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Da luta racial à ascensão à presidência: a história de Barack Obama

Chega à HBO Portugal um documentário em três partes sobre o percurso daquele que foi o 44º presidente dos Estados Unidos da América. A estreia acontece esta quarta, 4, no dia em que Obama comemora 60 anos.

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04 de agosto de 2021 | Joana Moreira

Obama, sentado num avião, escreve com a mão esquerda. Assim são os primeiros segundos de Obama: In Pursuit of a More Perfect Union, a série documental de três episódios que acaba de aterrar na plataforma de streaming HBO. Cada episódio tem sempre mais de uma hora e meia (perfazendo mais de cinco horas no total) e é carregado de entrevistas com a família, amigos, colegas, críticos, opositores, jornalistas e pensadores – mas nunca Barack. A série documental é realizada por Peter Kunhardt, que já havia feito um documentário sobre o republicano John McCain, que enquanto candidato às presidenciais de 2008 perdeu para Obama.

Barack Obama sentado pela primeira na Sala Oval, na Casa Branca, em 2009, no primeiro dia da sua presidência.
Barack Obama sentado pela primeira na Sala Oval, na Casa Branca, em 2009, no primeiro dia da sua presidência. Foto: D.R

O documentário começa literalmente pelo princípio, com a infância de Barack ("Barry") Obama e a experiência de um jovem filho de uma mãe caucasiana do Kansas e de um pai negro do Quénia. No primeiro episódio relata-se a adolescência no Hawaii, o pai ausente, os anos na Indonésia, a formação, primeiro na Universidade de Columbia, depois em Harvard, a vida em Chicago, o interesse por direitos civis, o ativismo, a mobilização política. Mas é o debate racial que domina o cerne deste Obama: in Pursuit of a More Perfect Union.

Barack Obama, ladeado por Joe Biden, vice de Obama e hoje atual presidente dos Estados Unidos da América.
Barack Obama, ladeado por Joe Biden, vice de Obama e hoje atual presidente dos Estados Unidos da América. Foto: D.R

Fala-se da simbologia de um homem negro ocupar o lugar o cargo mais alto do mundo, da importância que tem a abertura dessa porta, de quebrar barreiras, de dar o exemplo. Mas também se explora como a postura de Barack Obama no que à história racial diz respeito pode não ter sido suficiente para quem nele depositou altas expetativas. Na corrida à Casa Branca usou os seus discursos para aludir a uma aspiracional América inclusiva, não se desvinculando da comunidade afro-americana, mas querendo demarcar-se da figura de "candidato negro". "Estou enraizado na comunidade afro-americana, mas não sou definido por ela. Estou confortável na minha identidade racial, mas ela não é tudo o que sou", disse Obama numa entrevista. Pensadores sugerem que o objetivo do tom agregador fosse para não perder eleitorado.

Barack e Michelle Obama no elevador para a sua residência privada, na Casa Branca, em 2009.
Barack e Michelle Obama no elevador para a sua residência privada, na Casa Branca, em 2009. Foto: D.R

Há hoje o reconhecimento evidente da candura que foi, em 2008, falar de uma América pós-racial com a eleição de um presidente negro. E isso sente-se a cada entrevistado, que por vezes, com tristeza notória, recorda um tempo que, não tendo sido tão longínquo assim, parece. Ao longo dos episódios, a reflexão sobre o passado e o presente da identidade nacional da América é constante. Mais do que se ficar pelo simbolismo da eleição do primeiro presidente negro da História dos Estados Unidos da América, o documentário passa por episódios marcantes da carreira política de Obama, deste a polémica sobre a sua naturalidade (alimentada por Donald Trump) ate à intervenção de um senador que o acusou de mentir, passando pelo triste episódio da morte de Trayvon Martin, o jovem de 17 anos que foi assassinado perto de casa. Antes de George Floyd ter catapultado a conversa a um nível global, o tema da violência policial e da discriminação racial já merecera palavras de Obama.

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