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Volvo XC40 Recharge. Da Suécia com amor

Não tem grelha, pois não? É o primeiro Volvo 100% elétrico e cumpre a promessa feita pela marca sueca: em 2025 toda a sua gama estará eletrificada (‘check’ em 2022) e 50% das suas vendas serão de veículos elétricos.

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22 de agosto de 2022 | Luís Merca

"O que é que nós queremos?"

Motores elétricos! "E quando é que os queremos?" Até 2025!

O claim caiu como uma bomba em 2018: a Volvo aderia em força à motorização elétrica e estabelecia metas aparentemente muito difíceis de atingir. O fabricante sueco, que até então não era propriamente o mais avançado na mobilidade elétrica – e até tinha recentemente investido milhões de euros numa nova família de motores de combustão, 3 e 4 cilindros, a gasolina e a gasóleo – estabelecia que em 2025 metade das suas vendas seriam compostas por viaturas elétricas.

Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge Foto: Volvo

A situação atual, a três anos de 2025 (ou seja, "depois de amanhã"), é que toda a gama Volvo está eletrificada: das carrinhas V60 e V90 aos sedans S60 e S90, e incluindo os SUV designados XC (40, 60 e 90), todos estes modelos têm pelo menos um motor elétrico a bordo, tornando-se na prática viaturas híbridas – sejam apenas mild hybrid, sejam os mais completos e versáteis híbridos plug-in, de ligar a uma tomada e assim obter 40, 50, 60 km, e por aí acima, de autonomia. De notar que, entretanto, "caiu" o modelo V40, o familiar compacto do segmento C, que não acompanhou este salto (de fé) para o futuro, que representou a total eletrificação da gama.

Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge Foto: Volvo

Crédito lhes seja dado, o esforço da Volvo foi titânico: introduzir em tão pouco tempo uma nova motorização em toda a sua gama era tarefa para Hércules, terá sido aí o seu 13º trabalho. E como se não bastasse, no entretanto nasceram também dois novos modelos 100% elétricos: o XC40 Recharge, o já conhecido SUV mais pequeno da Volvo, e um completamente novo C40, um crossover com ar desportivo, que com ele partilha a plataforma CMA (Compact Modular Architecture), concebida tendo em mente a eletrificação. O pack de baterias vive integrado no solo do automóvel, baixando assim o centro de gravidade do automóvel e libertando espaço interior.

O test-drive propriamente dito

A seu tempo iremos experimentar também o novíssimo C40, mas por agora as atenções centram-se todas no teste em apreço: este Volvo XC40 Recharge P8 AWD é o primeiro 100% elétrico do fabricante de Gotemburgo e o mínimo que se pode dizer é que está muito bem, muito obrigado. As qualidades do XC40, já conhecidas nas suas versões "a combustão interna", estão presentes neste VE (veículo elétrico) que, ainda por cima, dispõe de dois motores, um em cada eixo, sendo por isso um tração integral. E isso nota-se em andamento, com acelerações de colar as costas ao assento e um comportamento perfeitamente neutro... e afinado: aponta-se o volante para o interior da curva e o XC40 vai para lá como se estivesse sobre carris.

Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge Foto: Volvo

Ao volante

Habitáculo amplo e de elevada qualidade de materiais e acabamentos, posição de condução fácil de obter – mediante tanto controlo elétrico do assento do condutor (com memória, claro) – pedal do travão pisado, botão start/stop... onde está o botão start/stop?... não há botão start/stop. Sigamos o raciocínio: se o condutor se sentou no lugar do condutor, é porque vai querer conduzir, certo? Então basta pressionar o pedal do travão e engrenar a manete (curtinha) da caixa automática na posição D (ou R, se for preciso sair de marcha-atrás), e iniciar viagem. Assim mesmo, simples.

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Por falar em viagens, o XC40 transporta cinco adultos no máximo conforto e ao ritmo que o condutor escolher: calmamente, devagar, ou então mais rápido e nervoso, ou mesmo muito rápido e fiquemo-nos por aqui. A potência é de 408 cavalos, um valor considerável, e a velocidade máxima é limitada eletronicamente aos 180 km/h. A aceleração é como uma bala: 4.9 segundos dos 0 aos 100, para um VE que pesa 2,2 toneladas, é obra. A travagem é de muito bom nível e a segurança a bordo, ativa e passiva, é do melhor que se faz no planeta Terra – Volvo oblige.

Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge Foto: Volvo

Já como consequência do ritmo que o condutor escolha, o consumo pode ir de moderado a elevado (leia-se "íssimo", no caso desses 180 à hora). Não há milagres, e velocidades e acelerações desse calibre têm o seu quê na resposta da bateria: em condições ótimas, 418 km é a autonomia disponível, mas isso depende de vários fatores. Em qualquer dos casos, a capacidade de recarregar (consumir e recarregar, um tem a ver com o outro) é suficientemente boa num carregador de 11 kW, cerca de 8 horas para uma recarga total. Num carregador de alto débito, em 40 minutos consegue-se recarregar até 80% da capacidade das baterias.

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Então e preços?, perguntará o possível interessado, sem saber ainda se deve dar o salto para um VE ou optar por um híbrido, ou então deixar-se ficar pelos motores de combustão – um dia faremos um artigo neste sentido. Preços, então: a unidade ensaiada custava mais de 63 mil euros, mas estava carregada de equipamento e de opcionais a níveis dignos de um príncipe das arábias. O preço-base começa nos €57150 e pode considerar-se competitivo quando comparado com a concorrência premium contra a qual a Volvo se bate.

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