Aos 75 anos, o piloto e esquiador patrocina competições de "mountain bike" e parapente para associar o seu produto à aventura. Com um património aproximado de 11 mil milhões de dólares, segundo o Bloomberg Billionaires Index, o empreendedor austríaco também é dono de duas equipas de Fórmula 1 e da equipa de futebol alemã RB Leipzig.
Mais discretamente, Dietrich Mateschitz passou a última década a fazer aquisições nos Alpes Austríacos, comprando castelos e mansões de ordens religiosas ou de famílias aristocráticas que não conseguiam arcar com os custos de manutenção. Entre as suas propriedades estão uma casa de hóspedes de estilo Art Nouveau construída em 1908, uma casa de campo remota nas margens do Lago Wolfgangsee e uma taberna construída em 1603. Mateschitz gastou milhões em reformas, restaurando frescos e tetos.
"Tenho uma queda por lugares lindos e únicos", revelou Mateschitz numa entrevista ao jornal Kleine Zeitung em abril de 2017. "Quero apreciar estes lugares, mas também quero tratar deles."
As aquisições concentram-se numa região economicamente problemática que já teve uma próspera indústria siderúrgica. Por isso, Mateschitz consegue pechinchas. A taberna com séculos de existência foi comprada por 861.000 euros. Estes investimentos imobiliários são ínfimos face às receitas de 5,5 mil milhões de euros da fabricante de bebidas energéticas sediada em Salzburgo, que o próprio fundou em 1984 em conjunto com o empresário tailandês Chaleo Yoovidhya. Mateschitz, o homem mais rico da Áustria, é dono de 49% da empresa.
Embora tenha transformado algumas propriedades em pousadas ou hotéis para atrair visitantes para a sua pista de Fórmula 1, Mateschitz não ganha dinheiro com elas. Um projeto altamente sazonal na região de Murtal, que inclui a pista de corridas, sete hotéis e cafés, perdeu cerca de 30 milhões de euros em 2016 e também em 2017.
"Mateschitz é um filantropo clássico no sentido de que se preocupa muito mais com os materiais, a beleza e o património cultural do que com preços ou taxas de retorno do investimento", afirmou Alexander Kottulinksy, proprietário do Castelo de Neudau e presidente da Associação Austríaca de Casas Históricas. "Sem pessoas como ele, muito do conhecimento especializado de carpinteiros, pintores e conservadores perder-se-ia."
Nascido na província da Estíria, Mateschitz começou a procurar estas propriedades quando decidiu dar vida nova à única pista de Fórmula 1 do país, em Spielberg, a cerca de 60 quilómetros da vila onde nasceu. O bilionário precisava de oferecer hospedagem a figuras importantes do segmento, como Bernie Ecclestone.
Em 2017, pagou 15 milhões de euros por Landhaus zu Appesbach, uma mansão histórica nas margens do Lago Wolfgangsee — por sinal onde Edward, o duque de Windsor, passou algum tempo em "esplêndido isolamento" em 1937, após abdicar do trono britânico. A família Schuetten vendeu-a com "dor no coração, porém com a consciência limpa por ter procurado e encontrado um comprador que entende o sítio e o vai preservar", segundo a brochura que promove o que hoje funciona como um hotel.
No ano passado, Mateschitz adquiriu uma pousada de madeira de três andares no Lago Preber que estava a ser usada por nudistas. A Associação de Tiro do Lago Preber temia que um oligarca russo comprasse o local para transformá-lo em refúgio de luxo, conta Heimo Waibl, o mestre de tiro do clube.
Atualmente, Mateschitz está a reformar uma pousada alpina e a planear a restauração do Castelo de Thalheim, que fica perto da cervejaria gerida pelo seu filho Mark, de 27 anos.