O regresso da elegância
Se vai investir num relógio, escolha um modelo clássico e discreto que nunca sairá de moda. Até as marcas estão à espera que o faça…
O modelo apresentado pela Audemars Piguet no mais recente Salão Internacional de Alta Relojoaria (SIHH) foi tema de muitas discussões. A marca é uma das mais tradicionais casas de relojoaria, fundada em 1875, e a única que permanece independente e nas mãos das duas famílias fundadoras. Desde há uns anos que a fortuna da Audemars se centra num único modelo, o Royal Oak, sobretudo na sua derivação maior, o Royal Oak Offshore, seguramente o relógio mais notado nos pulsos das estrelas dos relvados, da música ou do cinema. Discreto não é, certamente, e um dos seus grandes fãs, o músico John Mayer, chamou-lhe até "um sinal de stop para o pulso". Mas este ano, e pela primeira vez em muitos, a Audemars trouxe algo de diferente para o Salão. Uma nova coleção com vários modelos bastante mais sóbrios: a Code 11:59, assim chamada por ser o último minuto antes de um novo dia, gozou de uma receção muito pouco consensual, dividindo opiniões e extremando posições, mas no fim do dia todos concordaram que se tratava de um passo numa direção mais clássica, elegante e discreta – reforçado, ainda, pela caixa redonda (ainda que disfarçada por uma zona octogonal entre as duas caixas exteriores).
No mesmo salão – o SIHH ocorre todos os anos em janeiro, em Genebra, sendo, a par com Basileia, um dos dois eventos mais importantes no calendário da relojoaria –, outra marca chegou com notícias muito semelhantes: a Montblanc lançou, ali, a coleção Heritage que os próprios descrevem como "o espírito da elegância sofisticada" ou "uma linha que combina a elegância do passado com os códigos de design e tecnologia de hoje".
A divisão de relojoaria da Montblanc não tem parado de crescer ao longo da última década, desde que adquiriu a centenária manufatura Minerva, aproveitando ao máximo essa herança, o savoir-faire, mas também um espólio riquíssimo em termos de design de modelos. Se nos últimos anos a grande aposta foi o Vintage Sport, até porque a Minerva desempenhou um papel fundamental na cronometria desportiva ao longo do século XX, para esta Heritage a inspiração chegou principalmente dos clássicos relógios de pulso dos anos 40 e 50. Foram buscar vários códigos estéticos, como os mostradores "abóbados", cores como o salmão ou o caramelo fumado e, até, a disposição dos indexes. Um bom exemplo são os modelos com cronógrafo, onde os minutos 3, 6 e 9 surgem destacados no submostrador, remetendo-nos para um tempo onde era necessário colocar moedas nas cabinas telefónicas a cada três minutos.
Naturalmente que nem a Montblanc, nem a Audemars Piguet estão sozinhas e foi possível observar este mesmo movimento em modelos da Cartier, da Vacheron Constantin, da Piaget, da Jaeger-LeCoultre e da Pamigiani (também ela mais conhecida por criar relógios com formatos diferentes), ou independentes como a Gronfeld. Mas antes ainda deste SIHH, outra marca bastante inesperada revelava já aquilo que se viria a confirmar uma tendência. No final do ano passado, a Breitling lançou a Premier, a primeira linha que quebrou definitivamente com a lógica dos "relógios para o cockpit", o fio condutor da marca suíça nas últimas décadas. Liderada agora pelo enfant terrible George Kern (ex-IWC), a Breitling pretende atrair uma clientela muito mais abrangente e recuperar algum do glamour de "antigamente". A Premier foi a primeira coleção focada na "elegância do dia a dia," como referiu o CEO: "Estes relógios trazem o nosso inigualável ADN, mas foram criados com o foco no estilo." Afinal de contas, por muito que se vendam relógios conectados, uma boa peça de relojoaria permanece um item essencial no hábito de um executivo. Não só porque diz as horas da forma mais simples, prática e bonita (e isto é incrivelmente útil), mas porque informa o resto do mundo sobre o nosso estilo – e convém que diga bem…
Veja alguns exemplos aqui.
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