Prazeres / Artes

12 Pentagons. De um hobby de confinamento a parcerias com a Burberry, Apple e FIFA

Aquilo que começou com uma brincadeira com cabedal há quatro anos é agora um negócio com milhares de seguidores e milhões de likes em todas as plataformas.

Foto: @12 Pentagons
31 de outubro de 2024 | Lara Duarte / Com Rita Silva Avelar
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Jon-Paul Wheatley é o cérebro e mãos por detrás da 12 Pentagons, uma marca de bolas de futebol que desafia as regras da física e os conceitos de estética habituais. Normalmente, uma bola de futebol comercial é formada por 12 pentágonos e 20 hexágonos. Porquê? Ao longo dos anos a indústria acabou por entender que essa seria a melhor configuração que aliava a performance à produção em fábrica.

Foto: @ Jon-Paul Wheatley, Allison Wheatley

Os vídeos de Jon-Paul mostram o processo que dura no mínimo uma semana, desde o esboço, design em 3D e corte a laser até chegar à costura à mão e ao enchimento da bola. Em contacto com a inovação dos processos de corte e design, o projeto continua a ser artesanal e personalizado, em que cada peça é única - autênticas obras de arte.

Foto: @12 Pentagons
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Jon-Paul abandona todas as diretrizes do processo habitual ao inventar e manipular o conceito de bola a todos os níveis, quer seja a forma ou o material, mas, acima de tudo, a configuração dos painéis que a constituem. Apesar de partir várias vezes da formação normal de uma bola, com os seus pentágonos e hexágonos, os vídeos mais vistos são os que mostram designs complexos que chegam a ter centenas de painéis irregulares. Tem bolas inspiradas em desenhos infantis, fruta, números e até em desafios de física, como é o caso da bola de painel único, construída em agosto.

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Os materiais que utiliza partem do cabedal, passando por sapatilhas da Nike usadas, bolas de futebol antigas, botas Dr. Martens e, recentemente, tecido da Burberry, numa parceria com a marca.

Jon-Paul não foi para a faculdade, mas conta à Creative Soccer Culture ter passado "pela escola de fazer muitas coisas mal". Criou websites e start-ups, sempre com o Design de produto como foco. Em 2020, comprou um kit de ferramentas para trabalhar com cabedal. Começou por fazer objetos comuns, como uma carteira e um estojo, mas um dia decidiu tentar fazer uma bola. O resultado não foi o melhor, com um formato longe de redondo e uma costura imprecisa. Apesar do resultado duvidoso, Jon-Paul gostou do processo e desde aí não parou. O seu apartamento em St. Louis, no Missouri, nos Estados Unidos da América, está agora inundado com centenas de bolas.

Foto: @12 Pentagons
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Apesar de viver nos Estados Unidos há 10 anos, Jon-Paul é inglês. Tal como a maioria dos ingleses, cresceu a jogar e a assistir futebol. No país para onde emigrou a cultura de futebol não é comparável à europeia e o fã de futebol acabou por ser quase obrigado a afastar-se dessa sua paixão, já que pagar os serviços de televisão para que pudesse assistir a jogos e a diferença horária tornaram o seguimento impraticável. Assim, ter começado a fazer bolas de futebol acaba por ser uma reconexão com a sua paixão de infância.

Foto: @12 Pentagons

Este ano, lançou o seu site com o nome 12 Pentagons, onde mostra numa secção de Lab todo o seu portfólio e onde vende as criações escolhidas e possíveis de produzir em grande escala. A ideia é que a análise dos comentários, mensagens e visualizações dos vídeos conclua quais as criações que irão para produção para que os fãs possam ter uma. Em junho lançou a primeira bola para venda, industrializada, mas cosida à mão e em pele italiana de alta-qualidade, a Original 92. O stock de 1000 unidades esgotou em quatro horas e meia e as próximas 1000 unidades já estão em produção para o seu lançamento ainda este Natal.

Foto: @ Wil Driscoll
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O objetivo é chegar a um ponto em que lance uma bola por mês ou a cada poucos meses, trazendo bolas "esotéricas" e "loucas" como descreve o criador, para o mercado. Este ano, podemos esperar mais duas ou três criações à venda.

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