Prazeres / Artes

Já não se fazem ícones como estes

Pertencem à era de ouro de Hollywood e fazem parte de uma galeria restrita de actores, cujos estilos a vestir os demarcaram dos demais. Sem nunca precisarem de marcas ou de recorrerem a consultores de imagem.

27 de novembro de 2020 | Luísa Brito
Foto: Getty Images
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MCQUEEN. O rei do cool. Por mais voltas que demos, é-nos difícil encontrar quem consiga reunir, de maneira natural, esse "je ne sais quoi"… Steve Mcqueen (1930 1980), tal como Newman, tanto impressionava em fato de banho como calçando umas botas de deserto ou envergando um smoking. Sem esquecer os fatos de corrida de motos e de automóveis. Ainda que a roupa fosse, nele, um mero acessório, convenhamos que impressionou com os fatos de três peças que usou no filme O Caso Thomas Crown, de 1968.

Foto: Getty Images
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NEWMAN. A prova de que é o homem que faz a roupa. Paul Newman (1925-2008) era de uma simplicidade extrema a vestir. Fosse com um pólo e sapatos de ténis, nas aulas de Lee Strasberg, com um pijama, em Gata em Telhado de Zinco Quente, ou com roupas de cowboy em Butch Cassidy and the Sundance Kid, tudo nele exalava genuinidade e classe. Nos anos 50 e 60 representou, mesmo, o novo homem. Masculino, belo e elegante. E sempre fiel às mulheres e mães dos filhos, o que era raro.

 

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PECK. Era, sobretudo, o tom de voz mavioso e bem colocado que o distinguia. Em Gregory Peck (1916-2003) isso tudo era reforçado por uma pose elegante, serena e distinta. Os fatos eram de um corte irrepreensível e tinha gostos peculiares e dos quais nunca abdicava, como a preferência por um determinado tipo de lã, um certo padrão ou uma cor específica. Tudo era combinado com mestria, até ao final da vida. A imagem do gentleman que interpretou no filme Férias em Roma era aquela que mantinha na vida privada.

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BELAFONTE. Nas décadas de 50 e de 60 em que os Estados Unidos lutavam contra a segregação racial, Harry Belafonte (1927) era dos raros afro-americanos com destaque no panorama nacional. Com Sidney Poitier e Sammy Davis Jr. compunha um trio de três homens que lutavam contra o racismo, ao mesmo tempo que se impunham como actores, cantores e referências da elegância masculina, não apenas nos Estados Unidos. Detém, para nós, um dos recordes de elegância e, provavelmente, a melhor interpretação da canção Mr. Bojangles.

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BEATTY. O solteirão mais desejado de Hollywood viveu os tempestuosos casos amorosos que lhe são conhecidos, na década de 1960, com o mesmo fair play com que ainda se veste. Warren Beatty (1937) tirou partido da revolução de costumes que permitia ao homem uma maior liberdade de escolhas na forma de vestir e de se apresentar, desde os cabelos compridos às camisas com folhos, ao assumir o ar de playboy chique. Tudo nele era naturalmente coordenado e com um gosto insuspeito. Os actores que hoje são vestidos por especialistas não passam, mesmo assim, de uma pálida sombra deste homem moderno e requintado (coisa que parece ter desaparecido de Hollywood).

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REDFORD. É o príncipe americano. As mulheres apaixonaram-se por ele em Descalços no Parque, em 1967, O Nosso Amor de Ontem, em 1973, e África Minha, em 1985, porque não o distinguiam do homem da vida real. O corte de cabelo, os óculos de sol, os botins de cabedal e os fatos de paletó justos ao corpo criaram um estilo que ainda hoje é copiado nas passerelles e imitado na rua. Por isso, e mesmo aos 81 anos, este actor, produtor, realizador e fundador do Festival de Cinema de Sundance continua a ser uma referência na arte de bem vestir.

 

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ASTAIRE. Eis o mais elegante dos actores. Fred Astaire (1899-1987) representa a era de maior elegância do homem, a década de 1930. A sua figura esguia contribuiu para essa imagem de leveza e de graciosidade, exaltada nos filmes em que dançou como ninguém (nem mesmo Gene Kelly), que nunca concorreu para empalidecer a sua masculinidade. Desde os fraques, nos filmes, aos fatos assertoados, na vida real, tudo lhe assentava como uma luva. O mais extraordinário é que a sua imagem de estilo permanece actual. É um homem para a eternidade.

 

 

 

 

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GRANT. O título do filme de Hitchcock, Ladrão de Casaca, não lhe podia assentar melhor. Não que Cary Grant (1904-1986) fosse desonesto, mas porque a obra daquele realizador o "obrigou" a vestir-se a preceito, tendo as roupas servido de modelo para os homens norte-americanos. De resto, qualquer guarda-roupa para Grant servia de fonte de inspiração e damos como um de muitos exemplos o filme Intriga Internacional. Basta recordar que teve uma carreira invejável (de 1932 a 1966). Por ter tido uma compleição física atlética, os fatos caíam-lhe de um modo quase único, sobretudo nos ombros, enaltecendo-lhe o ar de homem poderoso que sempre soube manter e que nunca empalideceu com o avançar dos anos.

 

 



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