Toda a gente quer ter uma vida mais feliz. Há teorias extremistas sobre largar tudo e ir viver para o Tibete, ou dar a volta ao mundo num veleiro, ou simplesmente comprar uma certidão de óbito com o nosso nome e colá-la na porta de casa. E outras teorias mais corriqueiras, como fazer meditação, rir todos os dias, colar fita adesiva na boca dos familiares quando… – não, erro nosso, parece que esta não conta.
Por outro lado, toda a gente sabe o que é que não traz felicidade – o dinheiro! –, embora a maior parte das pessoas concorde que mais vale chorar numa cama king size com lençóis de algodão do Egipto, do que dentro de uma tenda, debaixo da ponte. No meio de tudo isto, o que é que faz uma pessoa que não está interessada no Tibete e que até faz meditação e coisas do género, mas continua a ver o ponteiro da felicidade na reserva? De acordo com o médico britânico Rangan Chatterjee, autor do livro Happy Mind, Happy Life, apresentador de televisão e podcaster, há soluções. Cinco, na verdade. E bastante fáceis de aplicar. Tentar não custa.
1. Falar com estranhos – De acordo com este médico, estudos indicam que falar com pessoas desconhecidas, ou até apenas sorrir, acenar ou cumprimentá-las, faz com que nos sintamos mais seguros e, portanto, mais relaxados e com maior sensação de bem-estar.
2. Mudar de perspectiva em momentos de stress – Imagine que está a caminho do trabalho, já meio preocupado e irritado, está imenso trânsito e ainda por cima está a chover. Às tantas, há um carro que se atravessa à sua frente fazendo-o guinar para não lhe bater. A sua vontade imediata é chamar-lhe nomes feios e dar-lhe com um taco de basebol. Porquê? Provavelmente porque imagina que ele ficou a dormir até à última e agora anda por aí a acelerar e a pôr os outros em perigo. Mas agora imagine outra coisa. Que é como quem diz, mude de perspectiva. Imagine que o condutor só está a conduzir daquela forma errática porque acabou de saber que o filho está em perigo de vida no hospital. Já não tem vontade de lhe bater, pois não? Qualquer uma das versões pode ser verdade. É impossível saber. Portanto, escolha a versão que o faz reagir com mais tranquilidade e empatia.
3. Dar prioridade ao que tem mais importância – Dito assim parece uma coisa um bocado subjetiva, mas não precisa de ser. Pode aplicar isto ao cenário macro da sua vida ou o micro. Talvez até aos dois, se estiver para aí virado. Vamos por partes. Sente-se e escreva num papel as três coisas a que dá mais importância na vida. Se a família estiver nessa lista, passe tempo com eles todos os dias. Se for uma coisa mais prosaica, como ler, garanta que não vai dormir sem dedicar tempo à leitura. É, na prática, uma forma de encaminhar a sua vida, o seu tempo e as suas escolhas para aquilo que valoriza mais. E pode aplicar esta prática também à sua agenda semanal. No início de cada semana, escolha as três coisas mais importantes que quer fazer: organizar a gaveta das meias, ir ao cinema, sair mais cedo do trabalho para dar um mergulho no mar, ligar àquele amigo com quem não fala há anos. Seja qual for a tarefa que lhe traz felicidade, é para fazer.
4. Tomar menos decisões – É amplamente conhecido que Albert Einstein vestia sempre a mesma roupa para não ter de perder tempo com escolhas desnecessárias. E parece que Barack Obama e Mark Zuckerberg são adeptos do mesmo clube. E porquê? De acordo com Rangan Chatterjee, demasiadas decisões desgastam o cérebro e retiram-lhe capacidade para decidir quando é realmente importante. O que ver na televisão, o que comer, o que vestir… Centenas de escolhas que exasperam uma pessoa e que este médico recomenda que evite. Por outro lado, se a sua recusa em tomar decisões domésticas vai sobrecarregar o resto da família, o mais provável é que dê por si a ter de escolher um advogado de divórcios. Como em tudo na vida, o equilíbrio é a chave.
5. Largue o telefone – Ora, já cá faltava esta, não é verdade? Para nos convencer, Rangan Chatterjee refere estudos norte-americanos que indicam que ficar fora das redes sociais pode ter um efeito na felicidade equivalente a ganhar 100 mil dólares por ano, e muitos mais estudos indicam que reduz a ansiedade. E não é preciso ser o Einstein, com a sua escolha de roupa limitada, para concluir que fica com mais tempo livre para fazer as coisas de que gosta mesmo.