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O modelo mais exclusivo da Bugatti

Beleza escultural e um ícone de arte. Assim é o modelo que celebra os 110 anos da Bugatti, a mítica marca do sul da Europa. O nome não engana: chama-se Centodieci e celebra as várias vidas do sonho do italiano Ettore Bugatti.

07 de fevereiro de 2020 | Pedro Serra

O que vale a história? Memória, experiência, estatuto e tradição. Mais do que uma marca de luxo, a Bugatti é um símbolo de modelos de sonho potentes, belos e icónicos desde o início da era automóvel. O Centodieci – 110 em italiano – continua a tradição de sucesso da marca em fazer modelos exclusivos, sendo este uma edição especial que é uma reinterpretação do icónico modelo EB110, lançado em 1991.

A Bugatti quer elevar as fronteiras da imaginação com o modelo que será lançado em 2020
A Bugatti quer elevar as fronteiras da imaginação com o modelo que será lançado em 2020

Esse Bugatti EB110 não foi um modelo qualquer. Considerado o mais rápido e extraordinário supercarro da época, o modelo imponente celebrava os 110 anos do nascimento de Ettore Bugatti. Curiosamente, o Centodieci celebra, agora, os 110 anos da fundação da marca Bugatti. O seu fundador, Ettore Bugatti, nasceu em 1881, em Milão, e dedicou-se ainda adolescente à criação de bicicletas, já que era fascinado pela mecânica e por tecnologia. Tirou um curso na Academia de Arte milanesa e, em 1901, com 20 anos de idade, já tinha feito o seu primeiro automóvel para a companhia alemã Dietrich. Oito anos depois nasceria em Molsheim, na Alsácia (hoje território francês), a Bugatti, onde o sucesso começou com modelos de corrida notáveis, especialmente na década de 1920. Ettore Bugatti desenvolveu, durante a I Grande Guerra, motores para os governos francês e norte-americano e foi o dinheiro ganho com esse trabalho que permitiu à empresa entrar na era do luxo sem precedentes e de excelência. O seu primeiro modelo de luxo raro foi o apelidado "automóvel perfeito", o Royale, de 1926, onde a potência era aliada ao requinte. O único pecado do modelo de sonho foi chegar em plena crise mundial que eclodiu em 1929. Voltando ao icónico EB110, de 1991, esse modelo foi feito na segunda vida da marca. A empresa tinha definhado e fechado portas nos anos de 1950, após a morte de Ettore Bugatti. Mas um apaixonado colecionador italiano, o empresário Romano Artioli, comprou a marca no final da década de 1980. O objetivo? Fabricar o primeiro superdesportivo moderno, desta vez construído desde Modena, na Itália, aproveitando a proximidade com a Ferrari, a Lamborghini e a Maserati. Foi o seu investimento que permitiu criar o explosivo e sonhador EB110 – o primeiro Bugatti desde 1956 –, homenageando o criador da marca. Esse passo foi fundamental para o terceiro renascimento da Bugatti, em 1998, quando foi comprada pelo Grupo Volkswagen, que percebeu o valor da marca icónica e lhe deu uma nova alma. Foi com novos modelos, como o Veyron, o Chiron e o mais recente Divo, que a Bugatti voltou às origens com a sede e a fábrica a voltarem à localidade de Molsheim.

E o que vale o Centodieci? O seu objetivo é como o algodão branco, pois não engana: a Bugatti quer elevar as fronteiras da imaginação com o modelo que será lançado em 2020 e procura trazer um design pioneiro e uma performance de suster a respiração, isto respeitando toda a história da marca e do modelo EB110, em particular. Só há um pormenor que pode estragar os sonhos, mesmo dos mais abastados: a marca só irá produzir 10 unidades com um preço base (antes de impostos) de 8 milhões de euros. Não vale a pena fazer contas à vida, pois todos os Centodieci, sem exceção, já estão vendidos, não se sabendo a quem. Aqueles que são clientes da marca têm preferência nas aquisições e nesse grupo encontra-se Cristiano Ronaldo. O português tem um Chiron e houve rumores, já este ano, que teria adquirido o exclusivo Bugatti La Voiture Noire, de 11 milhões de euros, mas tal foi desmentido.

A Bugatti define o modelo como uma verdadeira e tangível obra de arte.
A Bugatti define o modelo como uma verdadeira e tangível obra de arte.

As entregas do modelo icónico começam a ser realizadas em 2020 e cada um deles será produzido com vários pormenores que podem ser personalizados ao gosto de cada um dos 10 clientes que o compraram.

Mais extremo e desportivo do que os outros Bugatti em produção, ou seja, o Chiron e o Divo, tem a alimentar esse monstro belíssimo da estrada o conhecido motor W16 de 8.0 litros e quatro turbos, embora o Centodieci tenha mais 100 cv do que Chiron, num total de 1.600 cv de potência às 7 mil rpm.

Ainda não foi desta que a Bugatti se rendeu aos veículos elétricos. Mas os números não deixam de ser estonteantes. Com o superdesportivo elegante chegamos aos 100 km/h em 2,4 segundos, aos 200 km/h em apenas 6,1 segundos e aos 300 km/h em meros 13,1 segundos (o mesmo tempo que demora um Renault Clio a chegar aos 100 km/h). A velocidade máxima está limitada eletronicamente, por questões de segurança, aos 380 km/h. Nada que impeça o condutor de ter a experiência desportiva de uma vida. O Centodieci consegue ser mais leve do que o irmão Chiron. São 20 kg conseguidos graças a uma dieta possível com novas tecnologias, que incluem o limpa para-brisas fabricado num material leve e especial de corrida. A Bugatti define o modelo como uma verdadeira e tangível obra de arte. E, tal como uma verdadeira obra de arte, só mesmo alguns privilegiados vão poder comprar, ou, neste caso, conduzir.

 

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