A pressão para se ter uma vida perfeita é hoje maior do que nunca, em parte fruto do conteúdo consumido, muitas vezes de forma insconsciente, nas redes sociais. Exemplo: se esta figura pública mostra que consegue conciliar uma carreira de sucesso (um conceito altamente discutível e variável, esse do sucesso), família, amigos e ainda ir ao ginásio sem descurar a estabilidade financeira, então "eu também vou conseguir", nem que para isso tenha de sacrificar alguma saúde mental e demasiadas horas de descanso. Será?
Num artigo da Marie Claire britânica, Charlotte Philby, escritora e antiga jornalista, descreve como se despediu do antigo emprego – foi editora no jornal Independent até 2014 - para começar a sua própria empresa mas que, ao fim de alguns anos, decidiu encerrar a revista Motherland, porque o estilo de vida que estava a levar não lhe era sustentável. "A verdade é que nunca me tinha sentido tão aliviada. Desistir sabia bem", escreveu.
A ideia de que ser a sua própria chefe seria a melhor experiência de sempre – supostamente teria um maior controlo sobre tudo – foi rapidamente deitada por terra, porque com ela vieram também muito stress e ansiedade. Segundo a psicóloga Jessamy Hibberd, trabalhar arduamente costumava ser a norma, e até há pouco tempo as pessoas até se gabavam disso. Agora, as gerações mais recentes estão a dar-se conta de que essa não é uma razão boa o suficiente para o seu esforço ao pesarem na balança o que estão a dar versus o que estão a receber em troca.
A ideia aqui não é desistir, mas seguir em frente com algo que nos faça sentir mais realizados e, no geral, felizes. Mas afinal, como é que sabemos que está na hora de mudar? Um dos grandes motivos é, sem dúvida, a falta de interesse pelo trabalho, tal como uma sensação permanente de cansaço. O caso agrava-se ainda mais se procurarmos ativamente formas de evitar certas tarefas, dando prioridade a outras menos importantes – um sinal de que é mesmo necessária uma pausa (ou até despedir-se). Deixar um cargo ou função porque já o maximizámos – ou seja, não há espaço para crescer – ou porque os nossos valores não se alinham com os da empresa é também uma ótima razão para apresentar a carta de demissão, segundo o Harvard Business Review, a par de uma cultura tóxica de trabalho, desgastante em termos físicos e mentais.
Em muitos casos, é comum recorrer-se a estratégias pouco saudáveis para se sobreviver ao dia a dia, como tabaco ou bebidas alcoólicas, o que pode piorar o ambiente em casa e a qualidade das relações.