Prazeres / Lugares

Passeios de iate e massagens com vinho? Esta é a Madeira em versão de luxo

Roadtrips em carros antigos pela costa sul da ilha, massagens com vinho Madeira ou visitas guiadas a quintas de enoturismo. É difícil escolher, entre as inúmeras atividades requintadas que este destino balear português oferece. Vá agora, decida depois.

Foto: José Afonso
31 de agosto de 2021 | Rita Silva Avelar

Seja verão ou inverno, novembro ou agosto, a Madeira é um destino que nos faz sorrir todo o ano, esteja um tempo mais tropical ou mais atlântico. Até porque num destino como este quase nada se resume apenas só a mar, terra ou ar. Um destino balear que apetece ir todo o ano, a Madeira é um dos encantos de Portugal que muitos ainda desconhecem, e que se antes a viagem para a ilha era um luxo, hoje os voos estão mais democratizados (excepto em épocas festivas como o Natal ou a passagem de ano, sejamos justos, em que devido às festividades os preços dos voos sobem a pique). Mas não é por isso razão que se desista da viagem, até porque, como já dissemos, é possível mergulhar no oceano, fazer trilhos ou passear de t-shirt pelo Funchal nas quatro estações.

Quinta da Casa Branca, no Funchal.
Quinta da Casa Branca, no Funchal. Foto: José Afonso

E há muito que a Madeira deixou de ser associada apenas a Porto Santo. Nesta ilha, há atividades tão luxuriantes como na ilha dourada. No Funchal, por exemplo, esconde-se a Quinta da Casa Branca, uma propriedade histórica erguida em meados do século XIX, que pertenceu à família britânica Leacock descendente de um comerciante de vinho Madeira. Foram eles quem plantaram videiras e bananeiras ao longo de 6 hectares, que hoje podemos apreciar numa simbiose perfeita com as outras espécies exóticas que há na quinta, tais como a exuberante sumaúma, a dombeia, a marcamia e a vigandia, ou os ficus, as bananeiras de jardim, as oliveiras, as árvores de fogo, as chamas da floresta e as araucárias. Passando pela frente do Health Club, deparamo-nos as belíssimas cássias, as abélias, os maçarocos, as aloés, as lágrimas de amor, as estrelícias, ou as glicínias.

Quinta da Casa Branca, no Funchal.
Quinta da Casa Branca, no Funchal. Foto: José Afonso
A vista sinuosa e deslumbrante do Cabo Girão.
A vista sinuosa e deslumbrante do Cabo Girão. Foto: José Afonso

Esta família foi um dos maiores produtores deste vinho até 1925, e ainda hoje há vinho Madeira que leva o nome Leacock. Nos anos noventa, e convencidos por um amigo arquiteto, abriram o hotel, primeira versão da que hoje encontramos nesta morada, que inaugurou em 1998. Em 2002, foram construídos novos quartos, e hoje em dia há duas piscinas e dois restaurantes no hotel. Graças ao arquiteto madeirense João Favila Menezes, esta quinta rompe com a tradição das clássicas quintas madeirenses, exibindo como matéria prima principal dos acabamentos a ardósia, a lembrar o carácter vulcânico da ilha com a sua pedra negra. A paisagem verdejante e o serviço de excelência fazem o resto.

Um Fiat 1928 à entrada da Quinta da Casa Branca.
Um Fiat 1928 à entrada da Quinta da Casa Branca. Foto: José Afonso

Para quem fica alojado na Quinta da Casa Branca durante a passagem pela ilha, é fácil render-se aos vários espaços gastronómicos, como o The Dining Room, às mãos do chef Carlos Magno, sendo que os menus de degustação mudam todos os dias e repetem a cada duas semanas. Entre as sugestões, há pratos como tataki de atum com sésamo e pesto de rúcula, espada em tempura com riso de lapas e funcho ou leitão e porco ibérico BT com milfolhas de batata vitelotte (o preço é de €82 por pessoa com pairing de vinhos, e €70 sem) ou o Garden Pavilion, aberto das 7h30 às 18h, onde também é servido o pequeno almoço.

Um dos pratos do chef Carlos Magno.
Um dos pratos do chef Carlos Magno. Foto: José Afonso

Não muito longe encontramos as piscinas, uma mais recatada, outra mais ampla, ambas uma tentação, sobretudo pela temperatura amena da água. Se não ficar com demasiada preguiça para sair hotel, há uma versão de luxo da ilha à sua espera (o que, prometemos, não é menos irresistível). É disso exemplo a sugestão da Garage Madeira, que propõe um passeio de quatro horas pela costa sul da ilha num carro antigo como um Fiat de 1928, com passagem prometida por locais tão idílicos como Ponta do Sol, Ribeira Brava ou Câmara de Lobos, até à Calheta.

Fiat de 1928, que faz o passeio pela costa sul da ilha.
Fiat de 1928, que faz o passeio pela costa sul da ilha. Foto: José Afonso

Se optar por sair de terra, faço-o a bordo do iate 3M's de Pedro Mendes Gomes, da Rota dos Cetáceos, que promete levar os tripulantes em aventuras por mar, com uma vista deslumbrante sobre a costa da ilha, incluindo mergulhar em águas azul turquesa e quem sabe fazer snorkeling para avistar os peixes no fundo do mar, entre os ansiados mergulhos. Este programa inclui almoço a bordo com petiscos da região de onde parte o iate, que é o Caniçal, tais como salada de polvo, atum de escabeche ou camarões frescos. Com sorte, avistam-se golfinhos e baleias, e há até um programa que permite que nade com os primeiros. 

Uma refeição a bordo do 3M's.
Uma refeição a bordo do 3M's. Foto: José Afonso
Passeio de barco com a Rota dos Cetáceos.
Passeio de barco com a Rota dos Cetáceos. Foto: José Afonso

Já em terra, seja para amantes de vinhos convictos ou apenas curiosos, um Full Day Wine Tour com a Discovering Madeira é uma excelente opção para ficar a conhecer melhor a história do vinho da Madeira, tal como as curiosidades que Sofia Maul, contadora de histórias, vai desvendando ao longo do caminho, intercalando as experiências vinícolas com histórias sobre os costumes, as gentes e a arquitetura da ilha.

A vista deslumbrante da ilha, durante a Wine Tour.
A vista deslumbrante da ilha, durante a Wine Tour. Foto: José Afonso
Os passeios de barco da Rota dos Cetáceos.
Os passeios de barco da Rota dos Cetáceos. Foto: José Afonso

Neste tour inclui-se, por exemplo, uma visita à Blandy's Madeira, um negócio que vai na sétima geração, e que se inicia quando John Blandy chega à ilha em 1808, até aos dias de hoje, com a produção própria e as provas a acontecerem no edifício original, no Funchal. Seguimos para um almoço típico e uma visita guiada na Quinta do Barbusano, que pertence a São Vicente, no Norte da ilha, onde está uma das maiores áreas de vinha plantada na Madeira. António Oliveira e Freitas, produtor e proprietário, faz as visita, acompanha a prova e confecciona o almoço, com uma simpatia desarmante que nos faz querer passar aqui o dia, rodeados de verde e de bons vinhos.

Maravilhoso pudim de maracujá na Quinta do Barbusano, uma receita de família.
Maravilhoso pudim de maracujá na Quinta do Barbusano, uma receita de família. Foto: José Afonso
As vinhas da Quinta do Barbusano, São Vicente, Madeira.
As vinhas da Quinta do Barbusano, São Vicente, Madeira. Foto: José Afonso
Todos os vinhos da Quinta do Barbusano.
Todos os vinhos da Quinta do Barbusano. Foto: José Afonso

Não menos surpreendente é a acolhedora casa onde Duarte e Sofia Caldeira, pai e filha, recebem os mais curiosos acerca dos seus vinhos e espumantes Terras do Avô (estes últimos, várias vezes premiados, incluindo medalha de ouro no concurso Brut Experiences), que são produzidos com uvas de produção própria e algumas adquiridas a pequenos agricultores da zona do Seixal, pertencente a Porto Moniz. Aqui, é possível fazer provas e comer os deliciosos petiscos que Sofia e a mãe preparam. 

A família por detrás do vinho Terras do Avô, no Seixal.
A família por detrás do vinho Terras do Avô, no Seixal. Foto: José Afonso

Outro dos programas que inclui vinho, no caso o vinho Madeira, são as massagens com este elíxir no spa do The Vine Hotel, no Funchal. Com propriedades rejuvenescedoras incríveis, a massagem com o vinho Madeira deixa a pele suave, hidratada e proporciona momentos de puro relaxamento e bem-estar. Uma massagem de 50 minutos custa €75, e vale todos os cêntimos.

Um dos pratos servidos no The Wanderer.
Um dos pratos servidos no The Wanderer. Foto: José Afonso

No fim, a sensação de levitar faz-se acompanhar de um boost de energia para o programa da noite, que eventualmente pode ser vivido no The Wanderer, também no Funchal. Este restaurante é uma ideia criativa do chef Selim Latrous, meio suíco, meio tunisiano, que nunca antes tinha cozinhado até chegar ao The Wanderer. Ninguém diria, pela experiência de fine dining que proporciona, rica em técnicas exóticas e sabores madeirenses. A ementa é sempre surpresa e muda com frequência, tal como os clientes: há uma única mesa no restaurante que junta no máximo seis a sete desconhecidos num jantar que se adivinha autêntico e irrepetível. Para beber um copo? Siga em direção ao mar, que todos os caminhos hão-de ir dar ao Avista Restaurant & Lounge, na estrada Monumental, se assim o desejar. Com uma vista esplendorosa sobre o Atlântico, aqui brinda-se com classe e também se pode petiscar. Comer, passear e bebericar é, afinal, um dos lemas da Madeira.

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