Como será o mundo em 2045?
Tudo o que precisava era de um boost de boa disposição? Há um conjunto de emoções disponíveis online para que o seu dia não seja prejudicado pelo seu humor. E esta é apenas uma das conjecturas acerca do que será o mundo daqui a 25 anos.
Está uma bonita manhã de primavera de 2045. Não há despertador, mas nem por isso você deixa de se levantar à hora certa. Está mais do que programado para tal, qual relógio biológico. Dirige-se, como já é habitual, à casa de banho, onde um espelho fará um check-up à sua pulsação e à sua pressão sanguínea. Uma escova de dentes ultra-sónica examina e analisa a sua saliva, enquanto uma balança embutida no chão verifica o seu peso – quer queira quer não, todos os dias será lembrado do quão mais gordo está ou, ao invés, dos fantásticos resultados conseguidos graças àqueles cuidados que está programado a ter. A sua casa de banho analisará, portanto, todo o material corporal emitido e todos os dados serão verificados, considerando as actividades registadas no dia anterior, incluindo a ingestão de alimentos e de bebidas. Lavado e vestido, a rotina segue até à cozinha, onde, já de acordo com os dados registados na casa de banho, terá à sua espera o pequeno-almoço ideal para si. Este, claro, procurará responder às suas necessidades específicas daquele dia, adaptando-se igualmente às actividades desenhadas para aquela jornada que, entretanto, já foram emitidas pelo seu diário e sistema de mensagens. Tudo será ajustado de acordo com a sua conveniência e, no momento em que sair de casa, sentir-se-á fresco e energizado, pronto para enfrentar mais um dia.
"[Em 2045] praticamente tudo acerca de si será monitorizado, analisado e respondido por sensores e objectos do dia-a-dia que se encontram conectados", prognosticou Peter Cochrane, futurista, empresário, consultor de negócios e de engenharia a nível de empresas internacionais e de governos, no The Telegraph num artigo que prevê como será a vida em 2045. E se tudo isto nos parece estranho, preparemo-nos para o muito mais que estará por vir. Nesse artigo, Richard Watson, futurista, escritor e fundador da revista online What’s Next, vaticina que todos os nossos sentimentos e estados de espírito poderão ser lidos pelo nosso telefone, pelo nosso carro ou pela nossa casa. Se, por acaso, naquela soalheira manhã primaveril de 2045 acordou com um feitio de cortar à faca, não se preocupe. As máquinas ao seu redor terão a preocupação (e a aptidão) de se adaptar ao seu estado emocional. "Tal será feito através de uma ‘colheita’ de expressões faciais, da linguagem corporal, da frequência cardíaca, da voz e por aí adiante. Se estiver a digitar um texto no computador, por exemplo, e a máquina considerar que está a escrever de uma forma veloz e agressiva, então o próprio computador pode decidir que se encontra stressado e concluir que aquela não é a melhor altura para ler e-mails de cariz negativo", desenvolve o especialista. E mantém a previsão: "Se estiver a conduzir um carro e o mesmo considerar que se encontra raivoso e a conduzir de uma forma insegura, ele pode adaptar-se para tornar a condução mais segura. Por outro lado, uma loja pode usar essa mesma tecnologia para descobrir quando os clientes estão mais propensos a gastar, incluindo comprar coisas que eles provavelmente não querem (ou não precisam)." Mas façamos aqui uma ressalva, pois o cenário relatado implica que o condutor guie o seu próprio carro. Porém, tal não será necessário e esta é uma boa notícia para quem detesta guiar ou para quem nunca tirou a carta. É que os automóveis do futuro não precisarão de um condutor. Serão, portanto, automáticos. O mesmo significa também que, para muitos, a condução será apenas um passatempo ou uma espécie de desporto. Num artigo publicado no site da BBC, Sven Beiker, director administrativo da Silicon Valley Mobility, consultoria de mobilidade e empresa de consultoria em Silicon Valley, desenvolve este tópico: "O automóvel, em 2050, será autónomo. As empresas estão a trabalhar em conceitos que permitem que os carros circulem pela estrada sem intervenção do motorista. Há o Super Cruise, da General Motors, que controla o veículo em longos trechos de rodovias quando não há muita coisa a acontecer. Depois, há o Traffic Jam Assistant, da BMW, em que os carros se movem numa área de tráfego congestionado como um cardume de peixes. Ou ainda o Road Train, do projecto European Satre, que inclui a Volvo, onde um veículo com motorista profissional lidera um pelotão de outros veículos conectados virtualmente e seguindo como pérolas ao longo da rodovia. Os motoristas podem agora trabalhar ou descansar. E, quando o carro chega ao seu destino, ele pode estacionar numa estrutura de estacionamento de alta tecnologia."
De volta à sua rotina, as novidades do amanhã não se ficam por aqui. Vamos parar para almoçar. Apetece-lhe algo vegan? Ou o que queria mesmo era o chamado bom bife? Pasme-se, pois aliar estes seus dois desejos, em tempos incompatíveis, será possível e já em 2040. O reconhecido futurologista europeu Ray Hammond explica ao jornal The Sun como tal será possível: "No futuro teremos carne cultivada em fábricas, o que não implicará um animal vivo. Os hambúrgueres já foram produzidos e consumidos em laboratório e em 2040 até 40% das carnes serão artificiais ou substitutas, como as plantas. Tudo será projectado para parecer, saber e cheirar a carne verdadeira." Satisfeito? Se respondeu negativamente, aconselho a dirigir-se ao restaurante mais próximo, aquele em que poderá pedir comida impressa em 3D. Vai uma pizza? Continuemos, pois, a relatar o seu soalheiro dia de uma Primavera vivido nos próximos 25 anos – assumindo, desde já e contrariamente àquilo que o clima nos tem brindado, que esta meia-estação ainda existirá. De repente, ocorreu-me que ainda não foi citada a sua profissão. É médico e, como tal, ainda não tem superpoderes. Mas nada tema. De acordo com Mahadev Satyanarayanan, professor na Universidade Carnegie Mellon, "um cirurgião ou uma enfermeira que estejam a cuidar de um paciente terão um anjo no seu ombro que olha por todos, oferecendo orientação quando o médico ou a enfermeira tenham cometido um erro ou estejam prestes a cometer". Anjos. Leu bem, anjos.
Ser não tão humano assim
Traçado o cenário, tudo indica que estaremos perante um mundo perto do perfeito. Paula Boddington, pesquisadora sénior da Universidade de Oxford, não tem tanta certeza: "Há projecções de que este será um mundo fantástico, em que nos livraremos da pobreza e em que todos viveremos, de certa forma, num tipo de situação harmoniosa… Teremos a tecnologia na ponta dos dedos, é certo, mas há outras projecções que demonstram como o desenvolvimento da Tecnologia pode originar estados de desemprego em grande escala e levar mesmo a que as pessoas sejam destronadas pelas próprias máquinas. Nós poderíamos, eu acho, alcançar um mundo muito melhor onde as pessoas pudessem viver uma vida mais humana, como resposta a essa tecnologia. Porém, eu também acredito que se não formos nessa direcção poderemos ter um futuro muito, muito distópico", assevera. Rand Hindi, CEO da Snips, considera ser muito difícil prever o futuro: "O que eu tenho certeza é que nunca será só uma inteligência artificial, mas que serão antes interfaces cérebro-máquina que nos permitirão, como humanos, combinar a nossa inteligência horizontal com as capacidades verticais de execução da inteligência artificial. Porque uma combinação dos dois é muito melhor do que qualquer um deles a funcionar sozinho."
Com tanto alarido em torno das máquinas e da tecnologia, e na certeza de que se adivinha um futuro automatizado, a questão que se coloca é tão pura e simplesmente onde param as emoções. Onde fica o coração, no meio de tantos engenhos. Deixará de haver lugar para o sofrimento? De acordo com as previsões publicadas no The Sun, em 2040 (daqui a nada mais do que 22 míseros anos), "as pessoas vão-se apaixonar por parceiros robôs, o que terá um impacto nos relacionamentos. Como temos o hábito de ver características humanas em objectos inanimados e com a tecnologia dos robôs cada vez mais avançada é inevitável que algumas pessoas se juntem a estes. Os casamentos tornar-se-ão mais raros com apenas um em cada dez britânicos a dar o nó. A promiscuidade rebentará a escala à medida que as atitudes sociais se tornarem mais relaxadas. Em média, as mulheres têm, hoje, nove parceiros sexuais durante a vida e os homens têm 11 – espera-se que os números subam até 100 parceiros para as mulheres e 200 para os homens", deslinda o futurologista naquele artigo.
Ainda no campo das emoções, Alex Ayad, da Tech Foresight do Imperial College London, revela que irá ser possível comprar emoções de elevada qualidade no online: "Experiências de partilha de emoções serão o último grito em 2045. Imagine que a sua amiga, em Glastonbury, posta uma foto no Instagram e, com a imagem, uma leve brisa daquilo que ela está a sentir naquele preciso momento chega até si para que também possa participar emocionalmente daquela experiência. Recentemente, técnicas de estimulação cerebral directa, como a optogenética (técnicas que combinam luz, óptica, genética e bioengenharia permitem o estudo de circuitos neuronais e de comportamentos actuando em células específicas), tornaram possível não apenas ler, mas também escrever informações em neurónios individuais. No momento em que as taxas de transferência de dados ainda são muito lentas, o melhor que podemos fazer é conseguir alguns bits por segundo, mas isso pode aumentar para quilobit ou atingir velocidades de banda larga até 2045. Isso significa que a gama de percepção humana pode-se expandir além da sua actual limitação de design. Poder-se-ia prever um mundo novo e extraordinário, onde existe um mercado virtual para trocar emoções de alta qualidade – onde artistas que buscam um misto de melancolia de alta intensidade, ou actores que precisam de canalizar remorso ou compaixão para a próxima peça, poderiam comprar emoções online", conclui. No momento em que até as emoções forem controláveis, onde fica o termo humano no "ser-humano"? Seremos capazes de viver numa realidade perfeitamente alinhada e organizada mas, incontestavelmente, crua e fria? Provavelmente não teremos outra alternativa senão adaptarmo-nos a ela. Nada que umas férias na Lua ou em Marte não resolvam.As boas maneiras ainda importam?
O que é mais importante? Saber o que fazer com os talheres à mesa ou resistir e não mexer no telemóvel? Ou será que, hoje em dia, as regras de etiqueta já não fazem sentido?
O ator sem meias tintas que está a mudar Hollywood
Depois do seu papel revolucionário como o primeiro stormtrooper negro da saga Guerra das Estrelas e das críticas muito positivas no Old Vic, John Boyega é uma das maiores exportações da representação britânica. No entanto, a sua educação rigorosa de Peckham mantém-lhe os pés assentes na terra e ajuda-o a definir um novo tipo de fama.
O primeiro jantar às cegas Beyond Vision chega ao Blind, no Porto, já no dia 23 de novembro.
Com uma seleção cuidada de peças de renome, torna-se um ponto de referência na cidade de Lisboa para amantes de interiores, combinando estilo e funcionalidade com um toque de exclusividade.
O Mateus Rosé celebra 80 anos com uma enorme quantidade de fãs, entre políticos, astronautas, estrelas de rock e a própria Isabel II, que subiu ao trono uma década depois do nosso Mateus ter sido lançado, em 1942.
Aquela palavra de que ninguém gosta anda de novo nas bocas do mundo: crise. Nas bocas e nas barrigas, porque esta não é uma qualquer, é a crise da restauração. E o encerramento de dois eminentes restaurantes de Lisboa deu origem a um debate tão interessante quanto urgente. Conversa com Leopoldo Calhau, Vítor Adão e Hugo Brito.