Arquitetura de pulso: um relógio assinado por Rafael Moneo
Acaba de ser lançada a mais recente edição de The Architects of Time Series – uma coleção anual de relógios de pulso da marca Cauny, desenhada por arquitetos. No primeiro ano, os relógios foram desenhados por Siza Vieira. Este ano, foram criados pelo espanhol Rafael Moneo.
O tempo é a arquitetura dos dias. Os seus alicerces. Sem horas e minutos como guias, muita coisa ficaria por fazer. Há uma forte ligação entre a arquitetura, o urbanismo, os transportes públicos e a revolução industrial. Os relógios, tal como os conhecemos hoje, surgiram, primeiro, nas torres das igrejas e daí se espalharam para as estações de comboio e as entradas das fábricas, antes de chegarem aos nossos pulsos. Não surpreende, por isso, que a marca relojoeira Cauny tenha decidido explorar essa relação, criando uma coleção inspirada na arquitetura. Chama-se The Architects of Time Series e foi lançada no ano passado. Para a primeira edição, a marca convidou Siza Vieira para desenhar um relógio de pulso. Este ano, o convite foi feito ao arquiteto espanhol Rafael Moneo e o resultado desta parceria já está à venda.
"Quando a Cauny me convidou para desenhar um relógio, não pude deixar de pensar nas duas ocasiões em que tinha desenhado um: na Câmara Municipal de Logroño e na Estação de Atocha. Em ambos os casos, o relógio alude ao significado das horas associadas ao decorrer do dia: as 12 — ou seja, o meio-dia — como o cume da jornada. As horas relacionadas com a atividade quotidiana, distinguindo entre a manhã e a tarde. Não como uma sucessão de instantes, algo que acontece claramente com o bater dos relógios digitais." É assim que Rafael Moneo explica, em comunicado, a reflexão e inspiração que deram lugar aos relógios de pulso que desenhou.
Para alcançar o quadrado perfeito, como fez na Estação de Atocha, Moneo optou por um sistema surpreendente de ligação à bracelete no próprio interior do relógio. Com a escolha dos números romanos, o arquiteto quis evocar os antigos relógios de sol, criando um mostrador que se distingue pela simplicidade e pelo equilíbrio. Os ponteiros incorporam as linhas retas que definem todo o conjunto.
A qualidade dos materiais é uma marca decisiva do relógio: o movimento é extra-fino, de quartzo, produzido no Japão; o vidro é em pura safira; a bracelete é feita com pele Horween, produzida em Chicago, e reproduz no seu final as linhas quadrangulares deste modelo. Cauny Moneo tem quatro variações de cores, com preços entre os €185 e os €195.
Rafael Moneo é uma das figuras mais marcantes da Arquitetura nos últimos 50 anos. É o autor de edifícios tão célebres quanto o Museu de Arte Romana de Mérida, o Museu de Arte Moderna de Estocolmo, o Museu das Belas Artes de Houston, o Kursaal de San Sebastián, a Ampliação do Museu do Prado e a Estação de Atocha ou a Catedral de Los Angeles. Recebe o Prémio Pritzker em 1996 pelo conjunto da sua obra, entre outras distinções, como a Medalha de Ouro do Royal Institute of British Architects em 2003, o Prémio Príncipe das Asturias em 2012, o Praemium Imperiale do Japão em 2017 e o Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2021.
A Cauny é uma marca relógios fundada na Suíça em 1927 e entrou para a história ao ser a primeira marca de relógios no mundo liderada por uma mulher, Mireille Grebler, que ganhou fama ao conseguir pôr em prática um ideal que perdura até aos dias de hoje: produzir relógios com design original e materiais de qualidade a preços acessíveis. A Cauny está, actualmente, sediada em Portugal.
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