Conversas

Um dia na vida de Miguel Poiares Maduro

O antigo ministro continua a dar a sua opinião sobre os assuntos do momento, mas agora no topo das atividades estão o trabalho académico, a escrita científica e as aulas.

Foto: COFINA MEDIA
Ontem às 15:44 | Augusto Freitas de Sousa

Quem o conhece sabe que a sua agenda não tem espaços em branco. Além da academia, consultorias, participação em vários projetos ou comentário televisivo, Miguel gosta de viajar, de cozinhar, de visitar os melhores restaurantes e de jogar padel e futebol. "Acelerado" e "criativo" podiam ser os seus nomes do meio.

"É importante não ficar demasiado fechado, mas é muito importante estar focado enquanto desempenhamos uma tarefa" Foto: CORREIO DA MANHA | RECORD I COFINA MEDIA

A que horas se costuma levantar?

Cerca das 9h, mas depende um pouco da hora em que me deito porque para mim é fundamental dormir um bom número de horas e como não tenho um trabalho com horário rígido vou ajustando a hora a que me levanto em função da hora a que deito.

O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordado?

As questões que dominam os meus escritos e trabalho nesse momento. É dos períodos do dia mais criativos para mim – isto está estudado cientificamente, em função da produção de dopamina o momento em que acordamos ou antes de deitar são dos mais criativos.

Qual é a sua rotina quando se levanta?

Duche e pequeno-almoço.

Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?

Iogurte com granola e batido de frutas, seguido de um expresso.

Costuma fazer algum tipo de atividade antes do trabalho?

Por vezes faço desporto, mas o horário em que o faço varia muito em função da flexibilidade do meu trabalho.

Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…

Trabalho bastante em casa e o resto do trabalho, aulas, conferências, reuniões, é feito em locais, e até países, muito diferentes, de forma que o meio de transporte depende de onde vou. Mas, tradicionalmente, a minha forma de transporte favorita é a bicicleta. Quando ensinava em Florença e Yale – e ainda hoje quando lá vou – a minha forma de transporte diário era a bicicleta.

Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?

Apenas o café. Quando escrevo, coloco sempre música. Normalmente, mas não sempre, música clássica.

"A minha forma de transporte favorita é a bicicleta" Foto: COFINA MEDIA

A que horas começa a trabalhar?

Varia muito dependendo do que tenho de fazer e de onde estou.

Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?

Na verdade, o meu trabalho são vários trabalhos. O principal é o trabalho académico, a escrita científica e as aulas. Mas faço várias outras coisas, desde artigos de opinião e comentário televisivo, consultoria jurídica e estratégica, participação de em projetos e "boards" (conselhos) de diferentes organizações e áreas. Gosto de fazer coisas diferentes, incluindo várias pro bono, mas isso exige uma agenda flexível e preenchida e compromissos muito variáveis, bem como formas de trabalhar diferentes.

Como gere o seu tempo?

Com muita flexibilidade, mas é fundamental reservar períodos só para mim e para a escrita. Há atividades que são facilmente conciliáveis, mas a escrita exige concentração e dedicação durante períodos de tempo mais longos.

Como lida com a pressão e o stress?

Planeando, tendo consciência de que não vale a pena "stressar-nos" com o que não controlamos e reservando sempre tempo lúdico na minha vida. Mesmo quando viajo em trabalho, marco um restaurante que queira conhecer e/ou vou a exposições e espetáculos que estejam a acontecer onde eu estiver nesse momento.

"Procuro usar a flexibilidade que tenho para encontrar momentos e dias só para a vida pessoal" Foto: COFINA MEDIA

Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?

Adoro a dimensão criativa, ter ideias. Gosto muito menos do trabalho, que também é necessário, para transformar essas ideias num documento ou projeto detalhado. Sempre que posso, trabalho com quem me complementa bem nessas dimensões.

Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?

Sim. O importante é oferecer, por um lado, uma visão global para o que pretendemos com que todos estejam alinhados e dê sentido ao que fazem e, por outro lado, estabelecer objetivos concretos e ambiciosos para cada função. Ser ambicioso no objetivo e na pressão para o atingir e mais tolerante na execução.

"Gosto de fazer coisas diferentes, incluindo várias pro bono, mas isso exige uma agenda flexível e preenchida e compromissos muito variáveis, bem como formas de trabalhar diferentes" Foto: COFINA MEDIA

Costuma fazer pausas no trabalho? Para?

Regularmente. Descansar, ir à procura de inspiração noutras coisas, etc. É importante não ficar demasiado fechado, mas é muito importante estar focado enquanto desempenhamos uma tarefa.

Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?

Sim. Almoço com frequência em casa e até cozinho eu algo simples como uma massa. Mas também o faço com frequência fora e vários são almoços de trabalho. O tipo de restaurante varia muito, mas sempre bom.

Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?

Depende de quem as faz. Se é um amigo ou alguém que respeito, as críticas são para prestar atenção e os elogios particularmente bem-vindos.

O que diria sobre a ideia de que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?

A minha assistente, a pessoa que mais próximo trabalha comigo (e que me conhece há muitos anos e é hoje uma amiga) diz que sou muito acelerado e faço imensas coisas diferentes, tornando quase impossível gerir a minha agenda, tarefa que, reconheço, só alguém com a competência que ela tem conseguiria.

Ao longo do dia dá importância às redes sociais?

Sim. Mais do que devia e queria, mas menos do que já foi. Cada vez mais procuro disciplinar-me para limitar o uso de redes sociais – não tenho notificações, colocar o smartphone afastado, etc.

Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?

Viajar, comer e cozinhar, cinema, padel e futebol.

A que horas costuma terminar a atividade profissional?

Antes de jantar. Tenho a regra de não trabalhar depois de jantar. Só a quebro quando absolutamente necessário.

"Leva" trabalho para casa?

Grande parte do meu trabalho é feito em casa, sobretudo a escrita.

"Adoro a dimensão criativa, ter ideias" Foto: CORREIO DA MANHA | RECORD I COFINA MEDIA

Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?

Raramente. Quando converso prefiro mudar de temas e não falar do trabalho.

Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?

Imensa. Muito mesmo.

Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?

Alguma, mas por vezes tenho conferências ao fim de semana.

Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?

Cerca das 20h, mas com flexibilidade. O menu varia. Quando estou em casa é mais saudável, tipo tártaro de peixe ou salada de frango, mas tenho com frequência jantares fora e aí como para desfrutar e sem grandes preocupações dietéticas.

O que faz antes de dormir?

Mesmo antes de dormir, ouvir música.

A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?

Pela meia-noite. Durmo oito a nove horas.

Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?

Procuro usar a flexibilidade que tenho para encontrar momentos e dias só para a vida pessoal. A natureza do meu trabalho ocupa-me por vezes muitos dias e horas fora dos horários de trabalho da maioria das pessoas, mas também me permite períodos de descanso e diversão fora do que muitos outros têm.

Vê-se a ter outra profissão?

Não.

"Tenho a regra de não trabalhar depois de jantar. Só a quebro quando absolutamente necessário" Foto: CORREIO DA MANHA | RECORD I COFINA MEDIA

O que mais gosta e menos gosta na sua profissão?

A flexibilidade e o facto de serem várias profissões na prática. Isso é ótimo para alguém curioso e criativo como eu e oferece-me uma gestão da agenda muito pessoal, mas também pode ser muito cansativo em certos momentos. É o bom e o mau.

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