As mensagens contraditórias da campanha presidencial de Kanye West, assim como a sua ligação a aliados do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm levado o público a acreditar que este último está a usar o rapper como um candidato estratégico para sabotar o candidato democrático Joe Biden. De acordo com o jornal The New York Times, West encontrou-se no passado fim de semana com a filha do presidente, Ivanka Trump, e o marido Jared Kushner, algures no estado do Colorado, alimentando a especulação de que as campanhas de ambos estarão coordenadas. West confirmou esta reunião no Twitter, embora tenha apenas revelado que discutiu com Trump e Kushner o livro de empoderamento racial PowerNomics, de Dr. Claud Anderson.
O rapper, que tem sido um apoiante ávido de Trump nos últimos anos, usando frequentemente o seu infame boné com o slogan "Make America Great Again" (em português "Tornar a América Grande Outra Vez"), anunciou a sua própria campanha presidencial no passado dia 4 de julho (feriado nacional dos EUA). Mas existem várias dúvidas quanto à veracidade da mesma dadas as declarações erráticas e contraditórias características de West. Este alegava também contar com o apoio do magnata Elon Musk e ter já escolhido um candidato a vice-presidente ainda por revelar. Para espanto do público, o rapper anunciou na altura que também teria perdido a confiança no chefe de Estado, considerando o seu mandato "um caos".
Face a estas críticas a Trump, a ligação entre Kanye West e o Partido Republicano não é completamente clara, embora a semelhança ideológica entre os dois e o facto de West ter entregue petições em vários estados norte-americanos para conseguir entrar nas urnas leva muitos norte-americanos a especular que este esteja a tentar desviar votos afro-americanos de Biden para favorecer Trump.
Na semana passada, a revista Forbes perguntou diretamente a Kanye West se este estaria a trabalhar de propósito para sabotar o candidato democrático, ao qual este respondeu que "não o nega" e que está a "andar" nesta corrida à presidência. Trump, por seu lugar, negou qualquer ligação à candidatura de West, embora tenha expressado o seu apreço pelo rapper e designer, acrescentando que este foi "sempre tão simpático comigo" e que "gostava dele".
Quer se trate de uma manobra de sabotagem ou não, a chamada "Visão para 2020" (em inglês, "2020 Vision") de West pode não se concretizar. Em primeiro lugar pela evidente intenção de derrubar Biden e Kamala Harris, a senadora recentemente escolhida por ele para vice-presidente, custe o que custar. A segunda razão para o seu possível fracasso será o facto de a campanha do rapper enfrentar várias acusações de fraude eleitoral. No seu estado natal de Illinois, a petição anteriormente mencionada foi posta em questão por mais de metade das 2 500 assinaturas obrigatórias não serem válidas. Outras questões semelhantes foram levantadas em Nova Jérsia, onde desistiu da petição depois de mais de 700 assinaturas suspeitas serem apontadas por um dos advogados responsáveis pelas eleições.