Com a desvalorização de mais de 20% da bitcoin no final de setembro, Jered Kenna - um dos primeiros milionários da moeda digital - voltou ao Twitter após um hiato de três anos com uma surpreendente declaração: "Perdi o amor pelo setor".
No início, "falávamos sobre coisas que realmente tinham substância, e muito poucas pessoas falavam em ganhar dinheiro", afirmou Kenna numa entrevista por telefone na semana passada, uma das suas bases. "E, agora, o único foco das pessoas é ganhar dinheiro."
Kenna, de 37 anos, disse que possui metade de uma bitcoin, avaliada em cerca de 4.000 dólares. Antes tinha milhares, inicialmente comprados por cêntimos do dólar. Kenna comandou a TradeHill Inc - a primeira bolsa de criptomoedas dos EUA - e negociava 25% de todas as transações globais de bitcoin. Entrou no setor não para ganhar dinheiro, mas para mudar o mundo, disse Kenna - e ficou desiludido nos últimos anos porque, em vez de revolucionar os pagamentos e desafiar o sistema bancário, as criptomoedas passaram a ser usadas para especulação.
Muitos dos seus antigos amigos do mundo digital sentem-se da mesma maneira, revelou Kenna, embora poucos estejam a sair do mercado, pois ainda estão praticamente a cunhar dinheiro. Além disso, também existe a questão do prestígio.
"Eu estava em Miami na semana passada e fui a um evento de criptomoedas, cheio de lindas modelos à procura de homens", disse. "Pensei: a coisa mudou", recordando as reuniões cheias de "nerds" de tecnologia anos antes. Ele não é o único desertor do mundo cripto: Roger Ver, conhecido como Bitcoin Jesus pelas suas pregações a favor da moeda digital, agora faz críticas e criou um token rival.
Muitos dos veteranos tinham "expectativas irreais" sobre a bitcoin e não queriam que fosse comercializada, disse Nic Carter, cofundador do rastreador de criptomoedas Coin Metrics. "Muitos dos primeiros fundadores utópicos naturalmente ficaram desiludidos", disse. "Era de se esperar." Ele chama os que partiram de "almas perdidas".