6 concertos a não perder no NOS Alive
Elegemos seis nomes em palcos mais pequenos, a horas estranhas e por obra e graça de artistas improváveis, sem estatuto de cabeças-de-cartaz, como aqueles em que apostamos para a edição deste ano.
6 JULHO, QUINTA-FEIRA.
Puscifer
O nome deste coletivo até poderá dizer pouco à maioria do público presente no NOS Alive, mas se dissermos que o mesmo é liderado por Maynard James Keenan, vocalista dos Tool e A Perfect Circle, talvez os ouvidos fiquem de imediato mais atentos quando ao fim da tarde de quinta-feira subirem ao palco principal do festival. Assumem-se como uma banda de electro-rock pós-industrial e contam já com 4 álbuns de originais no currículo: V Is For Vagina (2007), Conditions of My Parole (2011), Money Shot (2015), Existencial Reckoning (2020), que por sua vez se multiplicaram num sem fim de EPs e remixes. Com um núcleo duro composto por Maynard James Keenan (voz), Mat Mitchell (guitarra) e Carina Round (voz), o grupo tem contado ao longo do tempo com as colaborações de gente tão diversa como Milla Jovovich, Lisa Germano, Tim Alexander (Primus), Tim Commerford (Rage Against the Machine), Brad Wilk (Rage Against the Machine e Audioslave) ou Paul Barker (Ministry) entre tantos outros. E apesar das dezenas de milhões de streams e visualizações online, é no entanto em palco que os Puscifer atingem a plenitude, ao expandirem as fronteiras de um concerto rock para territórios mais próximos do teatro e da performance, com um elenco que inclui personagens como Billy D e a sua mulher Hildy Berger, o Major Douche ou o Agente Especial Dick Merkin.
Palco NOS, 19h45
Ibibio Sound Machine
Se o Palco Heineken é tradicionalmente o da descoberta, da surpresa e da festa, então será o habitat perfeito para esta banda sedeada em Londres mas com espírito em África. Formados em 2013 por um trio de produtores – Max Grunhard, Leon Brichard, e Benji Bouton – interessados em explorar as sonoridades do afrobeat dos 80 e do drum-and-bass dos 90, a grupo depressa evoluiu noutro sentido, mais orgânico, digamos, com o recrutamento da cantora nigeriana Eno Williams, que com o seu vozeirão e presença se assumiu como a grande alma do grupo, hoje também composto por Alfred Kari Bannerman (guitarra), Afla Sackey (percussão), Joseph Amoako (bateria), Philip PK Ambrose (baixo), Tony Hayden (teclas e trombone), Scott Baylis (teclas e trompete) e o fundador Max Grunhard (teclas e saxofone). Quanto à música, é uma mescla de referências africanas e eletrónicas, a remeter para a era dourada do funk e disco da África Ocidental, polvilhada por alguns elementos pós-punk e electro, a dar alguma contemporaneidade a uma sonoridade assumidamente de festa e de dança. O álbum de estreia homónimo da banda foi editado em 2014, seguindo-se Uyai (2017), Doko Mien (2019) e o aclamado Electricity, lançado no ano passado, com produção dos Hot Chip.
Palco Heineken, 22h25
Papillon
Fez-se artista no coletivo Grognation, mas foi só após a emancipação a solo, com Deepak Looper (2018), um álbum autobiográfico nascido da dor e transformado em luz, que o rap português ganhou uma das suas maiores figuras da atualidade. "Enérgicas" e "genuínas" são dois adjetivos habitualmente usados para descrever as atuações do rapper de Mem Martins, cuja polivalência musical, associada a letras pessoais e plenas de emoção, depressa catapultaram os seus temas para um público muito mais alargado que a já de si ampla comunidade do hip-hop. Depois do álbum de estreia feito em parceria com Slow J e no qual se destacavam temas como Iminente, Impasse ou Impec, Papillon lançou entretanto os êxitos Sweet Spot (ft. Murta) (single de platina), Camadas e 00 Fala Bonito (ambos singles de ouro), até que no final de 2022 editou finalmente o tão esperado e igualmente muito elogiado segundo álbum Jony Driver. Será portanto uma das figuras em destaque no WTF Clubbing, sob a curadoria da Bridgetown, nesta segunda noite de NOS Alive.
WTF Clubbing, 01h25
Morad
Mais um exemplo de como os mercados outrora periféricos estão hoje no centro, o rapper catalão é o mais recente fenómeno de popularidade a sair de Espanha para o mundo. No caso de Morad, com a vantagem de ter sido elevado ao estrelato apenas devido à sua música. Ou seja, de uma forma auto-gerida e orgânica, sem editora, sem campanhas de marketing e sem passar nas rádios, contrariando assim todos os mandamentos da indústria. Tudo começou em março de 2019, quando lançou sem querer o single Un Cuento, que já resumia em si todo um universo sonoro feito de uma mistura entre trap, rap, garage e as vivências pessoais que só possíveis a quem vive num subúrbio como L’Hospitalet de Llobregat, de onde é natural. De forma literalmente viral, o público elevou temas como Motorola, Normal ou Yo no Voy ao estatuto de hinos. Já em 2021, os singles Cómo están?, Soñar e Cuando Ella Sale, alcançaram o galardão de ouro, aumentando os ouvintes mensais no Spotify para mais de seis milhões. Um projeção que lhe abriu as portas dos circuitos internacionais, com uma primeira digressão com passagem por oito países, entre eles Portugal, onde teve uma dupla estreia, dividida entre Porto (no Hard Club) e Lisboa (no Lisboa Ao Vivo), mais duas passagens pelos festivais Solnaro, em Braga, e MEO Sudoeste, na Zambujeira do Mar. Está agora de volta para encerrar o palco Heineken nesta segunda noite, quando já tem anunciado mais um espetáculo em nome próprio em território nacional, desta vez no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 21 de outubro.
Palco Heineken, 02h45
8 JULHO, SÁBADO
Branko
Já lá vão 17 anos, desde que um grupo de miúdos da Amadora anunciou ao mundo ao que vinha, com um primeiro disco de título bastante premonitório – From Buraka to the World. Sobre os Buraka Som Sistema já quase tudo foi escrito: correram o planeta e tornaram Lisboa no epicentro de uma nova música, eletrónica e urbana, nascida na periferia mas pronta para conquistar o mundo. Foi sobre este legado que João Barbosa, o músico, produtor e dj mais conhecido por Branko, se tornou, também ele, numa referência internacional da música eletrónica urbana, como artista, mas também enquanto editor, produtor de programas de rádio ou apresentador de programas de televisão. Um artista completo, como se vê, que descobriu um novo caminho durante a pandemia, mais virado para dentro, mas igualmente aberto ao mundo. É essa premissa de OBG, um álbum, segundo o próprio, nascido da "necessidade de continuar a fazer música quando não a podia tocar em público", editado em 2022 e que, como o título deixa adivinhar, é um manifesto de gratidão por todo o caminho até aqui percorrido, agora também recordado neste espetáculo, criado em exclusivo para o Nos Alive.
Palco Heineken, 01h35
Omah Lay
Considerado um dos mais inovadores e relevantes artistas africanos da atualidade, é a este talentoso músico e produtor nigeriano que cabe a missão de encerrar em grande a edição 15 dos NOS Alive. Desde a cidade de Port Harcourt, onde nasceu e cresceu para a música, tem sido um dos grandes responsáveis por voltar a pôr o afrobeat, na sua versão revista e aumentada século XXI, de novo nos ouvidos do mundo. Começou a fazer música ainda na adolescência com o nome de Lil King, enquanto membro de um grupo de rap. Anos mais tarde decidiu abandonar o microfone para se aventurar na produção, tornando-se o produtor de eleição do bairro onde vivia. Em 2020 volta a pegar no microfone para cantar os temas Bad Influence e You, entretanto transformado num êxito planetário, que lhe abriria as portas para o sucesso seguinte, o EP Get Layd, com o qual conseguiu mais de 100 milhões de streams. Misturando rap e R&B com referências locais como o highlife ou o afrobeat, Omah conseguiu criar um estilo muito próprio e identificável, que elevou o emergente género do afro-fusion a um novo patamar, em especial com a edição, em 2022, do álbum de estreia Boy Alone (com participação da estrela Justin Bieber), agora também apresentado ao vivo no Palco Heineken.
Palco Heineken, 03h00
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