No berço da alta relojoaria suíça, viagem pelos segredos da Jaeger-Le Coultre
É aqui, em Le Sentier, terra da Jaeger-Le Coultre, que realmente se percebe tudo o que está por detrás de um grande relógio. E ficámos cheios de vontade de ter um também…

Bem-vindos à Jaeger-Le Coultre. Perdão, bem-vindos à "Jêjèhrrr lcútre", como os francófonos insistem em dizer. A Google, normalmente tão útil, sugere uma alternativa ainda pior: "Yayguh luhkowltuh". Felizmente não temos de nos preocupar com a pronúncia num texto escrito, por isso, bem-vindos à Jaeger-Le Coultre, uma das últimas manufaturas onde ainda se cria, desenvolve, decora e produz todos os relógios debaixo do mesmo teto. Albergando umas impressionantes 180 especialidades para o fazer. Um paraíso para quem gosta de relógios.
Estamos em Le Sentier, pequena aldeia do cantão de Vaud, na Suíça, e não é fácil de aqui chegar. A viagem de carro demora cerca de hora e meia a partir de Genebra, mas é simpaticamente cénica, deixando ver os Alpes e o Mont Blanc ao fundo, os vales cobertos de vinhas em La Côte e, ao atravessarmos o Marchairuz Pass (uma elevação de quase 1500 metros), uma vista magnífica sobre o Vale de Joux e para as densas florestas verde-escuras das montanhas do Jura. Dali descemos até ao pequeno lago de Joux, e é nas suas margens que encontramos Le Sentier e a manufatura. Os locais chamam-lhe a "Grande Maison" porque é, efetivamente, a maior casa da terra, mas também por respeito pelo papel que a JLC teve e tem no desenvolvimento da alta relojoaria.

Trata-se de uma das regiões mais frias da Suíça, ficando completamente gelada no inverno. Imagine-se como seria em 1833, quando Antoine LeCoultre fundou a maison. Curiosamente, esse isolamento explica o facto do vale ser considerado como o berço da alta relojoaria, uma vez que os agricultores, impedidos de trabalhar a terra durante boa parte do ano, começaram a fabricar pequenas peças que os relojoeiros de Genebra necessitavam. Faziam-no solitariamente, cada um em sua casa, e foi LeCoultre quem teve a ideia de juntar toda essa gente debaixo de um mesmo teto, criando assim a ideia da manufatura.
Nas redondezas, não é difícil de encontrar mais uma mão cheia de nomes conhecidos: Audemars Piguet, Patek Philippe e Vacheron Constantin (estes dois últimos relojoeiros de Genebra, que por aqui montaram também ateliers), Breguet ou Blancpain. A história está bem presente numa visita ao museu da JLC, mas visitar a manufatura é muito mais do que fazer uma viagem ao passado…

Divididos pelos vários andares da "Grande Maison", vamos encontrar ultrassofisticadas máquinas CNC, nas quais se fabricam a maioria dos componentes e microcomponentes dos movimentos. Esta parte da visita tem um caráter marcadamente industrial e surge em total contraste com os ateliers mais manuais, onde cada uma das peças é decorada e polida à mão, mesmo aquelas que nunca vão estar à vista num relógio − tal a preocupação com o pormenor. Noutros andares temos os ateliers de relojoaria propriamente ditos, onde ainda se montam os calibres com o mínimo de intervenção mecânica, os mostradores, dos mais simples aos complicados, e visitamos os ateliers artísticos, onde muita da magia acontece. Aqui observamos um artesão a recriar, numa caixa de relógio, uma complexa obra-prima de Van Gogh. Decoração, gravura, engaste de pedras preciosas, guillochage, esmaltagem a fogo… Tudo técnicas ancestrais que poucas marcas ainda dominam, mas que por aqui permanecem vivas. E isto antes de rumar ao piso dos mestres relojoeiros, onde são criadas algumas das peças mais excecionais da relojoaria moderna.

O relojoeiro dos relojoeiros
Ao longo dos anos, a Jaeger LeCoultre vendeu calibres para muitas outras marcas de relógios, tendo inclusivamente um papel fundamental no sucesso de três dos mais famosos (e desejados) modelos da história da relojoaria. Falamos do Royal Oak da Audemars Piguet, atualmente a celebrar meio século de existência. Do Nautilus, da Patek Phillipe, e do 222 da Vacheron Constantin, que a marca recriou este ano perante aclamação geral. Os três relógios, lançados na década de 1970 partilhavam o mesmo calibre ultrafino da JLC, transformando o 920 num calibre mítico, pois foi o único a ser partilhado pelos grandes nomes da relojoaria em exclusividade. Estas e outras parcerias fizeram com que a JLC acabasse por ser reconhecida como a "relojoeira dos relojeiros", um título com peso. Nenhuma parceria, no entanto, foi mais importante do que com a Cartier, para quem a JLC começou a fornecer calibres para um dos primeiros relógios de pulso da história, o Santos, desenhado por Louis Cartier para o seu amigo e piloto brasileiro Santos-Dumont. Parceria, aliás, apenas possível por um encontro anterior entre Jacques-David LeCoultre e um talentoso relojoeiro francês, de seu nome Edmond Jaeger. Jaeger (Jêjèhrrr) tinha contactado as manufaturas suíças para produzirem os movimentos ultrafinos que ele próprio desenhou, e foi a LeCoultre quem respondeu. Nesse mesmo ano, Edmond assinou um acordo com a Cartier que estabelecia que todos esses movimentos Jaeger seriam vendidos em exclusivo à casa francesa, por um período de 15 anos. E evidentemente produzidos pela Le Cloutre. As duas marcas, Jaeger e LeCoultre acabariam por se unir em 1937, dando um cunho muito parisiense à marca suíça – algo ainda hoje bem evidente.

Le Reverso
Em finais dos anos 1920, inícios da década de 30, a grande ocupação dos oficiais ingleses destacados na Índia eram os jogos de polo, o que infelizmente provocava consideráveis baixas entre os seus relógios de pulso. Foi então lançado um desafio para criar um relógio que sobrevivesse à dureza do jogo, e a resposta da LeCoultre ficou para a história, ao criar um relógio cuja caixa se podia virar, protegendo assim o mostrador. Em 1931 nasceu então o Reverso, ainda hoje o modelo mais emblemático da JLC.

Houve muitos outros, é claro, como o Memovox, um relógio despertador lançado nos anos 1950. O Polaris Memovox, lançado em 1968, que adicionava o alarme aos relógios de mergulho para avisar o fim do tempo. Ou, mais recentemente, a coleção Rendez Vous, dedicada às mulheres que amam a alta relojoaria. Mas o Reverso permanece, aos 91 anos, como o grande símbolo da casa e, ao oferecer, dois lados, permite criações mais artísticas num lado fechado, ou então oferece dois mostradores no mesmo relógio. Uma espécie de 2 em 1. Uma versatilidade só possível pela engenhosa caixa do modelo, que tivemos o prazer de conhecer por dentro ao montar uma. E logo no mesmo atelier onde Antoine LeCoultre trabalhava. A caixa não tem obviamente a mesma dificuldade de um calibre com centenas de peças, mas é obviamente mais complexa do que as restantes, e permitiu que nos colocássemos, por um momento, no papel de relojoeiro.

No fundo, toda a visita serve um pouco perceber melhor todo o trabalho que está por detrás de um JLC, e está aberta a todos os entusiastas, e não apenas a convidados VIP: Basta procurar pelas Experiências, no site. Mas o aviso fica já aqui feito: no final é bem possível que fique irremediavelmente com vontade de andar de Jaeger-LeCoultre no pulso.
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