Rolls-Royce enfrenta dilema após prejuízo milionário
O novo coronavírus teve um impacto brutal nas receitas do fabricante aeroespacial.

O maior prejuízo da história da Rolls-Royce Holdings impôs ao CEO Warren East escolhas difíceis para fortalecer a empresa britânica diante dos estragos causados pela pandemia de novo coronavírus.
As ações chegaram a cair 10% após a marca anunciar que planeia angariar pelo menos 2 mil milhões de libras em alienações e que está a estudar outras alternativas para captar recursos. A subsidiária espanhola ITP Aero foi identificada como o ativo com maior probabilidade de ser vendido, embora possa demorar a encontrar o comprador e o preço certos, alertou East durante uma conferência online recente.
Com um prejuízo de 5,4 mil milhões de libras no primeiro semestre, East não tem muito tempo para aguardar boas ofertas. O novo coronavírus teve um impacto brutal na receita de manutenção gerada pelo uso de aviões de corpo largo e a empresa já delineou os potenciais efeitos de um agravamento da crise. A saída do diretor financeiro Stephen Daintith, que aceitou um cargo na empresa de entrega de alimentos Ocado Group, só está a dificultar o desafio.
"O impacto da pandemia nos nossos negócios tem sido muito dramático e isso está claro nos resultados" divulgados na manhã da última quinta-feira, afirmou East na mesma conferência virtual. O valor de mercado da empresa chegou aos 4,5 mil milhões de libras após a queda de dois terços do preço das ações este ano.
Preparada para o pior cenário
A Bloomberg noticiou em julho que a Rolls-Royce poderia tentar levantar entre 1,5 e 2 mil milhões de libras com uma oferta de ações. Seja qual for a sua decisão, East enfrenta uma situação que pode piorar significativamente.
A empresa apresentou um cenário "severo, mas plausível" na última quinta-feira, no qual uma segunda onda do vírus resultaria em restrições adicionais de mobilidade e diminuição proporcional nas horas voadas. Nesse caso, será necessário angariar dinheiro com mais urgência, a fim de garantir a continuidade das operações e manter a liquidez.
"East enfrentou um período escaldante na Rolls-Royce, com falhas de design no Trent 1000, mas gerir a atual crise da Covid-19 será o seu maior desafio", disse Julie Palmer, sócia da empresa especializada em reestruturações, Begbies Traynor. East "ainda tem muito trabalho pela frente para garantir que a Rolls-Royce consegue sobreviver à tempestade".
O balanço patrimonial da empresa é assustador. A Rolls-Royce contabilizou uma baixa de 2,6 mil milhões de libras para encerrar hedges cambiais que deixaram de ser necessários à medida que a empresa reduz a operação de aviação comercial. A queda recente do dólar elevou o custo de reversão desses contratos.
A empresa não espera recuperação no número de horas voadas antes de 2022.
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