Nasceu em São Tomé e Príncipe a 30 de outubro de 1992 e ali viveu até ao início da adolescência. Com 11 anos veio para Portugal e é cá que descobre a paixão pelo judo, na escola. Esta quinta-feira voltou a levar a bandeira portuguesa mais longe, ao conseguir uma medalha nos Jogos Olímpicos, apenas a terceira na modalidade, depois de Nuno Delgado em 2000 e de Telma Monteiro em 2016.
O bicampeão mundial de -100kg estava longe de imaginar que o judo passaria pelo seu caminho. Foi no desporto escolar na Damaia que teve contacto pela primeira vez com o judo e foi o seu treinador que o encaminhou para o Sporting Clube de Portugal. Mas não foi um caminho fácil, já que Fonseca foi confrontado com um linfoma que ameaçou por fim à carreira e aos sonhos em 2015.
Já recuperado, Jorge Fonseca competiu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 2016. Foi eliminado na segunda ronda por Lukáš Krpálek. Quatro anos depois, em Tóquio, tornou-se campeão do mundo, o primeiro português de sempre a consegui-lo. Foi o seu primeiro título mundial, e um feito que viria a repetir este ano.
A 8 de janeiro de 2020 recebeu o grau de Comendador da Ordem do Mérito. "Foi uma honra receber a ordem de mérito pelas mãos do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Eu queria muito esta condecoração. Queria muito porque trabalhei para merecer. Queria muito porque queria partilhá-la com a minha mãe, com o meu treinador, com as pessoas que sempre acreditaram e com as pessoas que não acreditaram. Obrigado ao Sporting por ter sido também a minha casa", escreveu no Instagram, onde partilha o seu dia-a-dia com mais de 45 mil seguidores.
Em 2021 venceu o Campeonato Mundial em Budapeste, vencendo todos os confrontos por ippon. Nestes Jogos Olímpicos, deu a Portugal a primeira medalha em Tóquio 2020, com o terceiro lugar no pódio. "Saboroso, mas queria mais. Trabalhei para o ouro, trabalhei bastante, mas consegui o bronze. Agora é trabalhar para o próximo", disse à RTP.
Com algum humor, o judoca dedicou a medalha às marcas desportivas Adidas e Puma. Em declarações à RTP, disse: "Vou dedicar esta medalha à Adidas e à Puma porque me disseram que eu não tinha capacidade para ser representado pela Puma. Então dedico essa medalha aos dirigentes da Puma e da Adidas. Eu já mostrei que sou bicampeão do mundo, terceiro nos Jogos Olímpicos, qual é o estatuto de que preciso mais?"