Estes dois Ferrari vão a leilão e podem custar mais de 22 milhões de euros
Não há outro Ferrari como o 166 Spyder Corsa de 1948. É o mais antigo na sua condição original e prepara-se para ir a leilão pela primeira vez em maio, em Villa d’Este, nas margens do Lago Como. Antes ainda, já no dia 8 de março, em Amelia Island, há um 250 GT California Spider, de 1959, que está a deixar os entusiastas loucos.
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Dois modelos que vão certamente aumentar o mito do Cavallino Rampante – e deixar dois felizes compradores um pouco mais pobres, porque a leiloeira espera ultrapassar a fasquia dos 22 milhões de euros.
Em 1948, Enzo Ferrari tinha já um longo historial de sucesso na competição automóvel, mas nunca tinha vendido um Ferrari. Foi só nesse ano que os irmãos Besana lhe compraram os dois 166 Spyder Corsa que ficariam para a história como os dois primeiros Ferrari nas mãos de particulares. Gabriele e Soave eram aristocratas, ricos e apaixonados pelo desporto, pelo que haveriam de inscrever os 166 em diversas provas deste e do outro lado do Atlântico. Preparados pela Carrozzeria Ansaloni, de Modena, receberam os chassis números 002C e 004C e vinham equipados com o V12 de dois litros, ao qual Enzo chamaria mais tarde "o precursor de todos os motores Ferrari".
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De lá para cá passaram-se 77 anos, e o modelo 004C será pela primeira vez apresentado em leilão durante o Concorso d'Eleganza de Villa d’Este, um dos mais antigos e importantes encontros de automóveis clássicos, que se realiza todos os anos nas margens do Lago Como, em Itália. Ao contrário do 002C, que sofreu diversas alterações ao longo do tempo e se afastou do espírito original, o 004C manteve sempre um registo impecável, incluindo 50 anos na posse da mesma família (entre 1965 e 2015) e prémios nos mais prestigiados eventos internacionais.
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Em entrevista à Must, Joe Twyman, um dos vice-presidentes da Broad Arrow, que este ano substitui a RM Sotheby’s como leiloeira oficial do evento, salienta a importância de estar presente nestes concursos, onde "os melhores carros do mundo se reúnem e tanto os proprietários como os visitantes estão frequentemente no mercado à procura de adquirir novas peças para as suas coleções."
Será, aliás, num evento muito semelhante, em Amelia Island, na Flórida, onde a Broad Arrow também é leiloeira oficial, que será oferecido um cobiçado Ferrari 250 GT LWB California Spider Competizione, de 1959. Com uma estimativa de venda entre os 10 e os 14 milhões, o 250 GT supera inclusivamente os 5,5 a 7,5 milhões do 166. O leilão de Villa d’Este decorre entre os dias 24 e 25 de maio, e o de Amelia já nos próximos dias 7 e 8 de março.
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"Há muitos fatores que influenciam a colecionabilidade, assim como a forma como avaliamos um carro", explica Joe Twyman. "Qual dos dois Ferraris é mais importante é uma questão subjetiva e também depende do uso que um colecionador pretende dar ao carro. Por exemplo, o 250 GT é altamente utilizável em eventos de condução e corridas vintage, enquanto um monolugar é mais limitado nesse aspeto", afirma, chamando a atenção para a dupla utilização do California Spyder, um modelo preparado para competir (e vencer) em pista, mas homologado para a estrada.
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"O 166 representa uma peça do ADN fundacional da Ferrari", continua Twyman, "um automóvel altamente original que abriu caminho para a posição lendária da marca na história automóvel. Já o 250 GT California Spider Competizione é um marco na evolução da Ferrari – um modelo icónico, proveniente da era dourada das corridas de resistência do pós-guerra, com um histórico de sucesso numa das competições mais importantes do automobilismo, as 24 Horas de Le Mans."
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Foram construídos apenas oito modelos como este 250 GT, com carroçaria em alumínio, um trabalho que Enzo entregou à Scaglietti. O número 1451GT em causa foi encomendado por Bob Grossman, um piloto amador e concessionário da Ferrari em Nova Iorque, e seria concluído a 15 de junho de 1959, a escassos cinco dias do início da mítica prova francesa – para onde seguiu de imediato. Em pista, foi conduzido pelo próprio Bob Grossman, sob as cores da North American Racing Team (NART), e pelo copiloto Fernand Tavano, um veterano da Ferrari. Surpreendentemente, nem a chegada tardia à prova nem o facto de ser a primeira experiência de Grossman no circuito francês os impediram de terminar em quinto lugar da geral, terceiro entre os GT, e obter a melhor classificação de sempre de um 250 California Spider em Le Mans.
A prova desse ano seria marcada pela vitória da Aston Martin, com Carroll Shelby e Maurice Trintignant a ocuparem as duas primeiras posições, mas a excelente prestação do 250 GT California Spider ajudaria a cimentar o mito do modelo. Assim como as vitórias no ano seguinte, em competições norte-americanas.
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O domínio da Ferrari no mercado dos leilões é inegável, e isto apesar dos dois automóveis mais valiosos serem ambos Mercedes. Mas os 10 lugares seguintes são exclusivos da casa italiana. "A Ferrari tem herança, paixão e, acima de tudo, uma história repleta de modelos verdadeiramente icónicos", justifica Twyman. "Ter uma personalidade marcante como Enzo Ferrari no comando de uma empresa cria naturalmente um nível de interesse e entusiasmo nos produtos que ela fabrica. Além disso, a Ferrari tem um longo e bem-sucedido historial no automobilismo, uma linhagem de modelos evocativos e um legado que desperta emoções em muitos entusiastas. Embora a marca seja hoje um grande negócio, a raridade dos modelos mais antigos e o seu design intemporal continuarão a cativar os apaixonados por automóveis para sempre."
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Expectativas vs. realidade
Já todos ouvimos falar de leilões que rapidamente superam as estimativas – de automóveis, arte ou joalharia –, mas Joe Twyman prefere avançar "com cuidado" e que estão "confiantes nas estimativas pré-venda fornecidas", acrescentando rapidamente que "não podemos prever o mercado no dia do leilão. Portanto, sim, é possível que ultrapassem a estimativa. A beleza de um leilão é que não há um limite máximo para o valor de venda. Num ambiente de venda privada, um carro tem um preço fixado, e um comprador nunca oferecerá mais do que esse valor. Num leilão, os compradores têm uma estimativa, mas esse valor pode ser superado, dependendo dos licitantes interessados."
No último ano, em Amelia Island, foram vendidos 92% dos lotes, tendo os resultados superado os 63 milhões de dólares. Este ano estão perto de 170 automóveis em licitação, incluindo, ainda, um Jaguar D-Type Works Competition de 1954 estimado entre os 6,5 e os 8,5 milhões ou um Lamborghini Miura P400 SV de 1971, entre os 4,5 e os 5 milhões de dólares. Para bolsas "mais modestas" a partir dos 10 mil dólares já é possível encontrar um Volvo PV 444, de 1957, ou até um Lamborghini de 1966 e um Porsche de 1959 a partir dos 30 mil. Embora nestes dois casos em versão trator…
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Não são para todas as carteiras, mas estes carros são, sem dúvida, de chamar a atenção por onde passam. Apresentam algumas diferenças, mas em duas coisas estão unidos, são o preço extraordinário e o fator "uau".
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