Os relógios que seguem as estrelas
As complicações astronómicas estão entre as mais complexas, exigentes e maravilhosas funções de um relógio. Ligam-nos diretamente aos esforços dos nossos antepassados para dominar o tempo, mas agora num mecanismo que cabe no pulso.

O movimento do Sol, da Lua e das constelações era tudo o que as primeiras civilizações tinham para se orientar e, mais tarde, prever as épocas das sementeiras, das colheitas ou das marés. Stonehenge e outras estruturas semelhantes terão sido os primeiros observatórios astronómicos do mundo e, ao mesmo tempo, os primeiros relógios.
A observação das estrelas, da posição do Sol e das fases da Lua, permitia quantificar espaços de tempo de maior ou menor duração, e por isso "a relojoaria é filha da astronomia", como afirmou o historiador Dominique Fléchon. E ambas têm uma história quase tão antiga quanto a da humanidade.
Há quase cinco mil anos, os sumérios já dividiam o ano em 360 dias e 12 meses, e estavam perfeitamente conscientes de que existia um erro de cálculo. Para o corrigir, adicionavam periodicamente um mês extra ao calendário. Foi nas margens do Nilo, um pouco mais tarde, que surgiram os primeiros relógios de sol e se começou a dividir o dia em 24 períodos. Contudo, essas horas não eram entendidas como iguais, pois constatava-se que os dias tinham durações diferentes ao longo do ano, e essa evidência perdurou até à chegada dos relógios mecânicos, com os mostradores simetricamente divididos em 12 ou 24 horas.
Nos primeiros tempos, em plena Idade Média, havia quem optasse pelos mostradores de 24 horas, marcando o tempo de sol a sol, ou seja, do nascer ao pôr do sol, e quem optasse pela marcação às 12 horas, com o meio-dia no ponto mais alto. Como sabemos, foi este formato que acabou por prevalecer, porque imitava os relógios de sol, e estes serviam – e serviram até ao século XIX – para acertar as versões mecânicas.
Foi no Renascimento que assistimos ao primeiro "boom" dos relógios astronómicos, sobretudo com modelos a reproduzirem o ciclo da lua: Lua nova, quarto crescente, etc… E isto antes, até, de existir o ponteiro dos segundos. Com o tempo, a paixão pela astronomia continuou a guiar a arte relojoeira e foram surgindo cada vez mais funções dependentes dos corpos celestes. Às fases da Lua seguiram-se os calendários, que se tornaram progressivamente mais complexos, e a Equação do Tempo ou o Tempo Sideral. A primeira marca a diferença entre a hora solar (a que aparece num relógio de sol) e a hora civil (a do relógio). Uma diferença que oscila ao longo do ano entre os +16 minutos e -14 minutos e que os relógios contabilizam.
A segunda mede a duração da rotação da Terra em relação a um ponto fixo no espaço, porque não são exatamente 24 horas, como sabemos, mas 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. Essa medição é fundamental na astronomia, por exemplo, para posicionar corretamente os telescópios. Com o tempo, surgiram também as primeiras representações fidedignas da abóboda celeste, com mapas reproduzidos no mostrador e que vão girando ao ritmo de uma rotação por ano, permitindo assim visualizar o céu em tempo real.
Ainda hoje os relojoeiros continuam fascinados pelos astros. Talvez porque olhar para o céu nos lembre de onde viemos ou porque a mecânica celeste seja, em si, uma forma de arte. Afinal, a relojoaria vai muito para lá da simples marcação do tempo, e não há história mais bonita do que aquela que nos liga ao universo. É o que vamos constatar nos próximos exemplos:
Vacheron Constantin Les Cabinotiers Celestia Astronomical Grand Complication 3600
A Vacheron Constantin apresentou a sua primeira complicação astronómica em 1755, e muitas outras se seguiram ao longo dos anos, em crescendo, até chegar a esta peça com 23 funções astronómicas. Entre elas, fase da Lua de precisão, idade da Lua, equação do tempo, hora do nascer e do pôr do sol, duração do dia e da noite, estações do ano, solstícios, equinócios, e até signos do zodíaco. Indicador do nível das marés, mapa celeste do hemisfério norte com indicação da Via Láctea, horas e minutos do tempo celeste…. A informação astronómica está dividida entre a frente e o verso do relógio. Preço: mais de 1.000.000 de euros.

Van Cleef & Arpels Midnight Planétarium
Um planetário no pulso, com a Terra e cinco dos nossos vizinhos (Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno) a girarem à volta de um Sol de ouro. Cada planeta move-se ao seu verdadeiro ritmo e Saturno levará mais de 29 anos a dar uma volta completa ao mostrador, o que é uma loucura para um mecanismo feito de engrenagens minúsculas. Júpiter não ajuda muito e demora 12 anos. Já Mercúrio tarda "apenas" 88 dias. Para saber as horas (aproximadas), basta observar a estrela cadente, que dá a sua volta em 24 horas. Desenvolvido em conjunto com o relojoeiro Christiaan Van der Claaw, o Planétarium permite ainda escolher um dia especial e, nessa data, a Terra irá posicionar-se diretamente por baixo da estrela gravada no cristal de safira. Dizem que dá sorte. Preço: 267.000 euros.

Bovet 1822 Récital 20 Astérium
Um mapa celeste e um calendário sideral. Este segue a traslação da Terra em 365 dias, 6 horas e 9 minutos, e não os 365 dias do calendário gregoriano normal, assim não haverá qualquer desvio entre esta carta e a do céu por cima das nossas cabeças. As estrelas e constelações foram preenchidas com Super-LumiNova, para um efeito mais dramático ao escurecer, e ainda oferece fases da Lua, equinócios e equação de tempo. Preço: mais de 600.000 euros.

Jaeger-LeCoultre Reverso Hybris Mechanica 185
Tirando todo o partido da caixa do Reverso, é o primeiro relógio com quatro faces que revelam várias complicações originais. Incluindo fases da Lua nos dois hemisférios, e Ciclo Lunar Anomalístico e Draconiano. Um mede a mede a distância variável entre a Terra e a Lua e o segundo a idade da Lua, permitindo assim prever eclipses e fenómenos como as Superluas. Preço: aproximadamente 1 350 000 euros.

Omega Speedmaster Moonphase Meteorite
Foi o primeiro a ir à Lua e ajudou a salvar a tripulação da missão Apollo 13, por isso as fases da lua fazem todo o sentido neste modelo. Nesta versão temos um mostrador de meteorito, e as duas luas são mesmo de rocha lunar. Já as estrelas, à volta das luas, replicam fielmente o céu na noite em que a Apollo 11 alunou, em 1969. Preço: 19.300 euros.

Raymond Weill Millesime 2945
Prova de que nem sempre é necessário um relógio ultracomplicado para nos deixar de sorriso aberto. Por vezes, basta apresentar uma Lua cheia de personalidade e bem desenhada. Preço: 2395 euros.

Patek Philippe 6102P Celestial
Este Patek é verdadeira janela para o cosmos, com o céu sobre o hemisfério norte representado por várias camadas no mostrador. A primeira recria o céu, a segunda as fases e a órbita da Lua, a terceira as estrelas e Sirius, o sistema estelar mais brilhante. Um trabalho artístico brilhante e hipnotizante. Preço: 530.000 euros.

IWC Schaffhausen Portugieser Sidérale Scafusia
O mapa astral, no verso, é desenhado para a localização e escolhida pelo cliente. São mais de 500 estrelas e constelações com uma rotação absolutamente precisa, porque definida por um módulo de hora sideral que leva até em conta os ajustes para hora de verão e de inverno. Preço: aproximadamente 670.000 euros.

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