Empresas poluidoras não estão a cumprir objetivos para resolver problema mundial do plástico
As empresas estão a falhar os seus próprios compromissos de aumentar a reciclagem e reduzir o desperdício.
As empresas que criam grande parte das 23 milhões de toneladas de plástico que chegam aos oceanos e rios todos os anos não têm conseguido estancar o fluxo de lixo e, em nalguns casos, têm revelados dados enganadores sobre os seus esforços, de acordo com dois novos relatórios.
Um grupo de cientistas liderado por Stephanie B. Borrelle, da Universidade de Toronto, desenvolveu um modelo para avaliar os compromissos ambiciosos de conter o lixo plástico estabelecidos por países, organismos internacionais como as Nações Unidas e grupos independentes. Os investigadores descobriram que, mesmo que todas essas promessas combinadas sejam cumpridas como planeado, a poluição do plástico continuará a piorar, e numa base cada vez maior.
A quantidade de lixo plástico que entra no abastecimento global de água a cada ano deve duplicar para 53 milhões de toneladas até 2030. Imagens da vida marinha entupida de plástico e praias repletas de garrafas de refrigerante descartadas causaram protestos que, por sua vez, levaram empresas e governos a propor uma série de promessas para aumentar a reciclagem.
"Sem uma grande inovação tecnológica, é inconcebível que os esforços para recuperar os resíduos plásticos do meio ambiente possam chegar a até 10% das emissões anuais", disseram os investigadores num relatório publicado quinta-feira na revista Science.
Essas descobertas foram reforçadas por outra investigação de um grupo de defesa do meio ambiente de Londres, denominado Changing Markets Foundation. Através da pesquisa, o grupo descobriu que os 10 maiores produtores empresariais de plástico não estavam a cumprir nem mesmo as próprias metas de redução do uso de plástico virgem.
A fundação usou duas auditorias de marca mais recentes do grupo de defesa Break Free From Plastic como base para a pesquisa, examinando os compromissos de reciclagem declarados que estão descritos nos relatórios e verificando o acompanhamento das empresas. O trabalho, disse a fundação no comunicado que acompanha os resultados publicados, incluiu análises de pesquisas, entrevistas com especialistas e grupos não governamentais, fontes da indústria, legisladores e solicitações de documentos governamentais.
Um "case study" envolveu a Coca-Cola, que a Break Free From Plastic repetidamente nomeou como a maior poluidora de plástico do mundo. A fundação descobriu que o relatório de sustentabilidade de 2009 da empresa incluía o compromisso de usar 25% de plástico reciclado nas suas garrafas até 2015, enquanto o seu relatório de 2015 citava 12,5% de conteúdo reciclado ou renovável nas suas garrafas. A Coca-Cola não respondeu a um pedido de comentário.
O relatório também disse que, apesar da retórica em contrário, empresas de bebidas estavam a minar ativamente os esforços de governos para restringir a produção de plástico através de legislação. A Coca-Cola pertence a sete associações do setor que fizeram lobby para bloquear a legislação que exige reduções no uso de plástico virgem.
"As iniciativas e compromissos voluntários da indústria falharam", disse Nusa Urbancic, diretora de campanhas da Changing Markets Foundation. "Os formuladores de políticas devem olhar além da cortina de fumo da indústria."
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