Ocean: a caminho da terceira estrela Michelin?
Com um novo menu baseado nas viagens do chef Hans Neuner pela Ásia, na rota dos descobrimentos portugueses, o restaurante algarvio Ocean traz para a mesa uma mestiçagem de sabores absolutamente genial. Para provar antes que lhe subam uma estrela…
Dizem que os olhos também comem, mas no Ocean prepare-se para um banquete visual que começa mal se põe pé no restaurante e somos recebidos pela vista magnífica da sala aberta para o oceano. Continua quando nos sentamos à mesa, e reparamos nos guardanapos mais bonitos, com a figura de um sumotori num dos lados, e uma linda atriz de Kabuki em trajes tradicionais do outro. Da melhor Street Art, a fazer-nos duvidar se vamos, em algum momento da refeição, chegar a usá-los. Os guardanapos são também a primeira indicação de que algo está diferente…
Nos últimos anos, a carta do Ocean tem navegado ao sabor das viagens do chef, o austríaco Hans Neuner, pela rota dos descobrimentos portugueses e pela forma como, depois, cruza essas inspirações com os produtos mais frescos e locais. A última incursão foi por terras de Vera Cruz (o Brasil, para os mais distraídos nas aulas de história), mas agora voou para algo mais interessante, até aos sabores e texturas da culinária asiática. De Banguecoque ao Japão, passando por Macau, Seul e outros lugares, o menu tem tudo de surpreendente, de delicioso e, lá está, de bonito. Isso é bem evidente na manteiga infusionada com molho de soja envelhecido, servida em forma de peças de mahjong e em velhas caixas do jogo, que o próprio chef comprou na viagem. Numa flor de lótus colorida, esta feita à mão, em metal, aqui mesmo, e que serve para acolher um Caranguejo Real com molho holandês de Ponzu e Ovas de Truta. Nos gelados de Wasabi em forma de leques japoneses coloridos ou nos Dancing Shrimps, com caviar Imperial, Camarão da Costa, Coco, e Combava, um cítrico asiático. Tudo muito especial.
"Foi uma experiência incrível visitar estes lugares" conta Hans Neuner. "É um verdadeiro desafio tentar recriar a experiência, mas também garantir que captamos a história, a mistura da cultura portuguesa e asiática, a forma como influenciaram a comida e a história de cada uma delas". Porque se "tratava efetivamente de comércio, troca de produtos, mas também de ideias, pelo que temos de mostrar que a ligação entre estas pessoas mudou para sempre a alimentação em todo o mundo."
A viagem até começou por Banguecoque, que Hans se habituou a visitar desde pequeno. Nesta incursão, levou a sua equipa aos mercados e a provar a comida de rua com o melhor guia possível: Deepanker Khosla, hoje chef do Haoma, restaurante com estrela Michelin, mas que começou carreira precisamente nessas ruas, numa carrinha de comida que ele próprio conduzia. Seguiu-se Macau, onde a presença portuguesa ainda se nota ao ponto de, em alguns locais, terem tido a impressão de que entravam numa tasca lisboeta. Foi por lá que provaram uma carne de porco ibérico num sumo de laranja envelhecido por 20 anos, que elegeram como o melhor prato da viagem. Uma prova inequívoca da miscigenação culinária que pretendiam trazer para este menu. A seguir Seul, e os churrascos onde se come à volta de uma mesa com um grelhador no meio e onde provaram centenas de kimchi diferentes e, no final, o Japão, para onde Portugal levou as espingardas, os rebuçados, o pão de ló e a tempura − técnica que perdura até aos dias de hoje. A equipa deixou-se influenciar para lá do estritamente gastronómico e foi ver lutas de sumo, peças de Kabuki ou simplesmente passear por cidades onde as tradições ainda se mantêm em harmonia com a extrema modernidade.
O resultado de tudo isto foi esta ‘Expedição pela Ásia’, um menu de 14 momentos e que inclui ainda pratos como Ruas de Macau (com anchovas, gengibre e amendoim), Peixinhos da Horta (com peixe-rei, feijão verde, tempura e cogumelos morchella), Tokyo Drift (com robalo, gyoza de lavagante, kombu e bróculos) ou Uma Noite em Banguecoque (com linguado, couve-rábano e pimenta Kampot).
O menu vai manter-se até ao final do ano e será, também, o último desta era das nossas descobertas. O que virá em seguida não sabemos, mas é sem dúvida um final com chave de ouro que nos faz pensar se a segunda estrela – conquistada em 2011 – já não fica curta ao restaurante bandeira do Vila Vita Parc… No final ficou apenas um arrependimento: não termos trazido "discretamente" o guardanapo de recuerdo.
Menu e Maridagem
O Menu ‘Expedição pela Ásia’ tem 14 momentos e um preço de 275 euros por pessoa. Para quem assim o desejar a recomendação de vinhos custa mais 175 ou 360 euros, para quem optar pela recomendação com vinhos muito premium. Cada carteira sua sentença, mas a opção de pairing eleva a experiência com uma variedade de sugestões nacionais e internacionais muitíssimo adequadas a cada prato. Incluindo um sake Heavensake Junmai 12. Entre os vinhos nacionais podemos ter um Porto D’alva 2007, o Fugitivo da Casa da Passarela, um Chão dos Ermitas Castelão, o Anima L7, um branco de ânfora do Morgado do Quintão entre outras. Isto na primeira opção, imaginamos a segunda… Lá de fora chegam sobretudo propostas francesas, austríacas e alemães. Está também disponível outra opção de maridagem, esta com bebidas não alcoólicas por 125 euros.
Onde? Ocean, Vila Vita Parc Resort, Rua Anneliese Pohl, Porches, 8400-450, Portugal.
Libertà: uma experiência italiana em Lisboa
Numa transversal de uma das avenidas mais movimentadas de Lisboa, a Avenida da Liberdade, este espaço, aberto há mais de um ano, está sob a direção do chef natural de Bérgamo, Itália, Silvio Armanni. Com 15 anos de experiência e uma estrela Michelin no restaurante Octavium, em Hong Kong, estivemos nas suas mãos para um almoço muito especial.
Numa transversal de uma das avenidas mais movimentadas de Lisboa, a Avenida da Liberdade, este espaço, aberto há mais de um ano, está sob a direção do chef natural de Bérgamo, Itália, Silvio Armanni. Com 15 anos de experiência e uma estrela Michelin no restaurante Octavium, em Hong Kong, estivemos nas suas mãos para um almoço muito especial.
Com um novo menu baseado nas viagens do chef Hans Neuner pela Ásia, na rota dos descobrimentos portugueses, o restaurante algarvio Ocean traz para a mesa uma mestiçagem de sabores absolutamente genial. Para provar antes que lhe subam uma estrela…
Há qualquer coisa de indistinto em Menorca, mas que faz dela um lugar sem igual. Sim, são as praias e a natureza, o sossego e a comida, mas também as galerias de arte, as caminhadas, os encontros inesperados. Há uma ilha que palpita fora dos pacotes turísticos e dos guias de verão. Um lugar para onde apetece fugir e não mais voltar.
Há qualquer coisa de indistinto em Menorca, mas que faz dela um lugar sem igual. Sim, são as praias e a natureza, o sossego e a comida, mas também as galerias de arte, as caminhadas, os encontros inesperados. Há uma ilha que palpita fora dos pacotes turísticos e dos guias de verão. Um lugar para onde apetece fugir e não mais voltar.