A história de
Rajinder Singh é pouco usual. A viver na zona de Hayes, no oeste de
Londres, mudou-se de Punjab para Inglaterra nos anos 70, sozinho, para ir viver com um tio, deixando a família para trás. Assim que começou a trabalhar, ajudando o seu tio num seu negócio de reparação, comprou o seu primeiro fato de atletismo e
começou a correr. Seguiram-se trabalhos com um
carpinteiro, um
fornecedor de catering de companhias aéreas, foi
padeiro, e por fim
motorista do aeroporto Heathrow durante 28 anos. Mesmo quando fazia turnos duplos, encontrava tempo para correr, e
sempre se deslocou a pé. Mas a sua história com o desporto não começa aí.
De
Punjab,
o coração da comunidade Sikh da Índia (uma religião), trouxe as memórias da infância passada na pequena aldeia de Devidaspura. Aos cinco anos,
conta ao The Guardian, o pai - que era atleta e serviu na segunda guerra mundial com o exército britânico indiano - ensinou-o a
saltar à corda, a correr, a cuidar de si. Quando era mais novo, recorda ao The Guardian, o pai disse-lhe: "'Vou vencer-te numa corrida'. Mas ele nunca o venceu. "Ele correu [como se] para me vencer, mas sabia que eu estava a tentar o meu melhor, por isso ficava para trás" recorda. "Eu disse-lhe: 'Pai, podes ganhar, porque fizeste isso?' Ele disse: 'Se eu te desencorajar, nunca vais gostar'. Ele agarrou-me, deu-me um belo abraço, um momento que eu nunca esqueço". Hoje tem 74 e essa inspiração no pai, que nunca mais voltou a ver, ainda o acompanha.
Prova disso é que, durante a pandemia, preocupado que o encerramento dos templos Sikh levasse os seus companheiros de culto em Slough, Berkshire, a sentirem-se isolados, começou a filmar-se
a saltar. Os seus
vídeos de exercícios rapidamente se tornaram virais no Twitter e no Youtube, e incentivaram centenas a mexer-se. O que lhe valeu recentemente um
MBE (Member of the Most Excellent Order of the British Empire) atribuido pelo governo inglês.
Agora com 74, Singh está a preparar-se para a sua
primeira maratona, em Londres, em outubro. "Eu confio em Deus", disse, ao jornal britânico. A sua maior corrida até à data é de
13 milhas. Então, porquê fazê-lo? "O exercício é o meu
sangue vital", afirma. "O desporto é a minha família." A par deste objetivo, está a construir uma
comunidade online onde é conhecido como "o Sikh Skipping" as pessoas enviam-lhe frequentemente cordas extravagantes. Mas diz que nunca corre verdadeiramente sozinho.
"Cada vez que corro, que dou o primeiro passo, o meu pai entra nos meus pensamentos".