Barolo ganhou o campeonato mundial das vinhas de luxo: um hectare custa 1,9 milhões de euros
As vinhas de Barolo, na região de Piemonte, Itália, chegaram ao primeiro lugar em valor por hectare, deixando França e Estados Unidos para trás. A conclusão é do recente estudo sobre riqueza global da consultora imobiliária inglesa Knight Frank.

O The Wealth Report (relatório sobre riqueza mundial) de 2025, lançado em março pela consultora imobiliária inglesa Knight Frank, refere-se, entre outros assuntos, ao desempenho dos mercados vitivinícolas em todo o mundo. O ranking das vinhas mais caras do mundo atribui o primeiro lugar aos terrenos onde se faz o vinho Barolo, que é também o nome de uma pequena povoação na região vinícola italiana de Piemonte. Segundo o documento, cada hectare dedicado à produção do Barolo, vinho tinto produzido apenas com a casta Nebbiolo, vale quase 1,9 milhões de euros. A seguir, com um valor de 1,12 milhões por hectare, está Margaux, na região de Bordéus, em França e, no último lugar do pódio, a área de Rutherford, na zona de Napa Valley, a atingir pouco mais de um milhão de euros.
Portugal fica muito aquém destes valores. Segundo a consultora Quintela e Penalva, parceira portuguesa da Knight Frank, tem havido uma elevada procura por quintas no Douro e na região dos Vinhos Verdes, mas os valores por hectare estão longe dos preços praticados nas regiões mais famosas do mundo. A consultora portuguesa refere que, "dependendo da localização e do património edificado, o valor por hectare nestas regiões varia muito, podendo ir dos 10 mil aos 30 ou 40 mil euros por hectare".
O Wealth Report 2025 analisa as tendências globais de investimento e a evolução dos comportamentos de investidores privados e das chamadas "family offices", empresas que gerem o património de famílias. No relatório pode ler-se que, apesar da incerteza do mercado, prevê-se que o PIB mundial cresça e, quanto ao setor imobiliário de luxo, antecipa aumentos de preços em 2025.
Vinho de coleção
O relatório publica uma sondagem com pessoas entre os 18 e 35 anos com grande capacidade financeira que, inquiridas sobre os ativos luxuosos que mais gostariam de ter, colocam no topo os imóveis e carros de luxo, seguidos de jatos privados, coleções de arte e super iates e, finalmente, uma coleção de vinhos. Sobre o desempenho dos mercados vitivinícolas em todo o mundo, Andrew Shirley, que colaborou com a Knight Frank no relatório, aponta um contexto de consumo em declínio, que desceu 12% desde o pico, 2007, e a baixa de produção, em cerca de 20%. Refere que as zonas com vinhas que fazem uvas a granel e produtores em grande escala são as mais expostas. Por exemplo, caíram os preços na Nova Zelândia, no Chile e na Argentina, esta última onde muitas vinhas foram substituídas por produção de legumes. Ainda segundo o The Wealth Report, os valores das principais vinhas de Napa Valley, nos Estados Unidos, desceram, assim como o mercado australiano, que já tinha sido duramente castigado pela imposição de tarifas do governo chinês durante uma disputa comercial. Em 2019, a Austrália exportava 1,4 milhões de dólares para a China e as vendas caíram praticamente para zero em 2023. As tarifas foram levantadas em abril de 2024, mas o mercado ainda não recuperou.
Porém, o relatório aponta para uma grande variação dos valores das vinhas, mesmo em regiões relativamente pequenas. Pequenas produções parecem estar a resistir melhor do que empresas de média dimensão. Andrew Shirley dá o exemplo de North Fork, em Long Island, junto a Nova Iorque, como uma pequena área produtora de vinho "com uma boa história para contar", que provou ser resiliente face às pressões globais. O texto salienta que muitos daqueles que compram vinhas são financeiros de sucesso que procuram fontes de investimento e lifestyle.
Champanhe sempre em alta
O relatório sobre riqueza não esqueceu França, que caracteriza como apresentando valores muito variáveis. Refere que o preço médio do hectare de vinha ronda os 150 mil euros em zonas com Denominação de Origem (DO), mas desce para 15 mil em locais sem DO. O documento aponta Bordéus, onde as vinhas mais famosas podiam ser facilmente vendidas por mais de um milhão de euros, mas raramente aparecem no mercado. Segundo o estudo, a região de Champagne, apesar de produzir grandes quantidades de vinho, parece imune à recessão mundial, e o valor das vinhas está aqui a subir.
Mais a sul, em Espanha, as principais zonas produtoras de vinho, como La Rioja, sofrem com a sobreprodução. Mas o documento dá conta de uma distinção entre o mercado das adegas, algumas das quais à venda, e as vinhas propriamente ditas, que se mantêm nas mãos das mesmas famílias há anos, pelo que o preço do hectare não tem sofrido alterações. A análise da Knight Frank refere que a procura por adegas em zonas especializadas em vinho branco, como a Galiza, está em alta, com interesse local e internacional, incluindo latino-americanos.
Nada está como antes
Outra questão em cima da mesa são as alterações climáticas, que o relatório não descura e que têm vindo a alterar o panorama vinícola mundial. Se há novos locais para plantar vinho, os preços sobem, como é o caso da Inglaterra. O aumento das temperaturas médias amplificou a área de cultivo, como em Kent, onde se produz sobretudo espumante, mas também em Essex, onde se fazem experiências com diferentes variedades de uvas para criar vinhos tranquilos e onde o hectare já ultrapassa os 100 mil euros. Em Portugal, João Pinto Marques, da equipa da Quintela Penalva salienta que "as pessoas estão à procura de terrenos para projetos de sequestro de carbono em simultâneo com vinhas — e têm-se feito grandes negócios".
Andrew Shirley conclui a análise à situação dos mercados do vinho com a ideia de que, com a Geração Z, alegadamente a mais tímida de sempre em termos de álcool, com as condições climatéricas a tornarem-se cada vez mais erráticas e com um entusiasta das tarifas a residir na Casa Branca nos próximos quatro anos, "avizinham-se tempos interessantes para os produtores de vinho e vinhedos em todo o mundo". Interessantes talvez seja um eufemismo.
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