Roteiro: 7 praias para conhecer em Portugal e 7 restaurantes perto de cada uma
Porque as férias não só mergulhos e banhos de sol, escolhemos os locais da costa sul onde o mar se prolonga também mesa adentro.
Praia de Brejos da Carregueira, Grândola
Antes de avançar pelas labirínticas estradas de terra que cruzam os arrozais, o melhor é perguntar no mais típico café da terra, o Casa Messejana – ou Gervásio – qual o caminho para a praia. E no regresso voltar a parar lá, para provar petiscos como o pica-pau de coentrada, o choco frito, o arroz de tamboril ou o famoso frango no churrasco, até já degustado pelos filhos da princesa Carolina do Mónaco, que um dia jantaram nesta casa de pasto, em tempos apenas frequentada pelos pescadores e agricultores locais.
Situada entre as muito concorridas localidades da Comporta e do Carvalhal, a aldeia dos Brejos da Carregueira também tem praia, mas, como poucos a conhecem, está quase sempre vazia – o que nesta altura do ano é uma vantagem, tanto para a nobreza europeia como para o cidadão comum. Para lá chegar é necessário percorrer a pé os arrozais e depois, junto às árvores, descobrir a passadeira de lajes de cimento, com quase dois quilómetros de extensão, que cruza o pinhal até à praia. Ultrapassada a última duna, apresenta-se um cenário quase deserto, vendo-se ao longe a silhueta da serra da Arrábida e o imenso areal que se prolonga para sul, até Sines. A paisagem é idêntica à da Comporta ou Carvalhal, mas com algumas diferenças: não tem nadador-salvador nem bares sofisticados, mas tem uma praia como já existem poucas, que compensa tudo o resto.
Casa Messejana
Brejos da Carregueira de Baixo
Tel. 265497111
Facebook: Casa Messejana Gervásio António
Praia do Brejo Largo, Odemira
Para chegar a uma das mais belas e porventura desconhecidas praias do litoral alentejano é necessário superar uma autêntica prova de orientação, mas vale bem a pena, para se estender a toalha num areal quase deserto. A primeira etapa tem início à saída da aldeia da Longueira, entre Milfontes e Almograve, com um rali pela estrada de terra que segue em direção à costa. Parado o carro, é necessário atravessar uma pequena ponte de cimento, arrancada da base numa das extremidades e escondida debaixo de densa vegetação. Praia à vista? Nem por isso. É ainda necessário percorrer algumas centenas de metros, ao longo das dunas formadas no topo da falésia. Chegados à beira da arriba, resta um leve exercício de montanhismo, nuns degraus escavados na rocha, com uma corda presa por estacas a servir de corrimão.
Mesmo durante a época alta, quando localidades vizinhas como Almograve e Vila Nova de Milfontes estão já lotadas e com os areais cheios, a praia está sempre quase vazia, e mesmo 20 ou 30 pessoas num dia mais concorrido não são propriamente uma enchente num areal com cerca de quatro quilómetros. E como para lá chegar é necessário atravessar a aldeia, seja à ida ou à volta impõe-se uma paragem no Josué, para provar o famoso sargo grelhado que valeu ao restaurante a alcunha de rei do dito. Além dos peixes, "pescados à linha nas falésias aqui à volta", há também percebes, ameijoas, santola, navalheiras e moreia, "tudo apanhado nesta costa".
O Josué
Rua José António Gonçalves, 87, Longueira
Tel. 283647119
Facebook: O Josué
Praia da Bordeira ou Carrapateira
Longe da confusão do "outro Algarve", como por aqui se chama à costa sul, a Praia da Bordeira ainda continua a ser um refúgio para quem quer paz e tranquilidade durante as férias, embora desde há muito convivam duas realidades na mesma extensão de areal. A sul, junto da aldeia da Carrapateira, a praia é ocupada pelas famílias que também passam férias na região e se misturam agora com os surfistas. Porém, à medida que se avança no areal em direção a norte, a densidade populacional vai diminuindo. É a pé, pela beira-mar, apreciando as formas caprichosas das muitas enseadas reveladas pela maré baixa, que melhor se descobre a Bordeira. Nas perigosas escarpas e rochedos das proximidades é apanhado o famoso percebe de Vila do Bispo e é também por aqui que se situam alguns dos mais ricos pesqueiros da região. Locais secretos, acessíveis apenas por cordas e toscas escadas de madeira, que os pescadores locais guardam com um zelo quase religioso, razão pela qual a gastronomia é outro dos trunfos desta região. Destacam-se em especial os pratos de peixe e de marisco ou os pastéis e bolos de batata-doce, ingrediente que, a par do percebe, é celebrado no Festival da Batata-doce e dos Percebes, que todos os anos se realiza em Aljezur, nos meses de outubro e novembro.
Sítio do Rio
Estrada da Praia da Carrapateira, Carrapateira
Tel. 282973119
Praia da Quinta do Lago ou Gigi
É uma das praias com a maior concentração de colunáveis por metro quadrado durante o verão, mas também uma das mais belas do Algarve e o elevado preço do estacionamento – os lucros revertem para uma instituição de caridade – funciona como um primeiro aviso ao veraneante mais desatento: esta não é uma praia para todas as bolsas. Do outro lado do Ancão, fica o exclusivo resort da Quinta do Lago, o empreendimento turístico de luxo que dá nome à praia. E se o mar e a areia ainda são grátis, o mesmo já não se pode dizer do resto – os toldos e as espreguiçadeiras chegam a custar um par ou mais dezenas de euros ao dia. Devido ao histórico e exclusivo restaurante com o mesmo nome, a praia é também conhecida como a Do Gigi, em cuja esplanada, famosa pelo peixe e marisco fresquissímo, já se sentaram personalidades como a princesa Carolina do Mónaco, os Pink Floyd ou o antigo presidente Mário Soares. A praia está integrada no Parque Natural da Ria Formosa e fica situada numa duna separada do continente pelo rio Ancão. Para chegar ao areal, com mais de três quilómetros, é necessário atravessar a maior ponte pedonal de madeira da Europa.
Gigi
Praia da Quinta do Lago, Almancil
Tel. 964045178
Praia da Ilha Barreta ou Deserta, Faro
Com cerca de 10 quilómetros de extensão, a única ilha desabitada da Ria Formosa é um verdadeiro santuário da natureza. Junto ao cais, sai um percurso pedonal de interpretação da ria e das dunas, que se estende por um passadiço de madeira ao longo de dois quilómetros pelo território mais a sul de Portugal continental. Na enseada do Mar Calmo, do lado da ria, costumam estar alguns iates fundeados e, mais além, na margem, os mariscadores em busca das afamadas amêijoas também já fazem parte da paisagem, que pouco mudou desde que José Vargas e Isabel Vicente, proprietários do restaurante Estaminé (o único da ilha), aqui chegaram pela primeira vez, já lá vão mais de duas décadas.
Reconstruído há dois anos mais de acordo com o espírito ecológico da ilha: todo em madeira e alimentado a energia solar, com paredes de vidro e vista para o mar, o Estaminé manteve no entanto o ambiente informal e aposta nos sabores tradicionais algarvios, que o tornou numa referência gastronómica em todo o Algarve. Além do peixe, fresquíssimo e das sempre presentes amêijoas da ria e camarão da praia, há ainda diversos petiscos tradicionais da região como a estupeta e a muxama de atum ou os biqueirões em vinagre – e se a escolha for difícil existe até um menu de degustação de petiscos por €24 para duas pessoas. Quanto à praia, os primeiros duzentos metros, junto ao porto, estão concessionados, mas depois são mais de nove quilómetros de areal quase virgem, feitos de silêncio, tranquilidade e paz.
Estaminé
Ilha Barreta, Faro
Tel. 917811856
Facebook: Estaminé - Ilha Deserta
Praia do Barril, Tavira
A imensa ilha de Tavira, com os seus 15 quilómetros de areal, tem espaço para todos: para os que querem estar sós, acompanhados ou em família. Para pescadores desportivos, adeptos do mergulho e todos os demais banhistas. As praias mais concorridas são as da Ilha de Tavira, Terra Estreita e Barril. Esta última situada junto a uma antiga armação de atum. As casas onde os pescadores viviam durante a faina, de maio a setembro, mantêm a traça original, mas foram reconvertidas em bares, lojas e restaurantes, que no verão lhes devolvem a vida de outrora. Os testemunhos desses velhos tempos estão também presentes numa duna próxima, onde dezenas de enormes âncoras – que serviam para aprisionar o atum junto à costa – desenham uma acidental e improvável instalação artística, de fazer inveja ao criador mais vanguardista. Devido à sua enorme extensão, é sempre possível conseguir algum isolamento, mesmo nos dias de maior enchente.
O acesso faz-se através de um pequeno comboio, que atravessa as dunas e o sapal desde a localidade de Santa Luzia, também conhecida como a "capital do polvo". São vários os restaurantes na marginal onde este cefalópode pode ser degustado das mais variadas e imaginativas formas, entre os quais se destacam, por exemplo, o A Casa e o Casa do Polvo Tasquinha, separados apenas por alguns metros. Distinguem-se pelas especialidades à base de polvo, seja nos petiscos (salada, pataniscas, ovas) ou nos pratos principais (bafado, à galega, à Brás, à lagareiro, em caril, em filetes, no forno, em arroz ou em açorda).
A Casa
Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, 78, Santa Luzia, Tavira
Tel. 281381517
Casa do Polvo
Av. Eng. Duarte Pacheco, 8, Santa Luzia, Tavira
Tel. 281328527
Facebook: Casa Do Polvo Tasquinha
Praia de Cacela Velha
O pôr-do-sol dá uma tonalidade prateada ao branco das casas Cacela Velha, tal como o famoso poeta da corte de Almançor, Abu Omar Ibn Darrag, aqui nascido em 958, tão bem imortalizou em verso. Desde o miradouro de igreja, a Ria Formosa é um imenso espelho de água, protegido do oceano pela fina tira de areia dourada que forma a praia. A travessia para o areal faz-se de barco ou a pé, durante a maré baixa. Basta chegar à margem e acenar ao barqueiro. Não há horários (a viagem faz-se sempre que há passageiros), nem qualquer tipo de cais de embarque – para subir ao barco é preciso molhar os pés e chapinhar um pouco no lodo. Banhada de um lado pelas águas calmas e cristalinas da ria e do outro por um ameno oceano, está integrada no Parque Natural da Ria Formosa. Livre de construções junto à costa é possível avistar, desde o areal, toda a paisagem em redor: a Baía de Monte Gordo, a igreja e a fortaleza de Cacela Velha, a Ilha de Tavira, a Ilha de Cabanas e algumas das elevações da serra algarvia. Uma vista para ser apreciada com tempo, de preferência numa esplanada, enquanto se saboreiam os deliciosos sabores da ria, como as eirozes fritas, o arroz de lingueirão ou as sempre presentes ostras e ameijoas ria.
Fábrica do CostaSítio da Fábrica, Cacela Velha
Tel: 281951467
Casa da Igreja
Largo da Igreja Cacela Velha
Tel. 289952126
Casa Velha
Rua Sophia de Mello Breyner Andresen, Cacela Velha
Tel.281 952 297Facebook: Restaurante Casa Velha
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