Prazeres / Sabores

Que vinhos vale a pena provar em março? Cinco escolhas

Este mês, em cima da mesa estão dois tintos com selo DOC, um branco clássico e um espumante tinto da mesma região. Das vinhas velhas do Douro, um branco que demorou a encontrar.

Foto: DR
07 de março de 2025 | Augusto Freitas de Sousa
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Vinha dos Santos Branco 2023

Dias Lopes, enólogo da Quinta dos Frades, a principal propriedade adquirida em 1941 pelo industrial português Delfim Ferreira, assina este branco como "uma sedutora porta de entrada nos brancos de altitude durienses". O vinho é originário da segunda propriedade da família, a Quinta do Castelo, em Santa Marta de Penaguião, onde, segundo o responsável, "o terroir de altitude é propício para evolução de castas brancas". O rótulo, com a marca inspirada na presença dos monges beneditinos, revela ícones como a flor-de-lis, baseados em detalhes arquitetónicos da propriedade. Dias Lopes refere que as uvas utilizadas, vindimadas manualmente, vão diretamente a uma prensagem suave. O mosto escorrido é arrefecido para decantação e seguidamente fermenta a uma temperatura controlada.

Vinha dos Santos Branco 2023 Foto: DR
Vinha dos santos Foto: DR

Soalheiro Alvarinho Clássico 2024

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A gestora da casa Soalheiro, Maria João Cerdeira, refere que este vinho se confunde com a história da marca e dos pais João António e Palmira Cerdeira, ambos nascidos e criados em Melgaço. A responsável recorda que o nome se deve à generosa exposição solar, sendo que este "Clássico" foi o vinho que fez nascer a primeira marca de Alvarinho em Melgaço em 1982. Maria João recorda que a família tinha plantado a primeira vinha contínua em 1974, e também o local onde iam parar as uvas para as primeiras experiências, a garagem do pai. Conta que os vinhos "eram cada vez mais gabados pelos amigos e não demorou a que o Ford Escort vermelho saísse de vez para dar lugar às pipas de castanho". As uvas do "Clássico" são colhidas à mão, prensadas inteiras e ficam em contacto com as borras finas no mínimo dois meses. Fermenta em cubas de inox.

Soalheiro-Alvarinho-Classico-2024 Foto: DR
Soalheiro Alvarinho Clássico 2024 Foto: DR

Adega Ponte da Barca Espumante Tinto Vinhão Bruto

A equipa de enologia da Adega Ponte da Barca e Arcos de Valdevez refere que "o espumante foi criado com o objetivo de ampliar o portfólio da marca, oferecendo um produto diferenciador, uma vez que terá sido dos primeiros espumantes 100% Vinhão do mundo". A cooperativa refere que o vinho, tendo em conta a gastronomia tradicional portuguesa e pratos intensos, "decidiu-se por um perfil bruto". A marca principal da empresa é Adega Cooperativa Ponte da Barca, o que resume a identidade coletiva, a sua tradição e ligação ao território. O vinho base passa por uma segunda fermentação a fim de produzir o gás carbónico, pelo método charmat – fermentação realizada em autoclaves – de forma a preservar de forma mais pura o aroma varietal da casta Vinhão.

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Adega Ponte da Barca Espumante Tinto Vinhão Bruto Foto: DR
Adega Ponte da Barca Espumante Tinto Vinhão Foto: DR

Guru Douro Branco 2023

A enóloga Sandra Tavares da Silva não tem dúvidas que o Guru "é muito especial, pois foi criado com o sonho de produzir um vinho branco clássico, mineral e com enorme autenticidade do Douro". A responsável pela Wine&Soul refere que o foco sempre foi as vinhas velhas, "a constante busca de terroirs diferenciadores e a criação de vinhos com identidade". Esta busca, que durou aproximadamente três anos, resultou no nome Guru, pois foi essa constante procura, inspiração que a guiou até às vinhas de que ele provém. Sandra Tavares da Silva explica que o branco é produzido "a partir de vinhas muito velhas com média de idades entre os 70 a 90 anos, com uma mistura de castas indígenas". O vinho foi prensado delicadamente e fermentou em barricas de carvalho francês a temperatura controlada e, posteriormente, permaneceu sobre as borras finas durante 10 meses.

Guru Douro Branco 2023 Foto: DR
Guru Douro Branco Foto: DR
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Villa Oliveira Vinha das Pedras Altas 2017

É a primeira marca criada pela Casa da Passarella. O enólogo Paulo Nunes explica que este tinto nasce de uma das sete parcelas históricas da vinícola: "a Vinha das Pedras Altas, com cerca de 90 anos, onde se encontra uma grande variedade de castas nativas". O responsável acrescenta que o vinho surgiu logo após a fundação, "tendo sido o primeiro engarrafamento efetuado em 1893, anterior à própria demarcação da região do Dão, feita em 1908, sendo por consequência um dos vinhos fundadores da região demarcada". O nome espelha a designação da vinha com 13 hectares, e apenas uma parte é selecionada, onde predominam castas como a Baga, Alfrocheiro, Touriga Nacional e Alvarelhão. Paulo Nunes esclarece que o vinho, após a fermentação espontânea em cuba de cimento, com maceração pré e pós-fermentativa, estagiou três anos em tonel de madeira.

Villa Oliveira Vinha das Pedras Altas 2017 Foto: DR
Villa Oliveira Vinha das Pedras Altas 2017 Foto: DR
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