Maison Amarande. De Hong Kong para Lisboa, a dupla criativa que conquistou a cidade
Laurence e Xavier Beysecker apaixonaram-se por Lisboa à primeira vista. O casal francês reformula casas através do seu atelier de design de interiores, baseado em Lisboa, mas que absorve inspiração de todo o mundo.
Depois de passar pela Escola de Artes Decorativas de Paris, Laurence Beysecker supervisionou numerosos projetos de design residencial e comercial em Paris, Estocolmo, Hong Kong e Lisboa. Por estes mesmos locais também passou Xavier, mas a gerir empresas e marcas internacionais em grandes multinacionais.
Ela fundou uma empresa de design de móveis recorrendo a habilidades artesanais tradicionais e a materiais naturais na Ásia, chegando a expôr na Maison & Objet em Paris; ele, como designer, mas também ligado ao marketing e finanças, focou-se no desenvolvimento e criação de marcas.
Em colaboração com o arquiteto Pedro Carrilho, agarraram recentemente a renovação da Casa Jardim das Amoreiras, também em Lisboa, um espaço luminoso que emana tranquilidade e tropicalismo.
Viveram em Hong Kong, e para começar a Maison Amarande acabaram por estabelecer-se em Portugal. Porquê este país, porquê Lisboa? O que vos atrai, esteticamente, na cidade?
Após 7 anos em Hong Kong, Xavier, o meu marido, e eu, decidimos voltar para a Europa, mas regressar a casa não era uma opção. Queríamos manter a emoção de viver num país estrangeiro, fora da nossa zona de conforto.
Considerámos lugares diferentes no sul da Europa, mas depois de uma viagem a Portugal ficámos imediatamente convencidos de que era o país onde queríamos viver e Lisboa a cidade onde nos queríamos instalar. Sentimos que algo especial estava a acontecer com muita energia criativa e queríamos fazer parte dela, achámos a cidade muito estética graças à arquitetura dos edifícios antigos à espera de serem renovados. Era o local perfeito para criar a nossa nova empresa Maison Amarande.
A ideia foi desenvolver duas atividades em paralelo, um estúdio de design de interiores para clientes privados e um departamento de investimentos imobiliários que se enquadrasse no nosso estilo distinto.
Há quatro anos Lisboa tinha mais potencial para "remodelar"? Que mudanças assistiram neste período, e de que forma é que a Maison foi crescendo, dentro do mesmo?
O número de edifícios a necessitar de renovação é ainda muito elevado, mas é justo dizer que aqueles contam com critérios premium (localização, vista do rio, espaço exterior, etc...) são muito limitados. Também se tornou mais difícil renovar apartamentos individuais com as novas normas de construção a partir de novembro de 2019 no que diz respeito a obras estruturais, incluindo a proteção contra terramotos. Assim, estamos agora mais concentrados em investir na renovação de edifícios. O número crescente de investidores internacionais em Portugal resulta numa grande evolução do estilo e das normas de design de interiores e a Maison Amarande, com a sua experiência internacional, tem cartas a jogar nesse sentido.
A Amarande tem muito de natural na sua essência, aposta muito na madeira, na pele ou metal, e cruza de forma ágil o Ocidente com o Oriente. Existe uma base comum a todas as vossas ideias?
A combinação de materiais como madeira, latão, cana é algo com que gostamos de brincar para criar peças interessantes por medida.
O vidro canelado é também um dos nossos materiais favoritos que adoramos incluir em todos os nossos projetos, cria efeitos de luz e sombra interessantes e permite trazer mais luz aos espaços, mas mantendo ao mesmo tempo a privacidade. Os azulejos são também importantes no nosso trabalho, oferecendo possibilidades ilimitadas com textura, padrão ou cores. New Terracotta, Mutina, Fornace Brioni são os nossos favoritos do momento.
Gostamos de colocar têxteis, tapetes, objetos e mobiliário para criar uma composição significativa e um interior quente e personalizado. Nenhum elemento é colocado ao acaso, é como um puzzle em que uma peça pode fazer com que tudo funcione em conjunto, é um equilíbrio subtil.
Que inspiração trazem das viagens e dos sítios onde viveram?
Viajar pelo mundo é a chave para alimentar a nossa inspiração. Tivemos a oportunidade de viver em diferentes países, França, Hong Kong, Suécia e agora Portugal e isso enriqueceu definitivamente o nosso estilo, ao longo do tempo.
Sempre fomos apaixonados por produtos bem trabalhados, revisitando competências tradicionais e know how, e utilizando materiais naturais. Nas Filipinas, a incrível cestaria refinada em nito vine [uma espécie de vime, típica das Filipinas e do sudeste asiático] foi a base para fazer peças únicas de mobiliário. Na Índia, trabalhámos com a seda Tulsi para criar uma espantosa coleção de colchas de cama e almofadas em teares manuais. Esta é a nossa forma de personalizar todos os projetos que estamos a conceber e torná-los únicos.
O que idealizavam para a Casa Jardim das Amoreiras? São estes desafios que vos apaixonam?
Para este projeto quisemos criar uma casa calma e pacífica no centro da cidade. Fomos muito inspirados pelo ambiente, pela arquitetura do aqueduto, pelo jardim das Amoreiras com o seu encantador quiosque e a capela branca suspensa. O uso de estores venezianos de madeira nos espaços habitacionais contribuiu realmente para preservar a privacidade e oferecer um lado tipo casulo. Sim, cada projeto é um novo processo de criação a partir de uma página em branco e isso é muito excitante.
Laurence diz que o branco total é aborrecido, embora seja uma "tendência". A vida é mais divertida quando tem cor, padrões, enfim, personalidade?
A cor oferece infinitas possibilidades para definir um espaço e essa é a forma mais barata de mudar o seu interior e fazer a verdadeira diferença com apenas algumas latas de tinta. Permite-nos brincar com volume e luz... por exemplo, pintar o chão de uma sala de paredes de tons claros numa cor dará a ilusão de um espaço mais amplo e mais elevado.
Reconhecemo-nos muito na paleta de cores da marca francesa Mercadier, e os nossos êxitos neste momento são os [tons] Geronimo, um terracota brilhante, Toffee e Brutus, um verde acastanhado.
De onde vêm os materiais?
Tentamos tanto quanto possível utilizar materiais locais, temos em Portugal pedras espantosas, azulejos artesanais, pavimentos de madeira, mas também importamos de alguns países europeus, principalmente de Itália e Espanha.
Há tendências "proibidas" nos vossos projectos? O que nunca aceitariam?
Sim, não suporto elementos "falsos" ou a fingir ser qualquer coisa, como os azulejos que imitam madeira, cópias de peças de mobiliário de design. A televisão, para mim, não é só um elemento decorativo e deve ser sempre escondida atrás de painéis deslizantes ou incorporada numa parede preta ou prateleira.
"Bling bling", materiais e móveis ostentosos e brilhantes não estão entre os meus preferidos, prefiro sempre o [efeito] mate ao brilhante para qualquer pedra, madeira ou tinta. O rodapé é também um elemento chave que tento sempre reduzir, ou mesmo eliminar, se possível, para melhorar o desenho das linhas das paredes.
Qual foi a recuperação mais desafiante de sempre, em Portugal? E porquê?
Recentemente renovámos um apartamento com uma disposição típica portuguesa, com uma planta retangular com um corredor muito longo e janelas apenas nas fachadas frontal e traseiras, o desafio aqui foi reduzir o efeito de túnel do corredor e maximizar o fluxo de luz natural. Abrimos algumas paredes, criámos vários arcos curvos ao longo do corredor e desenhámos uma bela porta em vidro canelado com uma fina moldura de metal preto para permitir a circulação da luz ao longo de todo o apartamento.
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