Ultra-ricos ainda desejam produto ‘mais desnecessário’ do mundo
Passeando pelo paredão ao pôr-do-sol no Mónaco, até mesmo os donos de fortunas imagináveis têm a sensação de que algumas pessoas têm mais dinheiro do que conseguem gastar.
Na semana passada, via-se no Porto Hércules um dos mais espetaculares conjuntos de embarcações: 125 super-iates com um valor total de 4,4 mil milhões de dólares.
O Monaco Yacht Show é outra demonstração de que fortunas gigantescas estão a transformar o mundo de maneiras que viram o estômago dos comuns mortais. Pagar 600 milhões de dólares por um barco?
Até Henk de Vries, um dos maiores construtores de iates do planeta, admitiu que ninguém precisa disto.
"Eu faço o produto mais desnecessário e faço isso tão bem que o desejam mesmo assim", declarou Henk de Vries há uma década.
Num momento de preocupante desigualdade e ansiedade com mudanças climáticas, é surpreendente o número de indivíduos extraordinariamente ricos que cobiçam super-iates. Há tantos que a própria família De Vries e os seus principais rivais, os clãs Lurssen e Vitelli, enriqueceram a perder de vista.
"Está essencialmente a construir-se um pequeno arranha-céu que flutua na água", explica Martin Redmayne, presidente da Superyacht Group, empresa de media com sede em Londres. Para ter sucesso, os armadores precisam de "paciência, tempo e paixão — paixão absoluta. É um jogo muito demorado."
Paolo Vitelli entrou no ramo em 1969, depois de vender uma discoteca. Vitelli usou o dinheiro para fundar a fabricante de iates hoje conhecida como Azimut Benetti.
Na altura, movimentos sindicais agitavam a Itália, mas Vitelli importou barcos da Holanda e mais tarde passou a projetar e construir embarcações de luxo em maior escala.
O empresário partiu para a expansão quando a Benetti enfrentou problemas na década de 1980, em parte devido ao custo de desenvolvimento de "Nabila", uma embarcação de 282 pés que já passou pelas mãos do traficante saudita de armas Adnan Khashoggi e de Donald Trump. Em 1985, Vitelli comprou a operação, logo transformada em construtora de barcos para os mais ricos entre os ricos.
Hoje em dia, os negócios vão novamente de vento em popa. A realeza do Médio Oriente, oligarcas russos, titãs de empresas de tecnologia e magnatas do setor imobiliário disputam iates cada vez maiores e mais avançados. Atualmente mais de 350 estão em construção, segundo a Superyacht Group, incluindo um de 466 pés que estará pronto no ano que vem. O nome do futuro proprietário está guardado a sete chaves.
A Azimut Benetti lidera o mercado mundial de iates em termos de volume. As vendas anuais (no caso, o valor da produção em andamento) chegaram a 900 milhões de euros no ano fiscal encerrado a 31 de agosto. Os Vitelli são ricos, mas há interesse em vender o negócio.
"Certa vez, um fundo dos EUA ofereceu-me um cheque de 1,7 mil milhões de dólares", lembra Vitelli durante uma entrevista no estaleiro da Azimut Benetti em Livorno, em Itália. Recusou a oferta. "O dinheiro destrói a família e tira o prazer de gerir a empresa. É preciso ter regras e simplicidade para amar coisas verdadeiras."
O bilionário da Red Bull que renova casas nos Alpes
Dietrich Mateschitz fez fortuna com a bebida energética Red Bull e não esconde a sua paixão por desportos radicais.
Encontre-se a si mesmo (por 220 mil euros)
Os super-ricos estão a empreender viagens a locais remotos em busca de uma mudança radical de vida. Desvendámos os segredos do Extraordinary Adventure Club e falámos com membros que estão a recomeçar a sua vida. Por um dinheirão.
São bilionários e têm menos de 40 anos
Uma coisa que aprendemos com a lista de bilionários da revista Forbes: se é jovem e quer fazer fortuna, comece um negócio online.
Chamem-me Mr. Monaco, o melhor amigo dos milionários
Se quiser dar uma festa para multimilionários, vai precisar de champanhe vintage, de mulheres jovens e muito sensuais e de um iate de luxo. E, eventualmente, de incluir um atleta olímpico ou um astronauta na lista de convidados. Isto, de acordo com Nicholas Frankl, que se define como um “conector”, um homem que estabelece contactos UHNW*. Só visto!
Anos dourados, as festas que ninguém esquece
Tendo como ponto de partida “a maior festa do mundo” dada pelo Xá da Pérsia, em 1971, recordamos as que foram oferecidas por grands seigneurs nos anos 60 e 70, nesta época em que se festeja a passagem do ano. Ao refinamento de antes sobrepôs-se a riqueza, ao chique o novo-riquismo, à imaginação o trivial, à exclusividade a mundanidade e ao bom gosto a quase vulgaridade. As verdadeiras grandes festas esfumaram-se. Mas não na nossa memória.
O primeiro jantar às cegas Beyond Vision chega ao Blind, no Porto, já no dia 23 de novembro.
Com uma seleção cuidada de peças de renome, torna-se um ponto de referência na cidade de Lisboa para amantes de interiores, combinando estilo e funcionalidade com um toque de exclusividade.
O Mateus Rosé celebra 80 anos com uma enorme quantidade de fãs, entre políticos, astronautas, estrelas de rock e a própria Isabel II, que subiu ao trono uma década depois do nosso Mateus ter sido lançado, em 1942.
Aquela palavra de que ninguém gosta anda de novo nas bocas do mundo: crise. Nas bocas e nas barrigas, porque esta não é uma qualquer, é a crise da restauração. E o encerramento de dois eminentes restaurantes de Lisboa deu origem a um debate tão interessante quanto urgente. Conversa com Leopoldo Calhau, Vítor Adão e Hugo Brito.