Authentic: a cozinha de luxo no coração dourado do Algarve
O chef Ricardo Luz encabeça um restaurante que tem para apresentar o casamento entre o a gastronomia tradicional portuguesa e o que de melhor o mar algarvio tem para emprestar à cozinha pós-moderna dos guias Michelin. Requinte, do prato à decoração, é o que se pode esperar da experiência.
Entra-se na sala e os brilhos dourados fazem contraste com os tons escuros do chão e do mobiliário, tudo iluminado por sumptuosos lustres e luminárias. Lá fora, uma esplanada literalmente sobre um lago de inspiração oriental, repleto de peixes que podemos ver através do chão de vidro e que hão de ser carpas, possivelmente, e talvez outras espécies exóticas e lendárias. Nas paredes e nos detalhes decorativos, podemos ler as assinaturas de prestigiadas e luxuosas marcas, Versace, Chanel, Armani, Roberto Cavalli e Dolce & Gabbana. No bar há James Martin, há Cristal - dentro de um cofre-forte banhado a ouro! -, há whiskies com labels das mais sofisticadas cores, runs caríssimos e conhaques dignos da mais nobre aristocracia. Numa muito particular arca refrigerada repousam caixas de charutos. Não são uns charutos quaisquer: Monte Cristo e Romeo y Julieta.
Tudo no Authentic emana a essência do luxo cravado de nomes distintos e universalmente reconhecíveis, etiquetas que podiam dar título aos capítulos no índice de um livro inspiracional. Ali ao lado e bem à vista de quem entra, a cozinha - elegante, moderna, funcional, deixando adivinhar que dali só saem pratos de uma classe superior. O chef, Ricardo Luz, com um sorriso rasgado e orgulhoso, apresenta-nos o seu espaço de trabalho: "Este fogão, epá - este fogão é um Marrone italiano, feito por medida para aqui." E é assim que sabemos que estamos, de facto, num restaurante de excelência - quando no meio de todas as marcas e todos os luxos, de todos os brilhos e contornos dourados, o chef se mostra deslumbrado, acima de tudo e antes de mais, pelo fogão com que trabalha. "É uma maravilha", diz, e desata a abrir portas e gavetas, enquanto explica como funciona, o que permite fazer, guardar, conservar e quanto facilita a vida no meio daquela cozinha ("foi feito por medida", insiste), permitindo a circulação do staff. Ficamos descansados. Nestas coisas, não há volta a dar - por mais adornos e enfeites que tenha um restaurante, a sua função essencial mantém-se igual à de qualquer tasco: satisfazer o palato de quem lá entra.
O Authentic abriu as portas ao público a 1 de junho numa das zonas mais nobres do Algarve, entre Almancil e a Quinta do Lago. É um restaurante ambicioso e não o esconde - nem faria sentido que o escondesse: de que vale ser-se extravagante se não o mostrarmos ao mundo? A exuberância não se coaduna com a discrição. Por exemplo, um dos caprichos que disponibiliza é a recolha ao domicílio, uma espécie de serviço de entregas só que ao contrário e de um modo muito luxuoso, em que em vez de termos alguém com uma mochila quadrada às costas a tocar-nos à campainha para nos trazer uma caixa com comida fria e amassada, temos um motorista num fato taylormade ao volante de um sumptuoso BMW a vir buscar-nos à porta para irmos jantar fora. E que jantar!
Para permitir um vislumbre, ainda que moderado, do que estará à disposição da elite que o puder frequentar, o Authentic convidou um grupo de pessoas afortunadas, que reunia influencers e jornalistas, para uma experiência de extremo requinte e rara oportunidade. E tudo isto antes de o restaurante abrir as portas ao público, ou seja, concedendo o privilégio de provar e conhecer antes de toda a gente - ou de quase toda a gente: "As primeiras pessoas para quem cozinhei aqui foram aquelas que trabalharam para pôr de pé o restaurante", explica o chef Ricardo Luz. Foi exigência do proprietário e fundador, Miguel Sequeira, que fez questão que a primeira refeição fosse servida àqueles que ali trabalharam. Seja como for, este grupo de convidados, mesmo sem ter mexido um dedo para que o Authentic existisse, teve também o privilégio de o testar antes dos comuns mortais, que, no caso e dadas as circunstâncias, não serão tão comuns assim.
Ricardo Luz é um chef muito especial, capaz de reunir as melhores características e toda a sofisticação para chegar às estrelas Michelin - como sucedeu no Al Sud Palmares, por onde passou -, que combina com o gosto genuíno da cozinha que lhe está nas origens alentejanas. No Authentic, propõe-se pegar nas tradições culinárias portuguesas e acrescentar-lhes a assinatura e o toque criativo. Estando no Algarve, e tendo à disposição peixes e mariscos frescos da melhor qualidade - no Authentic, garante o chef, todo os pratos são confeccionados com produtos do próprio dia (e é por isso que o dia começa de manhã, bem cedo, num restaurante que só serve jantares) -, é praticamente imperativo que se dê destaque às "riquezas que o mar da região tem para oferecer".
O rissol de berbigão e coentro, exemplo de excelência da tal fusão entre a simplicidade da tradição gastronómica portuguesa e a sofisticação pós-moderna, abre a experiência. A delícia da iguaria e ambiente luxuoso pedem um pairing superior, pelo que o sommelier procede imediatamente a uma substituição nos vinhos, fazendo chegar à mesa e aos palatos um fantástico Quinta das Mestras, grande reserva branco 2021. Feito exclusivamente a partir da casta encruzado, é o acompanhamento ideal para o rissol e para o que se lhe segue, um brioche de caranguejo real - aqui entre nós, os sabores e texturas do nosso rissol são, de longe, mais memoráveis do que o que o brioche.
O encruzado da Quinta das Mestras é excelente companhia também para o prato flagship de Ricardo Luz, a sopa de peixe com lavagante e caranguejo real. Muitas vezes se usa em gastronomia, e quase sempre sem critério, o adjetivo "divinal" para descrever qualquer coisa de uma qualidade mais notável. Pois bem, a sopa de peixe e marisco do chef merece amplamente o adjetivo: é divinal, para lá de qualquer dúvida. O que se lhe segue tem de ser extraordinariamente bom para que consiga deixar marca e memória. Felizmente, Ricardo Luz tinha preparado para os convidados um incrível pregado com açorda de marisco e molho de Bulhão Pato. E assim se encerravam os primeiros: com excelência e distinção, como aliás seria de esperar, dado o contexto e as circunstâncias.
Num pequeno intervalo, procede-se a nova substituição. Mudam-se os copos e o sommelier traz nas mãos um novo Quinta das Mestras. Desta vez é um tinto, o reserva 2017. Pergunta-se à mesa o que o chef servirá a seguir. É carne, está visto. Posta arouquesa com 30 dias de maturação, acompanhada de topinambour, também conhecida por alcachofra-de-jerusalém ou ainda girassol-batateiro. É um prato requintado, sem dúvida, e que acompanha perfeitamente com o Quinta das Mestras, feito, à boa maneira portuguesa, a partir de várias castas: encruzado, jaen, touriga nacional e alfrocheiro. Fica, no entanto, a sensação de que, neste lugar, os peixes e os mariscos serão sempre a melhor escolha - até porque o mar é aqui ao lado, pelo que devemos respeitar a ordem natural das coisas.
No fim de tudo, ainda podemos, se conseguirmos, testar a desconstrução de um pastel de nata transformado em mil folhas, obra da chef-pasteleira do Authentic. Haja criatividade e imaginação, e que o bom-gosto nunca lhes falte. O Authentic é uma autêntica categoria à parte.
Onde? Caminho das Ferrarias, lote 730-A, 8135-018 Almancil. Quando? Todos os dias, só jantares (a partir das 19h00). Reservas? +351 289 005 782. Preço médio estimado por pessoa: €210 (sem bebidas).
Nota: os preços variam muito em função da escolha dos pratos principais e dos pratos especiais
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