Esta Aldeia de Xisto alberga agora uma pequena comunidade - e um alojamento. Fomos lá
48h na Cerdeira Home for Creativity, um workshop de olaria, uma chanfana feita num forno de lenha e um passeio pela aldeia depois, confirma-se: o silêncio é o melhor amigo nas férias.
De aldeia meio abandonada, ao longo da última década a Cerdeira tornou-se na Cerdeira Home for Creativity, um alojamento local. A poucos quilómetros de Coimbra – 37, para sermos mais precisos – e mesmo ali ao lado da vila da Lousã, é já na Serra que encontramos este pequeno paraíso destinado a receber visitantes que procuram sossego, desconectar-se do mundo e aprender artes manuais como a cerâmica ou a pintura.
Descer e subir – sim, porque há de tudo – a Serra da Lousã pode ter dois moods. De manhã é como uma aventura que não queremos que acabe, que nos faz sentir simultaneamente adrenalina e alegria, de vidros abertos e a rádio no máximo, atravessando a paisagem eucaliptal e cheia de vales acentuados a 700 metros de altitude. De noite, assemelha-se a um filme de terror, de tão sinuosas e estreitas são as estradas. Em todo os casos, se os caminhos forem dar à Cerdeira - Home for Creativity, a chegada é sempre cinematográfica. Esta uma aldeia histórica faz parte das afamadas Aldeias de Xisto (é uma das atuais 27), e vista de longe parece uma miragem. Em 2012, arrancou aqui o projeto Cerdeira Village que, em 2018, se transformou na Cerdeira – Home for Creativity, e que hoje tem cerca de 30 funcionários - que embora não durmam no sítio, vão e vêm.
Com 10 casas recuperadas a mandado de José e Natália, atuais proprietários, todas elas são feitas com base no método de construção tradicional, respeitando as regras de preservação do património – Casa do Vale, Casa da Árvore, Casa das Estórias, Casa do Mel, Casa da Azeitona, Casa das Vizinhas, Casa das Escadas, Casa do Forno, Casa da Janela, e Casa do Sol. A somar a estas, há ainda uma Casa da Aldeia, com quartos partilhados, uma espécie de residência complementar a quem vem fazer os cursos na Escola das Artes, deque falarei adiante. Fico na Casa do Sol, decorada por João Gomes, ceramista de Sintra, que tem uma paixão particular por portas de madeira antigas. Assim, todo o apartamento tem várias esculturas a recriar essas mesmas portas. Há uma kitchenette, um primeiro andar com varanda, quarto e casa de banho, e vista para a serra. Tudo o que podemos pedir das férias: o som dos pássaros apenas a quebrar o silêncio da serra. À parte da experiência, a magia do sítio reside, sobretudo, em imaginarmos a sua história. E que história.
A Cerdeira tem, como aldeia, cerca de 300 anos, e foi sendo habitada por gentes de trabalho, agricultores que tiravam dela o melhor sustento que conseguiam. Hoje, ao subir até ao café do alojamento, vou imaginando como devia ser difícil a vida numa aldeia tão sinuosa como esta, mas como em todas as pequenas paragens o ar fresco da serra nos dá mais um impulso para continuar a subir. Há um pequeno ribeiro sem água tratada que pode ser usado pelos visitantes, para refrescar a meio caminho. No dito café, podemos provar vinhos da região e comer um ou outro petisco. Há um forno comunitário na aldeia que serve para fazer os mais variados pratos regionais, com a belíssima chanfana que comi acompanhada por um muito bem conseguido tinto reserva da Adega Monte Formigão, de Podentes, junto a Penela.
Rapidamente se fazem amigos na Cerdeira, que já agora é dog friendly. A Casa do Sol tem, inclusive, uma cama para o meu Tóbi, um rafeiro alentejano traçado com Bouvier Bernois, à sua medida. Ele circulará, nestas 48h, por todo o lado e sem restrições, menos na recepção, onde há uma loja com produtos regionais, incluindo uma pequena zona de mercearia que é perfeita para quem, como eu, se esqueceu de trazer um vinho para beber na varanda. A aldeia tem praticamente tudo o que preciso para estar aqui sem preocupações. As únicas regras são lavar a louça e deixar o lixo nos contentores à saída da aldeia, o que soa mais do que correto. Cada um respeita o seu espaço, e respeita a preservação da aldeia.
Num dos dias, experimento um atelier "Técnicas Manuais de Cerâmica" com Rita Pereira, da Escola de Artes, que é o elemento central da Cerdeira. Há cursos de 1 dia (mais comuns no verão) e de curta duração, mas também de 10 dias (como é o caso do curso de 6 a 15 de setembro - muito especial), com professores e artistas nacionais e internacionais. No calendário há, de 19 a 28 de julho, "Cerâmica e cozedura a lenha" com Marc Lancet, e, mais perto, de 29 de junho a 2 de julho, "Talha em madeira de castanho" com Kerstin Thomas e Renato Silva. Kerstin tem um papel fundamental na Cerdeira, foi ela que a "descobriu" numa viagem com amigos nos anos 80, sugerindo muito mais tarde a José e Natália, seus amigos, que investissem nela. Vive entre os Açores e a Cerdeira e é ela a mentora da Escola das Artes, e a grande mestre do savoir-faire. Em 2015, arrancou a construção do forno sem fumo Sasukenei na Cerdeira, que foi liderado pelo ceramista japonês Sensei Masakazu Kusakabe, uma das maiores referências na construção deste tipo de forno. Agora, é usado pelos alunos da escola quando convém, e é uma peça de admirável engenho, que vale a pena ver atrás da Escola.
Em relação a distinções, a Cerdeira Home for Creativity ganhou o prémio "Worlds Best Creative Lodging 2023" pela Creative Tourism Network, que valorizou o destino por oferecer "conforto, tradição, criatividade e bem-estar." A somar às experiências, há vários percursos pedestres e roteiros para fazer, em torno da Lousã, como o roteiro "Gelo para a Corte Régia" ou o roteiro "Aldeias e Castelos". Este alojamento está em linha com o pensamento ecológico e sustentável e respeita os princípios de responsabilidade social. Embora ainda faltem alguns meses, anote já na agenda: a 31 de outubro a aldeia vai celebrar o Ano Novo Celta, "Samhain", com um mercadinho, comidas de outono, um concerto e um momento "Queima do que podemos deixar para trás", e um jantar sob reserva.
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