E se 'Die Hard' não fosse com Bruce Willis?
É difícil imaginar outro ator no papel de John McClane, mas esteve quase para acontecer. É uma das histórias contadas na série 'The Movies That Made Us', cuja segunda temporada acaba de chegar à Netflix.
Passou despercebida no catálogo da Netflix, mas é um encanto para os saudosistas ou simplesmente curiosos sobre o que acontece nos bastidores da indústria cinematográfica. The Movies That Made Us é uma série documental sobre os filmes que marcaram a cultura pop. Cada episódio explora a história da criação de um blockbuster, um filme que, por sorte ou engenho, se torna um sucesso de bilheteira. O que descobrimos é que, regra geral, o sucesso chega contra todas as expetativas. Com recurso a entrevistas com produtores, realizadores, atores, argumentistas, traça-se o retrato de uma época na sétima arte, revelando-se peripécias sobre dificuldades de produção, erros de casting, orçamentos estrangulados e até introdução de elementos narrativos que viriam a mudar a forma como se faz Cinema.
A primeira temporada estreou-se em 2019 com quatro episódios, cada um dedicado a um filme: Os Caça-Fantasmas (1984), Sozinho em Casa (1990), Dirty Dancing (1987) e Die Hard (1988). Foi no episódio sobre este último que descobrimos, por exemplo, que Bruce Willis não foi exatamente a primeira escolha para o papel do lendário John McClane. Pelo contrário. O papel do polícia que salva a cidade de Los Angeles e que conquista a audiência com a sua coragem e determinação esteve para ser interpretado por outro ator – na verdade, por vários.
Apesar de hoje o nome Bruce Willis evocar de imediato filmes de ação, na época o estereótipo de heróis de filmes deste género cinematográfico era bem distinto. Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone ou Jean-Claude Van Damme eram nomes que personificavam esse ideal. E o que era Bruce Willis? Um ator com muito menos músculos, com um currículo sem papéis de bravura e uma vertente cómica pouco típica de herói. Além disso, não era uma "estrela de cinema", já que os seus trabalhos eram sobretudo no pequeno ecrã. A escolha de Bruce Willis foi controversa e mesmo depois das filmagens este não era encarado como um herói de um filme de ação. Aliás, o seu rosto nem constava nos posters de promoção do filme (onde aparecia apenas o emblemático edifício onde tudo acontece). Para muitos, Willis era uma opção desastrosa. Mas o realizador John McTiernan e a equipa por detrás do filme tinham fé num protagonista sem a fisionomia clássica de herói e com outro apelo: uma normalidade inspiradora. O conceito era simples e a fórmula viria a ser repetida até à exaustão: um homem normal a salvar o dia.
O sucesso provou-se com os históricos números de bilheteira e com a continuidade da saga. Foram produzidos no total cinco filmes Die Hard entre 1988 e 2013, sempre com Bruce Willis no papel de protagonista. Ao segundo filme já não havia dúvidas sobre o rosto do ator figurar no poster.
Mais filmes e mais histórias
A segunda temporada de The Movies That Made Us acaba de aterrar na plataforma de streaming, com mais histórias sobre filmes que marcaram gerações. Desta vez há mais quatro episódios, cada um com cerca de 50 minutos, sobre blockbusters dos anos 80 e 90. São eles Regresso ao Futuro (1985), Um Sonho de Mulher (1990), Jurassic Park (1993) e Forrest Gump (1994). Como nasceu a famosa expressão "Run, Forrest, Run!"? E como é que os estúdios da Disney aceitaram produzir um filme que tinha no centro da história uma prostituta? São apenas duas das perguntas respondidas numa temporada cheia de clássicos – para ver de uma assentada e mergulhar a fundo na nostalgia.
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