A poluição atmosférica consiste um perigo não só para o meio ambiente, mas também para a saúde - está ligada a doenças cadíacas e respiratórias e, mais recentemente, ao declínio das capacidades cognitivas.
Um estudo da Harvard T.H. Chan School of Public Health, publicado no British Medical Journal, encontrou uma conexão entre a perda de memória e a inalação de PM 2,5 (partículas finas com um diâmetro inferior a 2,5 micrómetros, que provêm de locais de construção ou instalações industriais, por exemplo), mesmo quando a exposição anual a estas era inferior às normas da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, referente às doze microgramas por metro cúbico de ar. Já a Organização Mundial de Saúde recomenda que a concentração anual não ultrapasse as cinco microgramas por metro cúbico.
Mais concretamente, o grupo de cientistas descobriu que a probabilidade de um cidadão vir a ter demência sobe 4% por cada aumento de 2 microgramas por metro cúbico de partículas suspensas no ar. E quando se focaram em análises mais rigorosas, segundo a Time, o valor subiu entre os 17% e os 42%.
Contudo, os investigadores não conseguem dizer ao certo se existe um limiar seguro no que toca ao assunto, ou seja, uma situação em que o risco seja zero. Também não têm provas concretas de como esta associação acontece, embora tenham formulado algumas teorias. Uma delas diz que as partículas podem afetar diretamente as células cerebrais e criar a inflamação dos nervos, enquanto outra sugere que a poluição afeta o coração e, consequentemente, o cérebro. "A inflamação neurológica é uma resposta boa do organismo e está ali para proteger as células", explica Marc Weisskopf, autor principal do estudo, à Time. "Mas se se prolongar por muito tempo, pode causar danos, e esse é um dos fortes argumentos para explicar como a poluição afeta o risco de demência".