solos da Serra de Aire e Candeeiros são ocos e apresentam vácuos, não só dão origens a grutas, como também a depressões como esta, habitualmente rodeadas de cursos de água. O trilho começa por avançar pela zona da várzea, através de um vale de oliveiras, sempre junto ao Ribeiro da Fórnea e em direção à nascente. Cá de baixo, o semi-circulo da Fórnea, com 500 metros de diâmetro e 250 metros de altura, apresenta-se envolvido pela Serra de Ladeiras, Pena de Águia e Cabeço Raposeiro, tornando-se ainda mais impressionante, tal como o cenário no seu interior, esculpido ao longo de milénios pela erosão provocada pelas águas, tanta as da chuva como as das nascentes que aqui brotam à superfície. Um dos pontos altos do passeio é cascata da Fórnea, mas avançando um pouco mais, até à encosta, que é necessário subir mais ou menos até meio, encontra-se a Gruta da Cova da Velha, onde fica a nascente que alimenta a Ribeira da Fórnea, também ela visitável. A partida e chegada deste trilho de dificuldade baixa é em Alcaria e a extensão, ida e volta, é de cerca de 6 km, caso se vá até à gruta, ou de apenas 4 km se o objetivo for apenas chegar à cascata.

Vista desde o alto, junto à localidade de Chão das Pias, o fenómeno geológico da Fórnea apresenta-se como um imenso anfiteatro natural, criado por um aparente abatimento da crosta terrestre, que se prolonga até Alcaria, a aldeia onde o percurso tem início.
Vista desde o alto, junto à localidade de Chão das Pias, o fenómeno geológico da Fórnea apresenta-se como um imenso anfiteatro natural, criado por um aparente abatimento da crosta terrestre, que se prolonga até Alcaria, a aldeia onde o percurso tem início. Foto: DR

 Centro Hípico de Alcaria

Os passeios a cavalo são por aqui uma excelente alternativa às caminhadas, não só pela experiência em si, mas por todo o conceito deste Centro Hípico, gerido por Ana Varela, onde muitos dos cavalos são animais recuperados de situações de abuso ou de maus tratos. Talvez por isso sejam tão dóceis, como tivemos ocasião de comprovar num passeio pelos trilhos desta serra, que tem início com cada um dos participantes a escovarem o respetivo cavalo, de modo a que se vão habituando um ao outro. "Temos passeios de vários tipos e duração, mas os mais procurados são os para pessoas sem qualquer experiência", explica Ana varela, que muitas vezes, conta, segue "a pé, ao lado dos clientes", para que estes se sintam mais seguros. É o caso do passeio do Caminho das Borboletas, com duração de apenas meia hora e pensado exclusivamente para crianças até aos dez anos. Os restantes passeios duram cerca de uma hora e percorrem alguns dos trilhos mais emblemáticos desta zona da serra, como o dos Medronhos, o dos Carvalhos, o do Mocho, o da Raposa ou o do Vale Encantado – estes dois últimos apenas aconselháveis a cavaleiros mais experientes. Há também a possibilidade de se fazerem passeios privados, passeios temáticos de um dia (com piquenique incluído) e batismos equestres, que além do passeio incluem ainda uma aula de iniciação ao volteio nas instalações do Centro Hípico, situado numa encosta da serra, nos arredores da aldeia de Alacaria, onde os cavalos vivem livremente.

"Temos passeios de vários tipos e duração, mas os mais procurados são os para pessoas sem qualquer experiência", explica Ana varela, que muitas vezes, conta, segue "a pé, ao lado dos clientes", para que estes se sintam mais seguros. Foto: DR

 Olaria Casa Siphioni

A olaria de José Siphioni é um dos locais mais procurados pelos visitantes que percorrem as ruas de Alvados, não porque as suas bonitas e variadas peças chamam a atenção, mas especialmente porque os seus workshops já se tornaram uma verdadeira atração turística nesta pequena aldeia serrana. Antigo operador de máquinas na indústria têxtil, foi o desemprego que o fez interessar-se por esta antiga arte, que se transformou para José não só um modo de vida, como um "estilo de vida". Além da produção artística na cerâmica, vendida em lojas de todo o país, conta também com muitas encomendas para restaurantes e hóteis. São no entanto os workshops que regularmente lhe enchem o atelier que também lhe serve de casa, numa antiga propriedade da família, bem no centro da aldeia. Os seus workshops de cerâmica artesanal podem ser feitos em três modalidades: iniciação à olaria, que inclui aprender a amassar, centrar e tornear o barro na roda de oleiro, com cerca de duas horas de duração; introdução à cozedura Raku, uma técnica milenar de vidragem oriental, que dura quatro horas; E cozedura em forno de papel, uma técnica que implica a construção do forno e se prolonga por cerca de seis horas. E por menor importante, no final, cada um dos formandos pode adquirir as peças que fez.

Facebook: José Siphioni (Artesão/Ceramista). Instagram: CASASIPHIONI

A olaria de José Siphioni é um dos locais mais procurados pelos visitantes que percorrem as ruas de Alvados, não porque as suas bonitas e variadas peças chamam a atenção, mas especialmente porque os seus workshops já se tornaram uma verdadeira atração turística nesta pequena aldeia serrana.
A olaria de José Siphioni é um dos locais mais procurados pelos visitantes que percorrem as ruas de Alvados, não porque as suas bonitas e variadas peças chamam a atenção, mas especialmente porque os seus workshops já se tornaram uma verdadeira atração turística nesta pequena aldeia serrana. Foto: DR

Grutas de Santo António e Alvados

A cerca de quatro quilómetros de Alvados, estas duas grutas, bastante próximas uma da outra, são uma das principais atrações turísticas da freguesia de Alcaria e Alvados. As de Santo António foram inclusivamente uma das primeiras a serem exploradas turisticamente, pouco tempo depois de terem sido descobertas acidentalmente, em 1955, por dois trabalhadores de uma pedreira próxima, após verem um pássaro entrar numa fenda, que decidiram explorar com recurso a cordas e fósforos acesos. A gruta ocupa uma área aproximada de 6 000 m2, a maior sala maior mede 80m x 50m e a altura máxima chega aos 43 metros. Com uma chaminé natural que permite ventilar a gruta, a temperatura no seu interior mantém-se quase sempre constante, entre o 16º e os 18º. Atualmente, estão equipadas com um conjunto de edifícios de apoio, incluindo um túnel artificial para permitir a descida dos visitantes até a uma primeira sala com um grande lago natural, que funciona como antecâmara para a sala mais monumental, considerada uma das mais belas e ricas grutas da Europa. Já a vizinha Gruta dos Alvados foi igualmente descoberta por acidente por trabalhadores das pedreiras vizinhas, mas um pouco mais tarde, em 1964, abrindo ao público nove anos depois. Tem um percurso em forma de corredor que permite aos visitantes apreciarem estas grutas, compostas por uma sucessão de salas, de estalagmites e estalactites, colunas e lagos ligadas entre si, num estado quase virgem. Têm um comprimento visitável de 350 metros, uma largura máxima entre salas de cerca de 40 metros e uma altura interior que chega aos 95 metros. São aliás estes algares de invulgar altura que as tornam num caso único em toda a Península Ibérica. São constituídas por duas partes, popularmente conhecidas como a "gruta velha" e a "gruta nova". A primeira já era conhecida há cerca de quatrocentos anos e servia de abrigo aos pastores locais durante as tempestades.

As de Santo António foram inclusivamente uma das primeiras a serem exploradas turisticamente, pouco tempo de pois de terem sido descobertas acidentalmente, em 1955.
As de Santo António foram inclusivamente uma das primeiras a serem exploradas turisticamente, pouco tempo de pois de terem sido descobertas acidentalmente, em 1955. Foto: @GrutaSantoAntónio

 COMER

 Flor da Serra

Largo Carlos Afonso, 50, Alvados. 967955821. Facebook: Flor da Serra

Cova da Velha

Rua António Santos Major, 1 , Alcaria. 244 482 052. Facebook: Restaurante Cova da Velha

Taberna do Moleiro

Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 483, Alvados. 934533165. Facebook: O Moleiro

DORMIR

Noz por Cá

Rua Monsenhor José Cacella, 6, Alcaria. 936351181 noz-por-ca.com

The Nest by Cooking and Nature

Rua Asseguia das Lages, 181, Alvados. 244447000 cookinghotel.com/cooking-and-nature-the-nest

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