Jon-Paul Wheatley é o cérebro e mãos por detrás da 12 Pentagons, uma marca de bolas de futebol que desafia as regras da física e os conceitos de estética habituais. Normalmente, uma bola de futebol comercial é formada por 12 pentágonos e 20 hexágonos. Porquê? Ao longo dos anos a indústria acabou por entender que essa seria a melhor configuração que aliava a performance à produção em fábrica.
Os vídeos de Jon-Paul mostram o processo que dura no mínimo uma semana, desde o esboço, design em 3D e corte a laser até chegar à costura à mão e ao enchimento da bola. Em contacto com a inovação dos processos de corte e design, o projeto continua a ser artesanal e personalizado, em que cada peça é única - autênticas obras de arte.
Jon-Paul abandona todas as diretrizes do processo habitual ao inventar e manipular o conceito de bola a todos os níveis, quer seja a forma ou o material, mas, acima de tudo, a configuração dos painéis que a constituem. Apesar de partir várias vezes da formação normal de uma bola, com os seus pentágonos e hexágonos, os vídeos mais vistos são os que mostram designs complexos que chegam a ter centenas de painéis irregulares. Tem bolas inspiradas em desenhos infantis, fruta, números e até em desafios de física, como é o caso da bola de painel único, construída em agosto.
Os materiais que utiliza partem do cabedal, passando por sapatilhas da Nike usadas, bolas de futebol antigas, botas Dr. Martens e, recentemente, tecido da Burberry, numa parceria com a marca.
Jon-Paul não foi para a faculdade, mas conta à Creative Soccer Culture ter passado "pela escola de fazer muitas coisas mal". Criou websites e start-ups, sempre com o Design de produto como foco. Em 2020, comprou um kit de ferramentas para trabalhar com cabedal. Começou por fazer objetos comuns, como uma carteira e um estojo, mas um dia decidiu tentar fazer uma bola. O resultado não foi o melhor, com um formato longe de redondo e uma costura imprecisa. Apesar do resultado duvidoso, Jon-Paul gostou do processo e desde aí não parou. O seu apartamento em St. Louis, no Missouri, nos Estados Unidos da América, está agora inundado com centenas de bolas.
Apesar de viver nos Estados Unidos há 10 anos, Jon-Paul é inglês. Tal como a maioria dos ingleses, cresceu a jogar e a assistir futebol. No país para onde emigrou a cultura de futebol não é comparável à europeia e o fã de futebol acabou por ser quase obrigado a afastar-se dessa sua paixão, já que pagar os serviços de televisão para que pudesse assistir a jogos e a diferença horária tornaram o seguimento impraticável. Assim, ter começado a fazer bolas de futebol acaba por ser uma reconexão com a sua paixão de infância.
Este ano, lançou o seu site com o nome 12 Pentagons, onde mostra numa secção de Lab todo o seu portfólio e onde vende as criações escolhidas e possíveis de produzir em grande escala. A ideia é que a análise dos comentários, mensagens e visualizações dos vídeos conclua quais as criações que irão para produção para que os fãs possam ter uma. Em junho lançou a primeira bola para venda, industrializada, mas cosida à mão e em pele italiana de alta-qualidade, a Original 92. O stock de 1000 unidades esgotou em quatro horas e meia e as próximas 1000 unidades já estão em produção para o seu lançamento ainda este Natal.
O objetivo é chegar a um ponto em que lance uma bola por mês ou a cada poucos meses, trazendo bolas "esotéricas" e "loucas" como descreve o criador, para o mercado. Este ano, podemos esperar mais duas ou três criações à venda.