Buccellati. “Mais do que joias, vendemos sonhos”
Preparem-se para ficar deslumbrados, porque a Buccellati, conhecida como o “príncipe dos ourives”, chegou a Portugal.
"Somos loucos pelo detalhe", avisa Luca Buccellati, terceira geração à frente dos destinos da casa que o avô Mario fundou e que, ainda hoje, produz todas as suas peças à mão - da joia mais valiosa e complicada à mais simples. "Fazemos tudo à mão no nosso atelier em Milão, onde temos 60 artesãos a trabalhar connosco, nas mais diversas especialidades.
Luca está em Lisboa para inaugurar um novo espaço da marca, na Boutique dos Relógios Plus Art, na Avenida da Liberdade, e está evidentemente de bom humor. A ocasião justificava-o, é certo, mas descobrimos também que tinha recebido pouco tempo antes uma chamada de uma cliente de Hong Kong, velha conhecida, encomendando uma peça de esmeraldas, "custa mais de um milhão e meio!" exclamou com um justificado sorriso de orelha a orelha.
Essa é a essência da Buccellati, peças únicas e extraordinárias de alta joalharia, resultado de um savoir-faire ao alcance de muito poucos nomes na indústria. Embora também tenham algumas coleções de base, "o nosso pão com manteiga" como lhes chama Luca, casos da Macri, Opera ou Ramage. "Em Portugal, teremos esses dois lados da Buccellati", acrescenta David Kolinski, do grupo Boutique dos Relógios, "no caso das peças mais especiais, podemos inclusivamente levar os clientes a Milão."
"Temos peças aqui na loja que demoram oito, nove meses a fazer", continua Luca, referindo-se a uma pulseira em ouro branco e amarelo, toda trabalhada em rede e engastada com diamantes. Só uma peça, com um artesão dedicado.
"Não temos concorrentes, porque somos pequenos. As outras grandes casas de joalharia mundial fazem milhões, biliões de peças, nós não. Temos atualmente 40 lojas em todo o mundo, acho que podemos ir às 50 mas mais não. Estamos no topo da pirâmide da alta joalharia."
Curiosamente, quando o avô abriu a Buccellati, em 1919, não tinha dinheiro sequer para comprar os materiais necessários. "O meu avô começou a trabalhar aos 11 anos, para ajudar a família, mas tinha este sonho de criar uma casa de joalharia". O que ele fez, então, foi "desenhar as peças lindíssimas que imaginava, e colocar esses desenhos na montra. Despertou obviamente a curiosidade das pessoas, mas quando entravam na loja e lhe perguntavam onde estavam as joias, respondia que não tinha nada para vender. Chamavam-lhe louco, é claro, e era nessa altura que lhes respondia que estava a vender sonhos, e que se lhe dessem metade do dinheiro podia transformar esse sonho em realidade…Fico sempre emocionado quando conto isto".
Teve sorte, porque a loja ficava bem perto do La Scala, por onde a alta sociedade milanesa passava todas as noites, a caminho do teatro. "O que ele fez foi marketing, e do melhor", conclui o neto.
Mais recentemente, a Buccellati foi comprada pelo grupo Richemont, que a juntou assim a um portfólio onde estavam já nomes como a Cartier, Van Cleef & Arpels ou Piaget. Mas a família permanece ao leme da casa, "o acordo estipula que a família vai continuar a gerir os destinos da Buccellati, e a definir as coleções durante os próximos 100 anos."
Luca é responsável sobretudo pelos clientes VIP, e por tudo o que tem a ver com tradição, até porque estão a comprar cada vez mais peças vintages, "queremos ter em todas as lojas uma montra com peças antigas, que mostrem o nosso legado. Além disso, estou responsável pela formação, porque é fundamental que todas as pessoas que entrem percebam bem a nossa história".
Representa a terceira geração da família com enorme orgulho.
Sim, mas tenho ainda mais orgulho em saber que a pessoa que fez esta bracelete [ndr: aponta para a mesma que já tinha destacado] representa também a terceira geração da sua família a trabalhar connosco. O avô dele trabalhou com o meu avô, o pai dele com o meu pai, e ele trabalha comigo, agora. Conhecemo-nos desde os 10 anos - e há muitos outros assim. Quando eramos miúdos jogávamos futebol aos domingos, e hoje fazemos jantares juntos. Não são jantares de empresa, nada disso, são jantares de amigos. Eles conhecem-me bem, e por isso percebem imediatamente o que queremos fazer. Isso é incrível.
O que torna a Buccellati tão especial?
O saber-fazer, o legado, o design… O meu pai costumava dizer-me: vais à Montenapoleone [avenida em Milão, famosa pelas marcas de luxo] ou à 5ª Avenida [em Nova Iorque] e pegas numa peça de joalharia de todas as montras. Misturas tudo num saco e despejas numa mesa. Só uma marca vai sobressair… É isso que faz a Buccellati tão especial. A inspiração vem do renascimento italiano, e continuamos a fazer uma coleção com peças únicas - por vezes pedem-nos para fazer outra igual, mas nunca repetimos. Podemos fazer parecido, igual nunca. Continuamos a fazer tudo à mão, em Milão, o que faz com que não consigamos alimentar toda a procura. É um bom problema, mas não deixa de ser um problema.
Está a ser difícil encontrar novos artesãos para trabalhar?
Muito difícil. Criámos inclusivamente uma academia para tentar treinar os nossos artesãos. Pegamos em miúdos saídos da escola, com 18, 20 anos, e pagamos-lhes para frequentarem o curso. Começámos agora um novo curso com 30 alunos, mas já sabemos que, desses, se calhar podemos escolher três, porque é um trabalho difícil, que não admite erros. Temos esta regra, se alguém se enganar o metal é novamente derretido e começam de novo. Não admitimos correções, e é preciso ter um feitio especial para conseguir trabalhar para nós.
Além dos 60 artesãos de que lhe falei, criámos também parcerias com alguns dos nossos fornecedores, todos na zona de Milão, onde temos mais 120 artesãos a colaborar. Em exclusividade, fazemos questão disso, porque no nosso nível não podia ser de outra forma. E mesmo assim é difícil gerir a procura.
Há muito dinheiro a circular pelo mundo, o que explica essa procura crescente pelo luxo…
Sim, mas não creio que seja uma questão de dinheiro. Será mais uma forma de sentir a marca. Ao fim de 35 anos tenho esta certeza, de que quem compra Buccellati uma vez, volta a comprar. Não se tornam obviamente todos colecionadores, mas tornam-se clientes satisfeitos, e regressam.
O seu avô criou a companhia logo a seguir à Primeira Guerra Mundial, mas foi ele quem, basicamente, definiu o que fazem, mesmo nos dias de hoje.
É verdade. Repare, nós temos novidades a cada dois anos. Apresentamos uma coleção nova - e ainda agora apresentámos a Macri -, mas o estilo é sempre Buccellati. Dou-lhe um exemplo: o meu avô procurava inspiração por toda a cidade, por isso entrava muitas vezes em igrejas, onde estavam alguns dos objetos mais belos e trabalhados, e é isso que explica o período do renascimento ser tão importante para nós, ainda hoje.
Quando o seu avô faleceu, deixou a companhia aos filhos e estes, pouco depois separaram-se, criando diferentes empresas.
Sim, o meu avô faleceu em 1965, e isso aconteceu em 1972. Dividiram a empresa em dois, uma mais focada na Europa, e outra nos Estados Unidos. Depois, o meu pai e o seu irmão, que também tinham ficado juntos na Europa, ainda voltaram a dividir o negócio. Para dizer a verdade, era uma grande confusão e felizmente que isso acabou. Em 2011, eu e o meu primo Andrea, juntámos as nossas empresas e finalmente, há dois anos, quando vendemos a empresa ao grupo Richemont a nossa outra prima juntou-se também.
Havia uma coisa com piada, no entanto, porque eram empresas diferentes, mas faziam exatamente o mesmo estilo de peças. Nem com a separação o sabor mudou.
Apesar de estarem apenas a começar, tem ideia de que peças vão funcionar melhor em Portugal?
Acho que aqui vão adorar especialmente as pulseiras mais volumosas, com as braceletes muito trabalhadas. Obviamente que serão apenas para uma franja muito pequena da população, mas as coleções mainstream não diferem muito, em termos de preço, das outras marcas de joalharia.
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