A técnica perfeita para correr é um mito. Eis o que sabemos
Durante décadas, acreditou-se que a técnica de correr perfeita era o segredo para uma performance impecável e uma vida livre de lesões no desporto. No entanto, novas abordagens têm questionado esta visão tradicional. Afinal, será que existe uma forma única de correr que funcione para todos?
A investigação sobre a biomecânica da corrida tem evoluído, mostrando que as necessidades de cada corredor são altamente individuais. Miguel Vila Pouca, podologista do Centro Clínico Andar, conta à Must que não há uma técnica universal que possa ser aplicada a todos os praticantes. "O que realmente importa é que os corredores sejam avaliados de forma individual, considerando a biomecânica da sua marcha e corrida. Com isso, é possível prevenir lesões e otimizar o desempenho", explica. Este tipo de avaliação, muitas vezes complementada pelo uso de palmilhas personalizadas, ajuda a melhorar a eficiência, proporciona mais conforto e reduz o risco de lesões.
Essa visão é corroborada por especialistas em fisiologia do exercício. Rui Ricardo Ribeiro, também do Centro Clínico Andar, aponta que fatores fisiológicos, como o consumo de oxigénio (medido pelo VO2 máximo), podem ser tão determinantes quanto o movimento em si. "Uma boa compreensão do sistema de distribuição de oxigénio e uma avaliação criteriosa do VO2 máximo permitem planear treinos mais eficazes, ajustados às características de cada corredor", afirma. Isto sugere que a melhoria do desempenho pode depender mais da otimização da capacidade física geral do que da tentativa de corrigir detalhes técnicos na forma de correr.
No entanto, não é possível ignorar completamente a postura. Sofia Pinto Mendes, fisioterapeuta, sublinha que ajustes simples podem fazer diferença, especialmente em termos de eficiência energética e prevenção de lesões. "Manter o tronco ereto, otimizar o movimento dos braços e trabalhar o fortalecimento muscular reduz a sobrecarga articular e melhora a amplitude dos movimentos", acrescenta. Estas estratégias são essenciais para evitar problemas recorrentes, como tendinites e a síndrome da banda iliotibial, uma das lesões mais comuns entre corredores.
Uma análise mais ampla da literatura científica reforça a ideia de que não existe um molde único para todos os corredores. Estudos sugerem que pequenas diferenças na biomecânica de cada indivíduo – como a maneira de pousar o pé ou a inclinação do tronco – podem ser adaptações naturais e não necessariamente problemas a serem corrigidos. Um artigo do The New York Times, que explora esta questão, cita especialistas que defendem que correr "naturalmente" pode ser mais importante do que tentar forçar ajustes desconfortáveis.
Por outro lado, a postura na corrida ainda desempenha um papel relevante, especialmente no que toca à distribuição do impacto sobre o corpo. Manter um alinhamento adequado ajuda a evitar sobrecargas em regiões específicas, como os joelhos e tornozelos. O segredo está em encontrar um equilíbrio: não ignorar completamente a técnica, mas também não tentar impor padrões que desconsiderem as particularidades de cada pessoa.
O que emerge de todas estas análises é a necessidade de uma abordagem personalizada. Uma avaliação biomecânica detalhada, combinada com a análise de fatores fisiológicos, pode ajudar a adaptar a técnica de corrida às capacidades e limitações de cada indivíduo. Além disso, exercícios complementares de fortalecimento e mobilidade devem fazer parte de qualquer programa de treino para corredores. Estes exercícios não só protegem articulações e músculos, como também melhoram a eficiência geral do movimento.
Como explica Vila Pouca, o foco deve estar na prevenção de lesões e no conforto. "Palmilhas personalizadas, por exemplo, podem fazer uma enorme diferença, ajustando a forma como o pé suporta o impacto e melhorando a performance sem alterar a biomecânica natural do atleta", afirma. Por sua vez, Sofia Pinto Mendes destaca que o fortalecimento muscular adequado ajuda a estabilizar as articulações, reduzindo o risco de lesões a longo prazo.
Portanto, para corredores iniciantes ou experientes, o conselho mais valioso é simples: procure ajuda especializada para entender as suas próprias características. A personalização do treino e da técnica pode melhorar a sua performance, como também transformar a corrida numa experiência mais segura e agradável. Afinal, o mais importante não é a forma perfeita, mas sim a consistência, o prazer e a saúde no percurso.
Durante décadas, acreditou-se que a técnica de correr perfeita era o segredo para uma performance impecável e uma vida livre de lesões no desporto. No entanto, novas abordagens têm questionado esta visão tradicional. Afinal, será que existe uma forma única de correr que funcione para todos?
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