Adega Mãe Colheita Tardia 2021
A forma mais tradicional de elaborar os colheitas tardias ou na sua designação em inglês, late harvest, é através de um fungo que se instala nas uvas. O enólogo Diogo Lopes diz que a ideia de produção de "um colheita tardia genuíno na Adega Mãe é antiga". Refere que o terroir da propriedade "é propício ao aparecimento da Botrytis Cinerea – a chamada podridão nobre, que distingue os icónicos late harvest do mundo".
O responsável explica que a vinificação é muito particular, "desencadeada a partir de uvas em processo de desidratação, motivada pelo fungo", mas, porém, "só à quarta tentativa foi possível conjugar as condições ideais, na vinha e na adega, para alcançar um colheita tardia genuíno, fiel ao que é a intervenção deste fungo, o que eleva desde logo o patamar deste vinho".
Este vinho é feito com as castas Petit Manseng e Semillon, que o enólogo considera "inspiradoras para este processo que, por exemplo, integram grandes late harvest franceses e, ao mesmo tempo, o campo experimental de castas internacionais existente na Adega Mãe".
Diogo Lopes aponta os 12ºC. para servir o vinho e uma "combinação perfeita com foie-gras, patés e queijos, e ainda sobremesas". O preço de €40 foi entendido pela Adega Mãe como um valor equilibrado para um vinho especial, de patamar elevado. O responsável pela enologia da casa garante que o colheita tardia pode ser guardado, até porque "este perfil de vinhos tende a demonstrar uma evolução extraordinária". Relativamente ao perfil de consumo, Diogo Lopes indica que será muito particular, "que valoriza vinhos e momentos de prova/harmonização especiais".
O enólogo conclui que "a névoa matinal e a humidade que invadem a vinha proporcionam condições propícias para o aparecimento da Botrytis Cinerea", o que possibilitou o lançamento deste Adega Mãe Colheita Tardia 2021.
Tapada dos Coelheiros Garrafeira 2015
Luís Patrão, enólogo Tapada de Coelheiros, conta que este vinho tinto foi produzido pela primeira vez em 1996 e "é um dos vinhos mais premiados do Alentejo, marcado pela inspiração no Vega Sicília Único". Refere as castas, maioritariamente Aragonês e complementado com Cabernet Sauvignon, num ano especial, "pois marcou o último Garrafeira acompanhado pelo António Saramago, que dedicou 25 anos à Tapada de Coelheiros".
O vinho provém da vinha Leonilde, homenagem à antiga proprietária que plantou as primeiras vinhas com cerca de 40 anos. O enólogo refere que "a vindima é feita manualmente nas primeiras horas da manhã, seleção rigorosa das uvas, desengace total e fermentação em pequenos lagares de inox". Depois estagiou 18 meses em barricas de carvalho francês seguido de uma maturação em garrafa de mais cinco anos.
Para Luís Patão, o maior desafio foi o acompanhamento da criação do lote final do seu primeiro Garrafeira na casa. O enólogo recomenda uma temperatura entre 15 e 17ºC para o servir com pratos tradicionais da região do Alentejo, ricos e complexos, como "um ensopado de borrego ou um javali estufado".
O preço, que ronda os €90, foi definido pela combinação de vários fatores, entre os quais a idade da vinha e os seis anos de estágio. Quanto à longevidade, Luís Patrão garante que tem "grande potencial e a ideia é que possa ser guardado pelo menos mais 10 a 15 anos", porém "já se encontra numa fase bastante interessante para consumo".
O responsável pela enologia da casa aponta o Garrafeira como "destinado a quem valoriza a evolução e a complexidade que um vinho pode desenvolver ao longo do tempo de cave, e a quem gosta de harmonizar vinho e boa gastronomia e obviamente pensado para ocasiões especiais". Luís Patrão salienta que este tinto "é um reflexo não apenas da filosofia da Tapada, mas também da singularidade e riqueza do terroir". Conclui que toda propriedade "assenta em práticas sustentáveis, sendo a agricultura biológica e regenerativa um pilar vital de tudo o que é produzido e oferecido na Tapada de Coelheiros".
Quanta Terra Manifesto 2017
Um vinho do projeto dos enólogos Celso Pereira e Jorge Alves cujo nome, como explica Celso, "é uma referência ao antigo manifesto de produção vitivinícola reproduzido no contrarrótulo. Explica que hoje se chama Declaração de Colheita e Produção, mas com o mesmo objetivo: "contribuir para a gestão adequada do mercado vitivinícola, através da recolha dos dados de colheita de uvas ou produção de mosto/vinho de todos os operadores económicos".
Para o enólogo duriense o tinto é também "uma forma de expressar a ideia de enologia, de interpretação da geologia, do clima e das castas, sem preocupação com a estética e a organização, tudo numa versão de um ano clássico no Douro". Explica que em 2017 "a qualidade extremamente elevada das uvas, combinada com uma vinificação cuidada levou à aparição deste grande vinho".
Feito com as castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Sousão, Celso Pereira aponta os 17 a 19ºC. para consumir este vinho e acompanhado "de bons amigos, mas também com posta à mirandesa. magret de pato ou cabrito no forno. O Manifesto, com um preço de 65 euros, pode ser bebido brevemente até porque, garante o enólogo, "os cinco anos de estágio em barricas de carvalho francês poliram os taninos e tornaram-no suave e tenso". Todavia, acrescenta, "a cor rubi, os aromas de fruta azulada, a estrutura e o corpo cheio de energia supõem uma evolução positiva nos próximos 10 a 14 anos".
Celso Pereira diz que 2017 originou grandes vinhos tintos na região do Douro. Salienta que a influência do terroir neste vinho é "enorme" e explica que "a estrutura, os taninos finos, os 14% de álcool e a complexidade aromática, as notas minerais e a capacidade de envelhecer positivamente, dá a ideia da imortalidade só possível na região clássica do Douro.
Celso aponta como destinatários os apreciadores de grandes vinhos, "que buscam vinhos únicos de anos excelentes". Acrescenta que "o período extra de estágio em barrica de carvalho francês aportou um luxo aromático e uma complexidade distinta".
Quinta da Manoella Vinha Alecrim 2015
Sandra Tavares da Silva, enóloga da Wine & Soul, explica que este vinho é elaborado "a partir de uma microparcela lindíssima plantada pelo trisavô de Jorge Serôdio Borges, no período pós-filoxera, em 1880". A enóloga refere-se ao marido Jorge e a uma plantação que descreve "com mais de 30 castas diferentes implantada em muros pré-filoxéricos, rodeada por um enorme e antigo alecrim que se destinava a atrair as abelhas polinizadoras". onde, na realidade se encontram as colmeias da quinta.
Sandra explica que o tinto, foi feito de um field blend de 32 castas indígenas, onde prevalecem as Tinta Francisca, Rufete, Touriga Nacional e Bastardinho. Acrescenta que foi vinificado em lagares com pisa a pé, "mas de uma forma muito suave e apenas no primeiro terço da fermentação, após o qual se baixou a manta manualmente". O estágio ocorreu em barricas de carvalho francês durante 20 meses. Engarrafado em finais de 2017 só agora veio para o mercado porque, explica a enóloga, "pretendia mostrar toda esta complexidade, harmonia e elegância que só o tempo é capaz de deixar exprimir".
Sandra Tavares Teles refere que deve ser servido à temperatura ideal de 15ºC. e aconselha uma perdiz, galinhola ou pato. Salienta que "pela sua raridade, complexidade e idade", optou por um preço de venda ao público de €150.
Relativamente ao consumo, a enóloga garante que "é um vinho de guarda, mas que pelos seus oito anos de estágio já apresenta um excelente equilíbrio, promovendo um enorme gozo para o consumir brevemente em boa companhia".
A enóloga da Wine & Soul refere que os destinatários "serão todos aqueles que apreciam bons vinhos e que sejam curiosos em provar vinhos com enorme identidade do local". Destaca que a finalidade foi "engarrafar a expressão daquela parcela tão especial para aprendermos cada vez mais com as vinhas velhas que nos fascinam todos os dias com a sua resiliência, autenticidade e diversidade". Conclui que: "Este é um vinho muito especial que nos diz muito".