Fumou muitos cigarros este Natal? Mãe, sogra, cunhados, irmãos, avós surdas com as quais é preciso gritar, crianças irrequietas que suplantam o número de adultos, prendas que não chegaram a tempo, convidados que decidiram trazer "umas coisinhas para pôr na mesa" sem que ninguém lhes tenha pedido nada, discussões antigas que reacendem à mínima coisa porque nunca se apagaram… Fui tudo um bocadinho demais para si e, às tantas, percebeu, com espanto, que já só tinha um cigarro no maço? Você que até tem andado a cortar e no fim acabou por ter de ir a uma bomba de gasolina repor o stock. Se se revê neste relato, temos duas coisas para lhe dizer: primeiro, relaxe, afinal, para o bem e para o mal, o Natal é só uma vez por ano; segundo, de acordo com um estudo recente, elaborado por investigadores da universidade de College London, cada cigarro que fuma reduz a sua expectativa de vida em 20 minutos. Ou seja, um maço equivale a cerca de sete horas de vida a menos.
O estudo, encomendado pelo Departamento de Saúde do Reino Unido e publicado no Journal of Addiction, uma revista médica dedicada a temas relacionados com as dependências, analisou os dados mais recentes do British Doctors Study – uma investigação de fundo que teve início em 1951 e que é a mais antiga do mundo sobre os efeitos do tabagismo – e do Million Women Study, que segue a saúde das mulheres desde 1996. Ao jornal britânico Guardian, Sarah jackson, uma das principais investigadoras da universidade, disse que "apesar de a maioria das pessoas terem noção que o tabaco faz mal, tendem a desvalorizar o que isso significa". E o que isso significa, de acordo com Jackson, é o seguinte: "Fumadores que não desistem de fumar perdem, em média, 10 anos de vida".
A investigadora refere ainda que "algumas pessoas pensam que não faz mal perderem alguns anos de vida, já que a terceira idade é, regra geral, passada com doenças crónicas e incapacidades várias. Mas fumar não reduz os anos de vida com falta de saúde. O que faz é corroer os anos saudáveis da meia idade, fazendo com que as doenças apareçam mais cedo". Sarah Jackson dá um exemplo prático: "Um fumador de 60 anos terá, aproximadamente, a saúde de um não fumador de 70."
Não obstante, quase toda a gente conhece, diretamente ou por interposta pessoa, um fumador que viveu uma vida longa e relativamente saudável. A investigadora explica que essas anomalias e outras variações estão relacionadas com as diferenças nos hábitos dos fumadores, como por exemplo, o tipo de cigarros que fumam, o número de inalações por cigarro e quão profundas são essas inalações. E há ainda diferenças na susceptibilidade de cada um às substâncias tóxicas presentes no fumo dos cigarros.
Para concluir, imaginando que uma pessoa fuma, normalmente, um maço de cigarros por dia e que vai aproveitar o ano novo para deixar de fumar, no fim dos 365 dias de 2025 terá recuperado – ou deixado de perder – mais de 106 dias de vida.