Antes que o leitor se atreva a gastar milhares de dólares do seu dinheiro em bons fatos, calças de ganga feitas à medida e sapatos de ténis de designer que nunca usará para fazer exercício físico, Andrew Weitz vai gostar de escrutinar devidamente a sua vida. Isto significa que vai a sua casa e examina o guarda-roupa, recorrendo aos métodos dos naturalistas vitorianos quando exploravam uma ilha remota. Primeiro, estuda em pormenor o que encontra. Depois, descarta quase tudo o que vê. "Basicamente, ele deita fora tudo o que se encontra no armário", diz Neil Jacobson, o presidente da Geffen Records, em Los Angeles, que é cliente da The Weitz Effect, uma empresa de consultoria que veste alguns dos homens mais influentes da Califórnia. No início, o processo é traumático. Mas vale a pena, segundo Jacobson, que admite com perfeita naturalidade a sua história prévia de compra de vestuário "ridículo" que não era o mais adequado para ele. Weitz ajudou-o a encontrar novas roupas que lhe assentavam bem e que podiam ser combinadas de diferentes maneiras, de modo a que se sentisse, no seu novo estilo, "confiante" em qualquer situação. "Não se tratava de me sentir fabuloso. Era, antes, saber que estava a fazer as coisas bem. E isso era muito, muito especial", admite. Contratar Weitz "foi, tanto quanto me consigo lembrar, uma das melhores coisas que fiz por mim próprio".
No que me diz respeito, Weitz ficou satisfeito por trocar a purga do meu guarda-roupa por uma reunião de planeamento enquanto tomávamos um café, muito acima do Sunset Boulevard. O restaurante, no último piso da Soho House, em West Hollywood, orgulha-se das suas janelas panorâmicas que vão do chão ao tecto, oferecendo vistas deslumbrantes, e cujas mesas estão instaladas entre oliveiras das quais pendem lanternas. É um lugar glamoroso, frequentado por um tipo particular de pessoas, e no qual o fundador da empresa pode ser encontrado com frequência a ajeitar os punhos da camisa, enquanto olha com indiferença, de longe, a variedade de roupas com bom potencial. Weitz, que tem 44 anos, não é um estilista e detesta o termo. Pretende deixar isso bem claro, logo no início. "Sou um consultor de estilo", declara. "Um conselheiro." O seu objectivo é ensinar os homens a encontrar o seu próprio estilo. "Há compras personalizadas envolvidas? Pergunto isto porque também detesto as ditas ‘compras personalizadas’. Sim, existem, porque é essa a finalidade. Há que educar. Mas tudo está relacionado com o propósito de fazer os homens sentirem-se muito bem." Andrew Weitz quer que olhemos para o que de melhor há em nós, "portanto, pode arrasar, seja qual for a actividade que se desempenhe". Weitz fundou a sua empresa há quatro anos e, neste momento, trabalha com 80 CEO, presidentes de companhias, executivos de topo de empresas como a Disney e a HBO, empresários, argumentistas, directores, desportistas, líderes da indústria da tecnologia, assistentes em ascensão na carreira e muitos homens de negócios de médias empresas. No início, os seus clientes eram apenas homens, mas agora também é contratado por senhoras. Orgulha-se da sua discrição, razão pela qual a maioria dos nomes dos clientes é mantida em segredo, mas Tom Brady, o quarterback da equipa de futebol americano New England Patriots, fala abertamente do facto de se socorrer dos serviços da The Weitz Effect e consta que o iconoclástico multimilionário Elon Musk e que Ari Emanuel, o superagente de Hollywood, também terão solicitado o conselho de Weitz. Este diz que, embora a maior parte das pessoas com quem trabalha pertença ao mundo do espectáculo, poucas delas são celebridades. Weitz prefere concentrar-se nos que se encontram nos bastidores e que detêm, de facto, o poder. O seu grande argumento de vendas é ele próprio ter vindo do mundo empresarial e não possuir um passado ligado à moda.
Antes de se estabelecer por conta própria, Weitz teve uma carreira de sucesso durante mais de uma década como um muito importante agente de talentos em Hollywood, em cuja lista figuravam nomes como Rob Lowe, Ricky Gervais e James Corden. Está focado nos resultados do negócio e insiste em dizer que "o estilo pessoal afecta, de facto, o resultado operacional". É também um homem casado com uma executiva de um estúdio cinematográfico e pai de dois gémeos de pouco mais de um ano de idade, o que lhe confere à-vontade para espetar o dedo, beliscar ou apalpar as roupas dos seus clientes e para os cumprimentar sem os fazer sentir incomodados. Com o tempo, aspira a tornar-se uma marca global e levar homens e, eventualmente, mulheres de qualquer lugar a viverem de acordo com o seu lema: "Estilo. Confiança. Sucesso." E para isso basta causar uma inesquecível primeira impressão.
Então, o que devo eu usar para conhecer esta personagem? Levei algum tempo a tomar uma decisão. Talvez vestir-me como ele o faz, por vezes: umas calças informais e um bom blazer italiano com um lenço de seda no bolso, loafers de veludo com aplicações e um relógio, cujo custo é superior ao do meu carro. Mas, por razões óbvias, não posso fazê-lo.
Acabei por escolher as roupas que uso geralmente quando vou entrevistar alguém ou jantar fora: chinos azul-marinho, a minha camisa branca de tecido Oxford, o meu melhor pullover com decote em V, também azul-marinho, e fiáveis botas de bom acabamento. E, sentado aqui, neste momento, decorrida meia hora da primeira conversa com Weitz, à mesa deste restaurante chique, com Los Angeles a nossos pés, sinto-me muito confortável com a minha opção.
"O que é que traz vestido?", pergunta, de repente. "Eu diria que devia ter escolhido outra coisa." O quê? "Um pólo ou uma camisa com os colarinhos abotoados." Os seus modos sedutores e a voz tão delicada tornam impossível sentirmo-nos ofendidos com o brusco comentário. Mas… que mal tem esta camisa? Weitz reflecte por um momento. "Depende do que se pretende transmitir. Há roupa que dá uma imagem de que se está nas tintas e há aquela que indica que se deseja vestir de forma mais elegante." E Weitz continua: "Olho para si e penso: ‘Trabalha em casa. É jornalista, mas costuma sair. Não tem talento para se vestir e se vai entrevistar uma pessoa pode passar por desleixado.’" Afortunadamente, Weitz tem um plano para me libertar deste terrível destino e começa a explicar-me qual é, indiferente à busca da alma que acabou de desencadear (eu gosto mesmo da minha camisa). "O estilo que eu escolheria para si é algo muito cool, apropriado à sua idade, com o qual se sentiria confortável, algo avant-garde. E, sim, precisa de um fato e, definitivamente, de um blazer também." Por outras palavras, se era o estilo de quem se está nas tintas que ele me queria propor, não havia decerto nada que me pudesse ensinar. Esse, já eu dominava bem. Contudo, se eu quisesse experimentar algo mais vistoso, a The Weitz Effect estava ali para me ajudar. Nunca ninguém acusaria Weitz de parecer desleixado. Mede 1,87 metros, é esguio, está em boa forma física, tem pernas altas, barba curta e bem aparada, o cabelo grisalho, que corta às quartas-feiras, semana sim, semana não. Possui mais de 40 pares de óculos e seis relógios. Hoje, traz um Rolex. Veste uma T-shirt verde de James Perse, por cima da qual pôs um cardigan com fecho de correr azul-marinho de Paul Smith, que tem riscas brilhantes apenas num dos lados, calças de ganga desbotadas da AG e sapatos de camurça de Isaia, com fivelas, de cor camel e uma tira de borracha branca na sola, e que lhe terão custado cerca de 480 euros. E este é o Weitz vestido informalmente.
Na sua actividade anterior, quando foi nomeado pela The Hollywood Reporter como um dos agentes da indústria cinematográfica mais bem-vestidos, era um pouco mais dandy do que actualmente, diz Weitz. "O que me deu uma vantagem competitiva foi não usar fatos pretos, azul-escuros ou cinzentos. Usava fatos de três peças. Usava casacos trespassados. Usava calças justas. Usava relógios de bolso, lenços no bolso do casaco, coisas que faziam com que sobressaísse, que me tornavam memorável. As pessoas conheciam-me como o tipo dos lenços de bolso." O seu estilo pessoal evoluiu. Descreve-o como "desportivo, moderno, acima do informal, conservador com um toque pop, vanguardista e um pouco street". Seja lá o que isto significa, parece funcionar. O que Weitz veste é elogiado "todos os dias, por vezes mais do que uma vez". A GQ inglesa, em 2017, pô-lo na lista dos 50 homens mais bem-vestidos do mundo. "A forma como nos apresentamos é a forma como as pessoas se vão lembrar de nós", refere. Toda a gente pode beneficiar com o facto de pensar um pouco sobre esta questão. Todavia, nem todos podem pagar os honorários da The Weitz Effect. Se só tiver 500 euros, por exemplo, para gastar em roupas, é melhor procurar ajuda noutro lugar. "Eu não tenho tempo para isso", diz-me Weitz, mais tarde. "Dada a natureza do que eu faço, não vale a pena contratarem-me se não tiverem 10 mil euros para gastar."
A certa altura, pergunto-lhe o que diria a Mark Zuckerberg se tivesse a oportunidade de trabalhar para ele. Weitz não deixa escapar a possibilidade de se expressar: "Ele precisa de mim porque é uma figura pública. Está sob os holofotes do palco do mundo. Penso que é importante não pensar apenas que vestir calças de ganga e T-shirts não tem qualquer relevância. Há um tempo e um lugar para o fazer. Sim, ele é rico. Sim, trabalha na indústria tecnológica. Mas sabe que mais? Esses dias acabaram. Já não é um multimilionário de 25 anos." Imagine-se Zuckerberg a pestanejar devido a esta mortificadora assessoria e a perguntar-se se precisará realmente de um lenço de bolso. O rei das redes sociais vestiu-se de forma mais convencional quando foi ouvido pelo Congresso, em Abril deste ano, concede Weitz, mas "podia tê-lo feito melhor". Eu tenho a certeza de que o fato que envergava custou uma fortuna, digo. Weitz troça. "Ouvimos uma série de homens gabarem-se de vestir Armani, Ralph Lauren ou Tom Ford. Isso não interessa. Não é uma questão de marcas. É a forma como se vestem." Os clientes da The Weitz Effect podem escolher de entre uma série de programas, cujos custos variam (e não são divulgados publicamente). Para o primeiro serviço pagam uma jóia e Weitz reabastece os seus guarda-roupas todas as estações e as roupas são provadas e ajustadas ao corpo do cliente, em casa. Estes clientes de elite – tem cerca de dez – também podem contactar o próprio Weitz fora do período de reposição de roupas sazonais e ter acesso a um "livro de guarda-roupa" que pode ser em suporte de papel ou digital, o qual ensina a combinar todas as peças de modo a obter múltiplos visuais "aprovados pela The Weitz Effect". O passo seguinte consiste em duas rondas de compras com Weitz, a que se segue a prova e respectivos ajustes. Há ainda um programa que consiste num "guia de introdução" para "pessoas que desejam mudar de estilo, mas que ainda não se sentem preparados para avançar", no qual Weitz, durante 90 minutos, se foca numa área particular da vida do cliente e lhe propõe uma única muda de roupa. Outro dos programas, que é feito em metade de um dia, destina-se a homens que se sentem confiantes no seu próprio estilo, mas que pretendem acrescentar-lhe um visual "que cause mais impacto", por exemplo, para um determinado evento. As suas ambições não são modestas. "Eu estou, sem qualquer dúvida, a criar uma indústria", afirma. "Estou aqui para ajudar, mas também para criar um império." A sério? Um império?! Weitz mostra um largo sorriso. "Dentro de dois anos, toda a gente saberá o que é a The Weitz Effect, se não o souberem já." Passado um mês, voltamos a encontrar-nos, para irmos às compras. Naquela altura, Weitz andava a tratar de tudo para vestir dois convidados do casamento real britânico. Espera que se tornem clientes habituais da The Weitz Effect. São ambos veteranos da indústria do entretenimento que trabalharam com a nova duquesa do Sussex. Weitz disse-lhes: "Vão estar com a realeza, não na cerimónia de atribuição dos Emmys." E procurou algo mais "requintado" do que os habituais casacos que usavam nos jantares de gala. No início de Maio deste ano, Weitz foi a Nova Iorque, única e exclusivamente para vestir Tom Brady para a gala de angariação de fundos do Metropolitan Museum of Arts Costumes Institut. Neste projecto trabalhou com a Versace a fim de produzir três diferentes fatos de cerimónia para a estrela do futebol americano mais conhecida internacionalmente, que é casado com Gisele Bündchen e que adora comprar roupa. Brady escolheu o mais excêntrico dos fatos que consistia num casaco preto sobrecarregado de aplicações douradas nas lapelas e calças pretas com uma fileira de cristais dourados na costura exterior de cada uma das pernas. Weitz diz: "No dia seguinte, é claro, o único homem presente na Met Gala de quem se falava era o Tom Brady." Tudo isto é verdadeiro, mas não necessariamente pelas melhores razões. As pessoas são objecto de muita troça. Alguém disse que o quarterback parecia "um mágico de Las Vegas". Weitz encolhe os ombros. "O Tom é muito bem-parecido e está preparado para esse tipo de atitude. Repare, se o fato não lhe ficasse bem, eu teria dito para não o usar." Weitz já tem a pele calejada. "Sabe porquê? A The Weitz Effect sou eu. Sei o que faço muito bem e sei o que faço mal."
Rodeo Drive, que fica no centro de Beverly Hills, é o escritório não oficial de Weitz. Está à minha espera nas proximidades do Luxe Hotel, no lado oposto da rua ladeada de palmeiras, onde se situam a Gucci e a Prada e junto à loja da Rolex. Veste de forma atraente e parece um homem próspero, o que, suponho, se deve ao facto de usar roupas que devem ter custado centenas de milhares de dólares. Usa uma sweatshirt de Brunello Cucinelli, uma camisa às riscas de Gucci, calças azuis de Salvatore Ferragamo com um cordão na cintura, meias da London Sock Company, sapatos castanhos de Berluti, que são um híbrido de brogues e sapatos de ténis, e um relógio Patek Philippe Nautilus. Segura o telefone e o dinheiro na mão direita. "É uma regra", diz, enquanto atravessamos a rua em direcção à Brioni. "Nenhum homem devia pôr nada no bolso da frente." Estraga o perfil, alarga as calças e não é gracioso. "Conhece a Brioni?", pergunta-me, enquanto damos uma volta pela loja. Não, não conheço. Aparentemente é o pináculo do luxo italiano das roupas para homem: um lugar para pessoas que levam a alfaiataria muito, muito a sério (preço exemplificativo: 500 euros por um pólo). Dirigimo-nos, de imediato, para umas escadas que conduzem a uma área VIP e sentamo-nos num sofá de cor creme. É-nos servido um café expresso. Na zona dos provadores há um varão com casacos de cabedal, duas camisas e quatro fatos ou blazers do meu tamanho – todos escolhidos previamente por Weitz e pendurados em cabides que pesam tanto como um computador portátil. Eu experimento um fato azul que é, de longe, a melhor coisa que vesti em toda a minha vida. É chamado um alfaiate da casa, que, sob a meticulosa orientação de Weitz, coloca alfinetes nas calças para que me assentem ainda melhor. Mais tarde, quando as tiro, com todo o cuidado, os meus boxers ficam presos num dos alfinetes e sinto uma desconfortável picadela. Com alguma surpresa da minha parte, dou por mim a gostar de um casaco desportivo de um fino tecido com um padrão de xadrez bege e castanho. É uma peça que jamais consideraria usar, mas não consigo deixar de sorrir quando me vejo dentro dele. Faz-me lembrar algo que um dos jogadores de golfe do clássico da comédia O Clube dos Malandrecos poderia vestir. Outro momento alto da minha selecção na Brioni foi um cardigan ("Parece um homem que se sente à vontade num cardigan", elogia Weitz, com cara séria) e um adorável pólo de mangas compridas. "Pode sair daqui com isso vestido que ninguém reparará", diz Weitz, piscando-me o olho. Depois, acabou-se a Brioni. Foi uma nada dolorosa experiência de compras – embora isso se deva ao facto de eu não ter comprado coisa alguma nesta loja angustiosamente cara. A principal loja de Ralph Lauren, com as suas colunas brancas, encontra-se do outro lado da rua. Ultrapassada a grande porta de acesso às áreas de exposição, há outra sala VIP. São-nos trazidos água e crisps. Todas as roupas que se encontram ali são também o meu tamanho. "Experimente este", diz Weitz, estendendo-me um pólo de cor creme. "É um pouco pequeno, mas não se incomode se lhe ficar justo." Quando saio do provador, ele franze o sobrolho. "É pequeno..." Fica muito mais entusiasmado com uma camisa de ganga, um par de calças azul-escuras e, sobretudo, com um conjunto que inclui uns lustrosos sapatos de ténis castanhos-escuros e uma camisola de camurça azul com capuz, a qual custa 2.300 euros. "Fica-lhe maravilhosamente", declara Weitz. "É o tipo de vestuário que lhe abre todas as portas", diz Stephen Christensen, o muito cortês assistente de vendas. "Por exemplo: ‘Não reservou mesa? Não faz mal, sir. Faça o favor de se sentar.’" Saindo da minha zona de conforto graças ao entusiasmo de ambos, apaixonei-me por uma camisola púrpura de caxemira. Neda Rouhani, a assistente de Weitz, tira-me uma fotografia com ela vestida. Quando, nessa noite, a mostrei à minha família ela ficou horrorizada. "Bem, pelo menos não o perderíamos de vista durante uma tempestade de neve", acabou por dizer a minha mulher. A minha filha, que tem 11 anos, replicou: "Se ele estivesse com essa camisola, tu gostarias de o perder de vista."
Às 13 horas e 30 minutos, o almoço aparece em tabuleiros prateados: a famosa salada de frango picado dessa instituição de Beverly Hills que é o La Scala, servida com pesados moinhos de metal com sal e pimenta da Ralph Lauren. Seria fácil acostumar-me a esta vida.
Andrew Weitz, que nasceu numa família da classe média-alta de Filadélfia, é o filho mais novo de um engenheiro electrotécnico de sucesso e de uma dona-de-casa com olho para o estilo. Aos 11 anos já se interessava o suficiente por roupas para levar a mãe a comprar-lhe um muito particular casaco acolchoado cinzento. Alguns anos mais tarde, quando adolescente, Weitz encontrava-se, em certa ocasião, na Florida, de férias, e ia jantar fora. Vestia um casaco desportivo, uma camisa e umas calças, tinha gel no cabelo e a pele bronzeada, fazendo de conta que era um agente dos Serviços Secretos, com um imaginário auricular. "Pus os óculos de sol e pensei: ‘Raios! Adoro este visual’", diz. "Sempre pensei que um dia trabalharia nos Serviços Secretos." Contudo, não. Estudou Comunicação e Marketing na George Washington University, altura em que um estudante com quem partilhava o quarto lhe provocou uma forte impressão devido ao seu estilo, levando Weitz a substituir as suas roupas largas dos anos 90 por um estilo certinho, como o dos estudantes dos colégios particulares caros. Mais tarde, foi com o irmão mais velho, Richard, para Los Angeles, onde trabalharam, por duas vezes, na mesma agência de talentos (Richard é actualmente sócio da William Morris Endeavor, onde Andrew trabalhou). Entre os agentes, Weitz destacou-se devido ao seu extravagante sentido de estilo. Começou, de modo informal, a aconselhar formas de vestir a clientes e outras pessoas que conhecia. Há oito anos, na sua despedida de solteiro, num fim-de-semana em Las Vegas, um amigo que conhecera apenas dois anos antes, mas cujo guarda-roupa tinha vasculhado várias vezes, levantou-se e fez um discurso. Desde que havia começado a comprar roupas com Weitz, revelou, perdera peso e os seus negócios haviam prosperado. "Ele disse: ‘Devo tudo isto ao Andrew. Se não o tivesse conhecido, eu estaria caído numa valeta qualquer.’" Weitz começou a melhorar o seu desempenho. Deu-se conta de que "é isso que eu devo fazer". Foram necessários mais quatro anos para dar o grande passo de mudar de rumo na sua carreira.
O seu trabalho parece "100 por cento" diferente da sua vida enquanto agente. Para melhor. Weitz está convencido de que há um renascimento em curso no estilo dos homens e de que ele está na crista dessa onda. Porém, até agora, não sentiu qualquer impacto financeiro. "Estou numa situação em que eu posso comprar um fato da Brioni? Não. Mas estou numa posição que ultrapassou as minhas expectativas." Andrew Weitz prefere vestir homens na casa dos 20 e dos 30 anos, mas também considera que há, como nunca, mais homens elegantes em toda a parte, e menciona Brady e David Beckham, e os jogadores de basquetebol LeBron James e Russell Westbrook. Jeff Goldblum "sabe quando deve fazer sobressair o estilo e quando pô-lo de parte" e "infunde sempre alguma juvenilidade ao seu estilo pessoal" sem tentar vestir-se como se fosse mais novo. Weitz aprecia muito o modo como actores como Donald Glover e Jared Leto vestem Gucci de forma descuidada, obtendo um visual muito vanguardista, embora Leto, na sua exuberância, por vezes, "exagere", diz. "Mas eu sei o que ele pretende com isso." George Clooney, obviamente, fica fabuloso nos seus fatos, mas por vezes desaponta Weitz. "Eu penso que podia fazer melhor", afirma. "É o George Clooney. Acho que poderia ter feito melhor no casamento real [do príncipe Harry e de Meghan Markle]." Weitz diz que lhe sugeriria um fraque, antes de acrescentar que o noivo estava maravilhoso, tal como seria de esperar: "É um príncipe, tem um corpo magnífico, é jovem e vestiu-se adequadamente para a cerimónia." A sua verdadeira admiração é reservada ao príncipe de Gales, todavia. O príncipe está sempre "elegante", diz Weitz. "Veja como se veste. É fantástico."
Andrew Weitz recusa-se a falar das figuras públicas que se vestem mal. Menciona apenas as coisas que considera detestáveis: sapatos de biqueira quadrada, calças de ganga inapropriadas ao corpo de quem as usa, camisas largas, blazers e casacos de fato vários números acima do tamanho da pessoa. Estes delitos causam-lhe um desconforto físico? "Não, mas levam-me a querer falar com eles, a saltar para dentro da fotografia ou da televisão. Quero ajudar." Macron, o Presidente francês, é um exemplo extraordinário do político que sabe como se vestir correctamente. (O seu visual é "adequado – e ele é um homem hábil".) Já Paul Ryan, o líder republicano da Câmara dos Representantes, não sabe. Alto e rígido, fazendo lembrar um rapaz com o fato do pai vestido, Ryan é "alguém que eu adoraria ajudar. Podia ficar fantástico". Barack Obama ficou "mais em forma e na moda" à medida que o tempo passava, mas o que dizer do actual ocupante da Casa Branca? Poderia Weitz fazer Donald Trump parecer bem-vestido? "Sim, eu penso que conseguiria", responde. "É um homem corpulento, mas quando se usam roupas que assentam bem e que acentuam o corpo, independentemente do tamanho que se veste e da forma corporal, parecemos mais poderosos, mais elegantes e mais compostos. Penso que [ele teria a ganhar com essas vantagens] se tivesse o cuidado de escolher os seus fatos dessa forma e talvez acrescentar outro elemento, e não apenas o azul-marinho, para obter um visual que provocasse mais impacto." Depois, de forma mais séria, fala da colecção de gravatas de Trump. O Presidente devia usar mais vezes as suas gravatas de riscas na diagonal, em vez das vermelhas, e, "definitivamente, mais curtas". Acabamos de comer a nossa salada e está na hora de irmos a mais uma área de vestuário exclusivo. Esta ocupa um piso inteiro e o pátio da Tod’s, uma sapataria italiana de luxo, que se alcança através de um elevador no qual se encontram duas cadeiras de braços, de couro, muito confortáveis. Uma selecção de sapatos de ténis, de loafers e de brogues feitos à mão, todos do meu número, todos mais caros do que qualquer par de sapatos que alguma vez comprei, está à nossa espera no piso de cima. É-nos servido em breve mais café expresso, mas, para ser sincero, começo a sentir-me um pouco tonto após várias horas como alvo de tanta atenção. Se, efectivamente, eu tivesse milhares de dólares para gastar, não sei se poderia confiar no meu discernimento para reconhecer que, de facto, não gosto de nenhum dos sapatos que vejo. É nestas situações, mais uma vez, que Andrew Weitz intervém. Uma das coisas que os seus clientes adoram é que ele age como um filtro para as suas más decisões. A um dado momento, no nosso dia de compras, Weitz aponta para umas peças que haviam sido rejeitadas – um blazer, um casaco de couro e umas calças de ganga – e disse-me que eu nunca as devia comprar. Por um breve instante, os seus olhos brilham, sugerindo que está em jogo algo muito mais importante do que fazer compras. "Se eu lhe dissesse ‘Isto fica-lhe muito bem’, ficaria aborrecido comigo próprio", confessa. "Eu estaria a ser desleal consigo e comigo, e não é assim que a The Weitz Effect funciona. Não estou neste negócio para concordar com tudo. Estou neste negócio para o fazer sentir-se f***ing great."