Prazeres / Sabores

Como uma quinta no Dão voltou a por o Palhete na moda

Em Besteiros, no Dão, a Quinta da Ramalhosa homenageia a região e trás de volta o palhete, um vinho que caiu em desuso mas que volta em grande pelas mãos da enóloga Patrícia Santos e do jovem produtor Micael Batista.

Foto: Adriana Fournier @ Chef's Agency
20 de agosto de 2021 | Rita Silva Avelar
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Micael Batista fala com paixão do avô Adriano, um visionário sem o saber, enquanto nos conta a história dos novos vinhos da Quinta da Ramalhosa, durante a apresentação no restaurante Frade, em Lisboa. O jovem produtor dá seguimento às vinhas que o avô plantou há 30 anos, sem medo de arriscar nem de ser disruptivo, e arriscou logo num palhete que homenageia a tradição desta região, que está a ser redescoberta pelos portugueses e pelo mundo.

Feito no velho lagar de pedra que ainda hoje é utilizado, o Quinta da Ramalhosa Palhete 2019, foi idealizado com Patrícia Santos, a enóloga. "Este Palhete é um vinho que, além de homenagear o avô Adriano, conta a história da vida e do vinho do Dão de outros tempos. Ali não se faziam brancos, e os tintos queriam-se prontos para beber cedo", explica Micael Batista. "Em março, com a chegada da primavera, começava-se a consumir o vinho novo, que estava já pronto a beber, sem taninos duros e com cores claras e apelativas". Eram chamados os "rosados" do Dão, que se davam bem aqui, até porque esta zona é caracterizada pelas manhãs húmidas e temperaturas amenas de Tondela e pelo efeito da barragem da Aguieira, que confere aos vinhos uma elegância distinta.

"O vinho era parte da vida do campo, era o alento e a força para o trabalho, razão para ser um vinho simples de beber logo na "bucha" da manhã. Os costumes da região, e a tradição da família é o que se pode encontrar dentro de uma garrafa deste Quinta da Ramalhosa 2019 que apresentamos agora. Este é um vinho que tem em si muita história, que muito nos orgulha, e que quisemos contar da forma que sabemos melhor, fazendo um vinho que recria o vinho que o meu avô aqui fazia", conta ainda Micael Batista durante o almoço de apresentação.


De denominação DOC Dão, o Quinta da Ramalhosa Palhete 2019 é uma edição limitada a 1200 garrafas, e é composto por 13 castas: Alfrocheiro, Touriga-Nacional, Jaen, Baga, Tinta Pinheiro, Tinta Roriz, Bastardo, Malvasia Fina, Encruzado, Uva Cão, Bical, Fernão Pires, e Rabo de Ovelha. As uvas são colhidas manualmente (e não são desengaçadas), e a fermentação é feita em lagar, com a uva inteira e pisa a pé. Segue-se um estágio de 6 meses em inox, após o qual o vinho foi engarrafado, permanecendo 12 meses em garrafa, até estar pronto para consumo. O resultado é um vinho muito fresco, cheio de aroma, em que o destaque vai para a fruta. Na boca tem uma elegância que surpreende, ideal para acompanhar carne, ceviche, sushi, pratos de mar, legumes, peixes com alguma gordura, carne, enchidos e queijos. A companhia perfeita à mesa em diversas ocasiões.


Da Quinta, destaca-se ainda o Quinta da Ramalhosa 2017 tinto, com as castas Alfrocheiro e Touriga Nacional, opostos que se envolvem num vinho delicioso, ou o branco do mesmo ano onde as variedades como o Bical, Malvazia fina, Encruzado, Fernão-Pires e Rabo de Ovelha se harmonizam num vinho branco complexo com acidez marcante.


A partir de agora, o Quinta da Ramalhosa Palhete 2019 já está disponível (€25) em diversas lojas online, como a Outwine, a Garrafeira INformal, a Adegga ou a RESERVA86, em garrafeiras, como a Copo d’Uva, no Porto, bem como nas cartas de alguns restaurantes do país.
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