A OMS prepara-se para classificar como cancerígeno um dos adoçantes mais consumidos
Os relatórios não são conclusivos, mas a Organização Mundial de Saúde considera aconselhável incluir o aspartame como um possível carcinógeno.
Depois de muitas indecisões, parece que, finalmente, o Comité de Pesquisa do Cancro da OMS (IARC) classificará em julho como possível carcinógeno um dos adoçantes mais usados em produtos como refrigerantes dietéticos ou algumas gomas e pastilhas elásticas.
Neste momento, os especialistas em tecnologia alimentar e nutrição estão na expectativa, porque os estudos realizados são bastante ambíguos, daí ser necessário esperar pelos relatórios apresentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) antes de uma declaração formal e oficial. Ainda assim, o que já é claro, é que o mais perigoso deste tipo de produto geralmente não é o adoçante em si, mas o resto dos ingredientes. Por mais que um refrigerante tenha aspartame em vez de açúcar, ainda é nutricionalmente muito pobre e contém outros ingredientes indesejáveis. Atualmente, é isso que deve ser enfatizado na comunicação aos consumidores, mas, claro, também é importante que os possíveis ingredientes cancerígenos continuem a ser avaliados.
O aspartame é um adoçante de baixíssimas calorias, cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar. Foi descoberto por acaso, quando, em 1965, um cientista chamado James M. Schlatter pesquisava um medicamento contra úlceras. Ele acidentalmente deixou cair algum na sua mão, e, por motivos que não estão claros, teve a ideia de lambê-lo. Assim, percebeu que tinha um sabor doce e que poderia ter uma aplicação bem diferente daquela que estava a ser estudada. Desde então, tornou-se um dos adoçantes mais utilizados, a ponto de ser responsável pela doçura de 60% dos produtos de baixa caloria do mercado. É encontrado principalmente em refrigerantes light, mas também em chocolates, pastilhas elásticas, gelados e muito mais.
No início, não se pensava que este adoçante sintético pudesse representar algum risco à saúde. Porém, em 2005, a Fundação Europeia de Oncologia e Ciências Ambientais Ramazzini elaborou um estudo no qual apontava possíveis riscos desse adoçante. Aparentemente, encontraram uma certa relação entre o seu consumo e o aparecimento de linfomas e leucemias em ratos de laboratório. Não surpreendentemente, com a publicação deste estudo, o pânico espalhou-se, e as autoridades alimentares foram rapidamente investigar os resultados.
Um relatório completo foi publicado em 2013, alegando que a ingestão diária aceitável de aspartame é de 40 mg/kg de peso corporal, de modo que uma quantidade quase desumana de refrigerantes teria que ser consumida para que o adoçante fosse considerado perigoso.
No entanto, a OMS possui três relatórios que justificam a classificação desta droga como possivelmente cancerígena. De fato, muitas substâncias do quotidiano já estiveram nesse mesmo grupo e acabaram por cair para o terceiro, no qual estão as substâncias não cancerígenas. É o caso, por exemplo, do café. No segundo ainda encontramos bebidas quentes, por exemplo. E também os gases da combustão dos veículos. Não há menção de dose, portanto, em princípio, as recomendações da EFSA continuariam a ser mantidas. Mesmo assim, os fabricantes de produtos açucarados são aconselhados a procurar alternativas.
Isso tornará os produtos açucarados mais saudáveis? Possivelmente não. Mesmo que o refrigerante mude de adoçante, ainda será uma péssima opção nutricional. Há, por isso, que aguardar com cautela pela decisão da OMS em julho. A decisão será tomada por um grupo de especialistas externos que avaliam se os produtos apresentam um perigo potencial com base em todas as evidências publicadas.
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