EX90: O melhor Volvo de sempre?
Provavelmente. Mas tal como com a cerveja, um automóvel deve ser experimentado para se determinar se sim ou sopas. Foi o que fomos fazer ali à Califórnia.
Para quê ir a La La Land (Los Angeles, para os mais distraídos), Califórnia, U.S. of A., guiar um carro sueco, perguntar-se-á o leitor médio português, ao mesmo tempo vermelho de indignação e verde de inveja. Muito simples: primeiro, porque é nos EUA, na Carolina do Sul, que este novo Volvo 100% elétrico é fabricado; segundo, porque é lá o mercado principal para este modelo, o novo navio-almirante da frota, perdão, da gama da Volvo.
Enquadramento geral
Apresentado em novembro de 2022, mas com produção iniciada apenas em maio deste ano, o Volvo EX90 é um veículo 100% elétrico de sete lugares, que se assume como o topo de gama da marca sueca no que aos SUV diz respeito. Está equipado com uma bateria de 111 kWh que permite carregamentos a 250 kW em corrente contínua: trocando por miúdos, significa que em cerca de 30 minutos carrega desde os 10% até aos 80% da sua capacidade. Dois motores (um sobre cada eixo) e duas versões: a versão-base com 408 cavalos de potência, 770 newton-metros de binário e autonomia de 600 km; e a Performance, que debita 517 cavalos e, segundo a marca, apenas perde uma dezena de quilómetros na autonomia – a verificar. Ambas as versões limitadas eletronicamente a 180 km/h. Vistos do exterior, os 5.04m de comprimento do EX90 (2.04m de largura e 1.75m de altura) não deixam antever o amplo espaço disponibilizado no interior, muito por mérito dos 2.98m de distância entre eixos.
Compreendi-te!
O EX90 nasceu da e para a tecnologia. E nasceu de uma folha em branco e sem restrições nem condicionantes ao seu desenvolvimento. Na senda da clássica preocupação da marca sueca com a segurança, integra um inovador sistema de compreensão do condutor. Sim, compreensão. Através de sensores, percebe-se se o condutor está incapacitado, ou cansado, ou distraído, e determina-se quando deve intervir. Nessa altura, avisa-o com ligeiros toques no volante ("nudge, nudge", à la Monty Python) e, se isso não for suficiente ou se o condutor, por exemplo, adormecer, o sistema pode tomar o controlo do EX90 e pará-lo na berma em segurança, ao mesmo tempo que avisa outros condutores da situação. A bordo vive também o sistema LiDAR (‘light detection and ranging’), o mesmo que permitiu descobrir mais ruínas em Angkor Wat, no Cambodja, debaixo do espesso manto de floresta tropical: no EX90, ele permite detetar peões até 250 metros de distância e, em conjunto com 16 sensores de ultrassons, oito câmaras e cinco radares, confere ao novo Volvo capacidades de condução autónoma de terceiro nível (num total de cinco).
Fora e dentro
Um SUV é um SUV, é um SUV, é um SUV... o EX90 não poderia inovar muito no design exterior. Ainda assim, reconhece-se facilmente como um Volvo e a parecença com o "irmão" XC90 é marcante. À frente, a nova iluminação do "martelo de Thor" faz um belo efeito, enquanto que na secção traseira a assinatura luminosa confere-lhe uma inegável elegância. Mas tudo isto são atributos subjetivos, enquanto no interior há algo de absolutamente objetivo: a ambiência é tipicamente nórdica, com cores claras e relaxantes, linhas suaves e despidas de coisas supérfluas. O equipamento a bordo é pletórico, com a eletrónica a dominar tudo o que se passa no habitáculo. A ergonomia dos bancos e o acesso aos comandos não tem mácula, sendo extremamente fácil encontrar a posição de condução ideal.
Na estrada
A cerca de 70 km a sul de Los Angeles, o condado de Newport é servido pelas típicas highways americanas que saem das grandes cidades: vias largas, às vezes com seis ou até oito faixas (!), curvas prolongadas e retas longas. Mas o piso, é bom que se diga, deixa bastante a desejar. Já lá iremos. E essas highways dão lugar, à chegada a Newport Beach propriamente dita, a uma bela estrada marginal que serpenteia a recortada costa da Califórnia. Foram estes dois tipos de estrada que serviram de palco ao nosso contacto com o volante do Volvo EX90.
Num percurso de pouco mais de 260 km – que deixou água na boca, há que assumir sem receios – houve logo à partida dois pontos que se destacaram: a qualidade de materiais e acabamentos interiores (a Volvo não poderia cair daí abaixo) e a extrema facilidade de condução: agilidade do châssis, visibilidade a quase 360 graus, leveza da direção e conforto a bordo. O que fez com que as ditas estradas ao longo da costa se revelassem um passeio extremamente agradável, com o EX90 bem agarrado ao asfalto, mesmo quando solicitado, digamos, com maior veemência.
Quanto ao tema do mau piso das ‘highways’, referido ali em cima: é muito simples, não se dá por ele. Circulando noutros grandes SUVs americanos (Cadillac Escalade, Chevrolet Suburban, Ford Expedition) aí sim, sente-se e bem: as suspensões ressentem-se e o conforto dos passageiros também. No caso do Volvo, a suspensão do EX90 filtra perfeitamente as irregularidades e oferece aos ocupantes um andamento de "tapete rolante". Isso e o bom isolamento térmico e, principalmente, acústico do habitáculo, criam uma bolha, um casulo interior, e é fácil medir esse grau de conforto: basta abrir o vidro em andamento e verificar o ensurdecedor ruído dos pneus a rolarem em asfalto degradado, que invade o cockpit até então silencioso.
Um oceano de distância
Ainda em relação aos três modelos americanos acima referidos, o Volvo EX90 faz figura de carro pequeno (médio, vá), ficando a dever-lhes entre 80 centímetros e um metro no comprimento. E quanto ao peso, nem vale a pena falar: os 2818 kg do EX90 fazem dele um peso-pluma quando comparado com esses paquidermes.
América e Europa são, de facto, dois mundos diferentes, com um oceano pelo meio. A postura do EX90 no mercado norte-americano é completamente diferente da que adopta no mercado europeu. No Velho Continente, este modelo dirigir-se-á primordialmente a CEOs, quadros de topo e clientes de elevados rendimentos. Já na terra do Tio Sam, o seu cliente-tipo é... são as chamadas soccer moms, as mães que vão levar e buscar os filhos aos treinos e aos jogos de futebol (o europeu, claro, soccer, como eles lhe chamam).
Logo à partida, este racional pode significar que do lado de lá do "grande lago" o Volvo EX90 estará votado ao lugar de segundo carro da família? Talvez... mas espelha, antes de tudo e com toda a certeza, a enorme diferença socio-profissional que existe entre o Novo Mundo e o Velho.
E se nos EUA os preços dos automóveis envergonham qualquer país europeu, o que dizer, então, do Estado português? Cá pelo burgo, a nossa aberrante fiscalidade automóvel continua a explorar uma galinha dos ovos de ouro que um dia deixará de os pôr. O EX90 está "taxado" (o termo é propositado) a 88 mil euros como preço-base, um valor que, mediante a adição de packs e opcionais, facilmente subirá até aos 100, 110, leia-se 120 mil euros. E, convenhamos, 120 mil euros para um português não é exatamente a mesma coisa que 125 mil dólares para um norte-americano... no outro prato da balança, o trunfo da Volvo reside na imagem positiva da marca e na exclusividade do modelo.
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