2020 foi um bom ano para a Amazon. Na verdade, e pandemias à parte, foi um ano excelente já que o total anual de receitas da empresa superou em 37% o de 2019. Aliás, só no quarto trimestre de 2020, a gigante norte-americana de comércio eletrónico obteve 125,5 mil milhões de dólares em receitas, qualquer coisa como 104 mil milhões de euros, para ficar com uma noção.
O setor mais lucrativo da empresa, que garante cerca de 60% da sua receita operacional é a Amazon Web Services ou AWS, a divisão de computação em nuvem (cloud) da Amazon. Andy Jassy era o responsável máximo por este sector, até ao momento. Mas tudo mudará em breve: Jeff Bezos nomeou Jassy para a liderança executiva da empresa a partir do terceiro trimestre de 2021. Bezos, frequentemente apontado como um dos homens mais ricos do mundo, e que detém ainda a plataforma de streaming Amazon Prime, a empresa espacial Blue Origin ou o jornal The Washington Post, entre outros negócios, passa assim a presidente, dando um passo atrás. A decisão acontece 27 anos após ter fundado a Amazon, em 1994. O novo Chief Executive Officer é agora Andy Jassy.
Numa carta dirigida aos trabalhadores, Bezos afirma estar a concentrar energias noutros produtos e iniciativas, mostrando igualmente a confiança que tem em Jassy, alguém "bem conhecido dentro da empresa".
Com 53 anos, nasceu a 18 de janeiro de 1968 na cidade de Scarsdale, no Estado de Nova Iorque, EUA, onde também foi criado. Após concluir um MBA em Harvard ingressou imediatamente na Amazon.
"Fiz a minha última prova na Havard Bussiness School na primeira sexta-feira de maio de 1997 e comecei na Amazon na segunda-feira seguinte", recordou num podcast, o ano passado.
Começou como assistente técnico de Bezos e mais tarde tornou-se um dos seus braços-direitos: "um líder notável que tem a minha total confiança", nas palavras do fundador da Amazon. Primeiramente, esteve no departamento de marketing, onde ajudou na expansão dos produtos da empresa. Isto até 2003, altura em que começou a desenvolver o que viria a tornar-se a AWS.
2. Na nuvem
A divisão de computação em nuvem da empresa, a Amazon Web Services ou AWS cresceu bastante sob a sua direção. Jassy, foi talvez o primeiro a perceber a vantagem da virtualização do armazenamento digital e foi por isso, frequentemente, apelidado de visionário nesse campo.
Esteve envolvido na AWS desde o primeiro momento, sendo fundamental para que a mesma se tornasse no setor que mais lucro operacional dá à empresa. A AWS é considerada por muitos como a galinha dos ovos de ouro da Amazon, pelo que em 2020, muito pelo aumento das vendas geradas pela pandemia, conseguiu ser responsável por cerca de 67% do lucro total da empresa.
No geral, a AWS da qual Jassy se tornou CEO em 2016, obtém uma fatia de 30% de um mercado na qual, atualmente, competem a Microsoft, a Google, a IBM e a Oracle, oferecendo soluções para armazenamento de dados de grandes como a McDonald’s ou a Netflix.
3. A liderançaDe acordo com o Bussiness Insider, Andy Jassy parece tomar decisões importantes para a cloud numa sala de conferência, fora do seu escritório em Seattle, com o nickname de "Chop". O nome será uma abreviatura do romance Charterhouse of Parma, de Stendhal, mas em inglês informal também significa "despedimento".
Esta sua sala começou por ser uma pequena divisão com um poster da Dave Matthews Band na parede e é hoje um espaço maior, agregado a uma outra sala de nome Rothschild, para que Jassy possa ter reuniões seguidas sem perder tempo.
Já o termo chop é agora utilizado para descrever qualquer reunião importante que se tenha com Jassy. Muitas vezes, juntam-se até 50 pessoas neste mesmo espaço. Jassy pode até não concordar com alguma ideia, mas não perde o respeito a quem a propõe. Vários colegas afirmam que o CEO não tem paciência para pessoas mal preparadas.
4. Fortuna Pessoal
Não se sabe ao certo qual a remuneração que Jassy vai receber no seu novo cargo executivo, mas será com certeza mais do que acumulou até agora como CEO da AWS, o que não foi pouco.
Pensa-se que nos últimos três anos ganhou mais de 20 milhões de dólares e só em 2016, mais de 36 milhões. A sua fortuna foi estimada em 394 milhões de dólares ou 327 milhões de euros em novembro de 2020.
É casado, tem dois filhos e uma paixão por música, pelo que em 2001 foi diretor de produto na divisão musical da Amazon. Gosta de descobrir artistas novos e adora bandas como os Rolling Stones, Bruce Springston, Pearl Jam ou Nirvana.
É também um aficionado por desporto, pelo que tem uma participação pequena nos Seattle Kraken, a sua equipa local de hóquei. Igualmente, é um apoiante de causas sociais como o Black Lives Matter ou a causa LGBT. É ainda um defensor da reforma das leis americanas para a imigração.
O que não lhe poupou alguma polémica, uma vez que defendeu a comercialização de um equipamento de software de reconhecimento facial da Amazon para ajudar a polícia na questão da imigração.
Também já criticou a administração Trump, mas em geral é uma pessoa discreta.
6. Fora da AmazonSteve Ballmer, ex-CEO da Microsoft terá pensado em Jassy para o seu antigo cargo, mas tal não chegou a ser confirmado. Também há rumores que o ligam à Uber. Terá sido por volta de 2017, aquando da saída do CEO Travis Kalanick que se terá pensado em Jassy para esta posição. O desfecho sabemos agora, foi sempre a favor da Amazon. E, por fim a recompensa chegou.
7. Outra opção?Segundo o The Washington Post, já desde o verão passado que Jeff Bezos preparava a sua sucessão. No entanto, esperava-se que este sucessor fosse Jeff Wikes, diretor da divisão de consumo global da Amazon, que acabou por se reformar.
Pensa-se que Bezos, há quase 30 anos à frente da Amazon, queira dedicar mais tempo a outros projetos como é o caso da corrida espacial com a Blue Origin, que compete diretamente com a Space X de Elon Musk. Será?