Entre elas, sabe-se que em apenas quatro décadas, a concentração de espermatozoides - isto é o seu número por milímetro de sémen - diminuiu mais de 50%, inos países ocidentais. Por outras palavras, o homem de hoje tem metade da fertilidade dos seus avós com a mesma idade.
Numa entrevista sucinta mas esclarecedora que deu à GQ americana, a especialista revelou quais as causas para este declínio, mas também deixa uma mensagem de esperança quanto ao que ainda é possível fazer para atenuar os efeitos negativos do nosso estilo de vida na qualidade dos espermatozoides.
A vida moderna parece ser a causa maior. Além dos já conhecidos efeitos nocivos do stress diário a que estamos sujeitos, seja na vida privada ou profissional, e também de uma postura sedentária onde o exercício físico não entra e a obesidade sim, e onde há espaço para o consumo exagerado de álcool e tabaco, junta-se um fator de peso: os químicos a que estamos expostos no dia a dia.
Mais concretamente uma classe de produtos usados no plástico dos objetos domésticos. São os chamados desreguladores endócrinos, que afetam a produção das hormonas testosterona e estrogénio. Os ftalatos, um composto químico usado para tornar o plástico mais maleável, são um exemplo claro disso, pois aumentam a absorção pelo corpo destes componentes que passam das embalagens de plástico diretamente para a comida ou mesmo para os cosméticos. Mais: também a líbido e a frequência com que se pratica sexo é afetada.
O problema de fertilidade decorrente deste processo não nos impacta só a nós, mas também a outras espécies da vida selvagens sujeitas ao mesmo cenário, já que a poluição do plástico é nociva para o ecossistema onde todos vivemos.
A epidemiologista alerta ainda para a importância das análises de rastreio ao sémen, para se perceber a qualidade deste no caso, por exemplo, de querer ser pai, mas também porque uma baixa contagem de espermatozoides se relaciona com doenças cardíacas, diabetes e certos tipos de cancro. Saiba também que ter uma alimentação equilibrada, a chamada dieta mediterrânea, pautada por bastantes vegetais e fruta, mas também frango, peixe e sementes, parece ser uma boa forma de melhorar a qualidade do esperma. Isto, claro, se estes alimentos forem livres de pesticidas.