Para muitos o processo de obtenção da nacionalidade portuguesa é difícil e moroso, mas para Claude Berta o processo já foi concluído – e com sucesso. "É com uma enorme alegria que vejo este meu sonho de ser português realizado. Admiro este país desde há muitos anos, tenho uma grande paixão por Portugal e pelos portugueses e considero que este país tem um grande potencial, na vertente imobiliária, mas também noutros setores, alguns dos quais onde já investimos. Portugal é agora a minha nova casa onde pretendo reforçar a minha presença e investimentos produtivos em vários setores da economia", disse o empresário francês em comunicado. Mas quem é este homem, um dos mais ricos de França, e um investidor no mercado imobiliário em Portugal?
Claude Alain Berda é um empresário francês de 74 anos, fundador do grupo audiovisual AB Groupe. Mais tarde, mudou-se para a Suíça, onde criou um dos maiores grupos imobiliários do país. Atualmente é também chairman da Vanguard Properties, uma promotora imobiliária que fundou em Portugal há cinco anos e que se especializa em projetos no segmento de luxo. Em 2017 foi considerado pela Challenges, revista francesa especializada em economia, finanças e negócios, como um dos 100 homens mais ricos de França (ocupando a 71ª posição do ranking).
Em 2019 explicava à revista Visão o que o levava a investir no mercado imobiliário em Portugal: "A Europa é a região mais valorizada e apetecível para se habitar a nível global e, presentemente, haverá poucos países com as vantagens competitivas de Portugal", dizia, continuando: "a simpatia das pessoas, a História e a cultura, a segurança, o custo médio de vida competitivo, a qualidade e a variedade gastronómica, as boas infraestruturas e as múltiplas oportunidades de investimento em diversos setores são alguns dos argumentos positivos. É claramente um país atrativo para os expatriados – como se confirma pelo ranking recentemente publicado pela Forbes, colocando Portugal como o destino preferido".
São vários os interesses de Berda em Portugal, entre Lisboa, Oeiras ou Algarve – em comunicado, a propósito da obtenção da nacionalidade portuguesa, refere-se a investimentos em Portugal na ordem de "1,2 mil milhões de euros". Mas a Comporta é especial. Aliás, há já quem lhe chame "senhor Comporta". "É talvez a região portuguesa mais reconhecida internacionalmente, sendo por muitos apelidada como sendo a Hamptons da Europa", dizia à mesma revista portuguesa. Para Berda, a Comporta é "um paraíso às portas de uma importante capital europeia, que importa conservar e melhorar, gerando oportunidades de emprego e de riqueza, desenvolvendo um projeto com uma visão de médio e longo prazo".
É lá que o empresário francês, parceiro do grupo Amorim, tem o megaprojeto "Terras da Comporta". São 365 hectares. Os trabalhos de infraestruturas começaram em dezembro e a expectativa é a obra estar concluída no espaço de dois anos. Paula Amorim e Claude Berda pagaram 157,5 milhões de euros pelo projeto turístico da Comporta, com um plano de investimento a 15 anos. Amorim controla 12% do consórcio, enquanto o francês segura os restantes 88%.
No portefólio da promotora imobiliária Vanguard Properties estão ainda projetos em Lisboa como o Castilho 203 (onde mora Cristiano Ronaldo), a A Tower, a Infinity, e, no Algarve, o Bayline e o White Shell. Recentemente, o milionário revelou que vai apoiar a construção do Museu Judaico de Lisboa. O edifício, que ficará em Belém, tem uma área de 3.869 metros quadrados e vai começar a ser construído no primeiro semestre de 2022. O projeto conta com uma doação de 2 a 4 milhões de euros de Claude Berda.