Roteiro pelas novas capitais da Moda
Nova Iorque, Milão, Londres e, claro, Paris são as capitais de Moda consagradas. Mas a globalização do mercado e a procura da novidade fazem emergir novos epicentros de moda em cidades surpreendentes e recheadas de novidades.
O cosmopolitismo está em Nova Iorque. A paleta de cores mais ampla e divertida vê-se em Milão, a criatividade aliada ao savoir-faire reside em Paris e os melhores fatos do mundo estão em Londres. Não há como contornar as quatro grandes capitais da moda onde os ícones de estilo e os criadores de tendências se cruzam. As grandes lojas das melhores marcas, os armazéns de luxo e os exclusivos ateliers de roupa sob medida são obrigatórios em qualquer uma destas cidades. Teremos sempre Paris e qualquer uma das outras cidades, mas que outros destinos estão neste momento na mira de quem gosta de moda e design aliados a um bom passeio?
Copenhaga
Desde 2009 que a capital da Dinamarca tem a sua marca no calendário da moda com o Copenhagen Fashion Summit. O encontro reúne a elite da moda internacional (como criadores, empresários, clientes, jornalistas, professores e estudantes) para discutir a sustentabilidade e já é conhecido como o "Davos da indústria da moda". A abertura do evento cabe sempre à princesa Mary e a próxima edição está marcada para os dias 15 e 16 de Maio de 2019. À parte deste evento, as semanas de moda de Copenhaga acontecem em Fevereiro e Agosto. O preto e as cores neutras são a base da paleta cromática de vestuário nas ruas de Copenhaga e a imprevisibilidade do tempo aconselha a looks construídos com camadas de roupa. A Dinamarca traz a elegância e a simplicidade da estética nórdica para perto do centro da Europa, com muitas sugestões para expandir conhecimento nas áreas do design e da arquitectura.
Para passear…
Strøget é a rua mais importante da cidade, ideal para passear a pé e fazer compras, e reúne as marcas de mass market e os nomes internacionais da moda. Agora que Copenhaga está no mapa do roteiro gourmet, o chef René Redzepi abriu o Noma 2.0 em Fevereiro deste ano. E é quase obrigatório dar um salto a Nyhavn, a zona da cidade com os edifícios coloridos à beira-rio, perfeita para deixar uma memória no Instagram.
Seul
O site Mr. Porter fez uma lista dos locais a visitar, em 2017, e em primeiro lugar estava a Coreia do Sul. Mais do que visitar um só local, a sugestão é alugar um carro e passear pelo país sem deixar de passar por Seul, uma cidade a dar cartas na moda e na gastronomia. No que toca à moda, a GQ britânica escreveu que nos últimos quatro anos a semana de moda de Seul tem ganhado o seu espaço, justificando a ida de editores e compradores até ao outro lado do mundo para assistir aos desfiles. A publicação destacava as cinco marcas mais entusiasmantes: Supercomma B, Munn, Blindness, D-Antidote e Beyond Closet. A cidade coreana considerada UNESCO City of Design, em 2011, foi palco da Conferência Internacional do Luxo da Condé Nast, em 2016, e tem um espaço próprio da famosa cadeia de lojas italiana 10 Corso Como Seoul, fundada por Carla Sozzani. Depois de ser palco dos Jogos Olímpicos, em 1988, e de alguns jogos do Campeonato do Mundo de Futebol, em 2002 (com o Japão), a cidade está em constante renovação e talvez seja isso que a torna atractiva para uma visita.
Antuérpia
A cidade belga já tem o seu próprio lugar no roteiro de moda com uma escola e um museu de estatuto internacional. Do departamento de moda da Royal Academy of Fine Arts Antwerp saíram nomes como Raf Simons, Dries Van Noten, Ann Demeulemeester, Martin Margiela e Demna Gvasalia. Alguns destes fizeram parte do grupo de seis alunos da turma que se formou no ano lectivo de 1980/81 e que ficou conhecido como "Os seis de Antuérpia" pelas carreiras que construíram na moda internacional. O MoMu é o Museu da Moda de Antuérpia e tem a maior colecção de moda belga contemporânea. A primeira exposição do museu foi apresentada em 2002 e desde então tem duas exposições temporárias por ano e há uma grande aposta na cenografia de cada exposição para proporcionar uma verdadeira experiência ao visitante. E tem-se afirmado como referência nas exposições de moda internacionais. Nos anos mais recentes organizou retrospectivas de Stephen Jones, Madame Grés, Dries Van Noten e Olivier Theyskens, entre outras exposições.
Para passear…
A Nationalestraat é a rua das lojas e influenciou toda a zona com cor e criatividade. Na cidade estão a nascer várias concept stores (como The Recollection ou Houben) e vale também a pena ir ver o edifício do porto de Antuérpia, da arquitecta Zaha Hadid. Além de moda, a cidade onde Rubens viveu tem muitos museus para visitar. A casa do próprio pintor tornou-se um museu: Rubenshuis. Mas há ainda o Museu Rockoxhuis, com a colecção privada de um antigo presidente da Câmara de Antuérpia recheada de nomes fortes, ou o Muhka, o Museu de Arte Contemporânea. E para sentar a comer ficam duas sugestões: o t’Zilte é um restaurante estrelado e tem uma das melhores vistas de Antuérpia e The Jane, sobre o qual a revista Traveller disse ser "the hottest table in town". Mas talvez seja melhor apostar na sobremesa: afinal, a Bélgica é famosa pelo seu chocolate. Para os aventureiros, a App Fashion in Antwerp dá uma ajuda.
Los Angeles
Cada vez que há uma festa de cinema, Hollywood torna-se um epicentro de moda. E se Los Angeles fosse realmente uma capital de moda? O jornal online The Business of Fashion decretou mesmo que LA é "a quinta capital da moda". Em 2012, Hedi Slimane levou para lá o estúdio da Yves Saint Laurent quando era director criativo da marca francesa. Tommy Hilfiger organizou em LA um desfile, em 2017, Tom Ford mudou para esta cidade a equipa de design da colecção de mulher e é lá que Jeremy Scott está baseado. Estar perto da indústria cinematográfica e da efervescência social e cultural da cidade pode ser importante para as marcas e Los Angeles até já tem a sua própria semana de moda.
Para passear…
Se os filmes e as séries de televisão ainda não despertaram curiosidade por Los Angeles, talvez a melhor abordagem numa primeira visita seja um passeio a pé para sentir o ritmo da cidade e, quem sabe, encontrar alguém famoso! Para uma pequena pausa sugerimos o restaurante Otium, mesmo ao lado do novo museu de Arte Contemporânea: The Broad, fundado pelo casal de filantropos Eli e Edyth Broad para ser a casa da sua colecção de arte.
Estocolmo
O design é uma das imagens de marca dos países escandinavos. Simplicidade e funcionalidade encontram-se tanto no design de produtos como na moda. Na capital sueca, a H&M e a Acne ganham um novo estatuto e os originais nomes de designers dos produtos da Ikea estão em casa. Estocolmo tem a sua própria semana de moda (em Janeiro e em Agosto) e as marcas de moda têm tanto peso na Suécia e estão de tal forma enraizadas no guarda-roupa de outros países que é seguro dizer que a moda sueca já tem a sua pegada.
Para passear…
Estocolmo é uma cidade cara porque a qualidade é essencial e há muito para explorar. Gamla Stan que é a cidade velha dentro da cidade. O Palácio de Drottningholm que fica localizado na ilha de Lövön e, apesar de ser a residência da família real, tem salas abertas ao público (entre elas, a biblioteca da rainha Lovisa Ulrika, a igreja, o jardim e o teatro, onde no Verão até acontece um festival de ópera). E o Vasa Museum, um navio de guerra do século XVII, único no mundo. A revista Traveller fez uma lista dos restaurantes mais bonitos do mundo e inclui dois em Estocolmo: o Bar Central, onde a protagonista é a cerveja checa Pilsner, e o Woodstockholm que na origem foi uma marca de mobiliário e, por isso, as longas mesas assumem o destaque da decoração e convidam ao convívio.
E na Alemanha?
Porque é difícil definir uma única cidade alemã como referência na moda, talvez seja melhor optar por um circuito. Em Munique está a riqueza e a imprensa de revistas. Em Hamburgo está o estilo, ou não fosse esta a cidade natal de Karl Lagerfeld, há mais de 30 anos à frente da Chanel. Foi, aliás, para esta cidade que voou a elite da crítica de moda para ver o desfile pre-fall 2018 (em Dezembro de 2017) com a apresentação da colecção Métiers d’Arts, que é uma das mais especiais do ano para aquela marca francesa. Em Berlim coexistem a expressão artística e a Semana da Moda. Foi aqui que nasceu tanto a Zalando (2007), que hoje é um dos maiores retalhistas de moda online do mundo, como uma série de concept stores como, por exemplo, a Voo, a Andreas Murkudis ou a The Store. Por último, é para Dusseldorf que rumam os novos talentos para a escola de moda referenciada pelo Business of Fashion, o Fashion Design Institut.
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