Era uma das novidades mais aguardadas pelo mundo audiófilo, e após meses – anos – de rumores incessantes, eis que chegaram os primeiros auscultadores da Sonos, a marca americana famosa pelo sistema integrado de colunas e som sem fios para casa - e obviamente que estes auscultadores são também wireless, embora permitam a possibilidade de usar o cabo USB-C, para ouvir e carregar, e até um Jack de 3,5 mm, para desfrutar nas viagens de avião.
À primeira vista, importa referir que os Ace são extremamente bonitos, com um perfil mais elegante que os seus rivais. Com acabamento mate, anti-dedadas e disponíveis em duas cores: preto e marfim, ou branco suave como lhe chama a Sonos. São bastante leves (312 g), mas construídos com materiais premium, como a pele vegan. São confortáveis, com almofadas internas em espuma viscoelástica, e excelente ergonomia, adaptando-se bem a qualquer cabeça.
As dobradiças estão colocadas internamente, porque assim nem se estraga o look, nem se corre o risco de prenderem no cabelo.
Outro ponto a seu favor são as almofadas facilmente substituíveis, através de um esquema de ímanes, mais sustentável para a carteira e para o planeta. Boa parte dos materiais são, também eles reciclados, principalmente na caixa de transporte e na embalagem.
Uma adição bem-vinda é um par de botões tácteis, mas discretos, que servem para controlar a maioria das funções, desde o cancelamento de ruído ativo, reproduzir, pausar e passar músicas, chamadas, o volume ou a ligação por Bluetooth.
A autonomia anunciada é de 30 horas, longe das 60 dos Sennheiser, mas acima das 20 da Apple, das 24 da Bose e na mesma linha da Sony. Sendo que a função de carregamento rápido permite, em apenas 3 minutos, aumentar três horas o tempo de audição. Os Sonos Ace estarão disponíveis a partir de 5 de junho, por um preço de 499 euros.
Uma palavra ainda para o Cancelamento de Ruído Ativo, que conta com dois modos, o Aware, que incorpora o som exterior na audição, e o modo Ativo, que nos coloca numa pequena bolha, embora não das mais isoladas. Numa sala mais barulhenta, sentimos falta de um pouco mais de isolamento, tal como sentiremos, imaginamos, num avião.
Em relação ao som, nota-se desde logo um esforço na qualidade da voz, o que os torna especialmente capazes em chamadas, para ouvir podcasts e nalgumas músicas, como se tornou bem evidente quando Billie Eilish nos segredou ao ouvido What Was I Made For? Mas no geral a experiência pareceu-nos rica e detalhada, e outra coisa não seria de esperar dados os pergaminhos da marca, e os anos passados em testes e afinações com os melhores nomes da indústria da música. Dito isto, a Sonos não pode levar a mal se forem à aplicação ajustar as definições de áudio espacial, os graves e os agudos para extrair um pouco mais de punch.
Os auscultadores são compatíveis com Bluetooth 5.4, Lossless Audio (Snapdragon Sound’s aptX Lossless e Apple ALAC), Dolby Atmos, Spatial Audio e 360 Reality Audio, o que nos leva então para o ponto mais diferenciador dos Ace, que é a capacidade de criar toda uma sala de som surround na nossa cabeça – e sem incomodar ninguém. Para isso, basta mudar o som do televisor da Sonos Arc para os Ace (um toque de botão) para que o áudio espacial nos envolva em todas as direções. Este tipo de streaming não é propriamente novidade, mas não com este nível de detalhe, e gostámos particularmente de ser transportados para o meio de uma selva com Sir David Attenborough num documentário da BBC. O acompanhamento dinâmico coloca-nos sempre no meio da ação, por isso, se virarmos a cabeça ou mudarmos de sítio a direção do som vai acompanhar estes nossos movimentos.
Para que isso aconteça, no entanto, precisa de ter umas Arc (999 euros), porque esta função só funciona com a barra de som mais premium da Sonos. É certo que estão já a desenvolver a conectividade com a Beam, e que em seguida passarão para a Ray, mas os responsáveis da Sonos explicaram-nos que não se trata apenas de compatibilidade, mas que é necessário afinar cada parâmetro para cada barra de som em específico, o que justifica a demora. Para breve, também, a tecnologia TrueCinema, que promete mapear o espaço e proporcionar um som ainda mais realista. Infelizmente, é outra funcionalidade que não está disponível no arranque, tal como todas estas definições só estão, para já, na app para iOS, aguardando-se a atualização para Android. Ou seja, ainda há bastante espaço para melhorias, mas no pouco tempo que podemos experimentar os auscultadores o resultado parece muito promissor.