Um rosé a provar que podem chegar ao pódio: H.O Matrona Rosé 2022
O nome é a principal curiosidade: Matrona. O enólogo João Rosa Alves, da H.O Wines, que reconhece que muitos perguntam o porquê do nome, garante que há duas justificações: "É o nome da parcela de vinhas velhas da qual este vinho provém e é uma homenagem ao espírito livre e independente das primeiras matronas da Roma antiga que faz todo o sentido celebrar nos dias de hoje".
O responsável refere que o rosé é feito a partir de uma parcela situada no Baixo Corgo, com mistura de castas tintas e brancas e, quanto à vinificação, explica que a vindima é manual e o estágio, de um ano, "é feito nove meses em barricas de carvalho e três em garrafa". João Rosa Alves indica que o ano de 2022 foi extraordinariamente quente e seco, "o que obrigou a uma vindima precoce, o fator mais diferenciador na produção deste vinho". Relativamente às castas não houve uma escolha porque o H.O Matrona provém de uma parcela de vinhas velhas com mistura de castas tintas e brancas, o que deixou o enólogo satisfeito porque "é esse mix natural que o torna tão especial". Para se ter uma ideia das castas, o responsável aponta 30% de Malvasia Preta, 20% de Baga, 20% de Touriga Franca, 15% de Tinta Amarela, 10% de Mourisco e 5% de variedades brancas antigas do Douro.
João Rosa Alves sugere os 14ºC. como temperatura ideal para o consumo e garante que "este rosé premium pode perfeitamente ser usufruído por si só, mas pode acompanhar na perfeição pratos de peixe e marisco, saladas e refeições à base de ovos". Os 45 euros a garrafa, reflete o facto de ser fruto de uma microprodução e de ser feito a partir de vinhas velhas.
O responsável pela enologia salienta que o rosé pode ser consumido desde já, mas "trata-se de um vinho que apresenta potencial de guarda e crescimento em garrafa durante três a cinco anos". João Rosa Alves esclarece que apesar do nome ser feminino "não se destina de todo apenas às mulheres". Salienta que "é um rosé intenso, que agrada a paladares exigentes, mas sem nunca perder a sua frescura. Vai derrubar tabus ao provar que os rosés não se destinam apenas ao público feminino nem se bebem apenas no verão".
Douro improvável: Ponte do Fumo Tinta Barroca 2020
Susete Melo, diretora de viticultura e enologia explica que o vinho tem por trás uma história baseada na Ponte do Fumo que atravessa o Rio Távora, no extremo da Quinta do Convento de São Pedro das Águias, no Douro. Refere que é "uma icónica construção de origem romana, que distingue a região e a propriedade, e que é inspiração para uma nova marca Kranemann Wine Estates que, paralelamente, lançou um 100% Rabigato".
Este vinho tinto resulta dos estudos dos enólogos da casa, Diogo Lopes e Susete Melo, que têm vindo a realizar no Vale do Távora desde 2018, altura em que arrancou o projeto da Kranemann Wine Estates. Para a responsável, a Tinta Barroca "evidencia-se muito pela fruta e perfil fresco", pelo que potenciou esse perfil muito particular da propriedade. Susete Melo refere ter integrado 30% de cachos inteiros na vinificação, fez uma extração mais leve, usou barricas usadas e, após mais dois anos de evolução em garrafa, "o resultado é um Tinta Barroca raro e leve, de enorme elegância e cor subtil".
A enóloga refere que a temperatura ideal para servir o Ponte do Fumo Tinta Barroca, será entre 16 e 18ºC. e pode ser degustado sozinho ou acompanhando uma refeição, como por exemplo, "um prato de pato ou com um assado no forno". A diretora de viticultura indica que o vinho, vendido a 45 euros, "está pronto a beber, mas vai ter uma boa evolução em garrafa nos próximos cinco anos". Para Susete Melo, este tinto é "um Douro mais improvável, precisamente pelo seu perfil mais elegante, fresco e leve, uma abordagem diferente a uma casta que é uma das mais plantadas e que surge muito associada aos vinhos do Porto".
A enóloga acrescenta que este perfil valoriza vinhos tintos menos extraídos e elegantes, "tendência que se tem acentuado nos últimos anos". Quanto à origem, a responsável salienta que "a altitude e a exposição a norte e noroeste, bem como os solos de transição que incluem granito, xisto e quartzo, fazem da quinta um terroir muito particular, que tende a proporcionar vinhos de enorme elegância, com uma excelente acidez, frescura e potencial de evolução".
Nas margens do Douro: Cais do Reguengo Branco 2022
A história deste vinho está ligada à história da Quinta do Reguengo e à sua localização. Pedro Branco, enólogo da Quinta do Reguengo, refere que o terreno fica situado na região demarcada do Douro, "mais concretamente junto à aldeia do Pocinho, na sub-região do Douro Superior, com vinhas distribuídas ao longo da margem do rio".
O responsável refere que procurou transmitir "muita frescura e mineralidade, aliás, o grande desafio de produzir vinhos brancos numa zona tão quente". Durante o processo, acrescenta, recorreu à fermentação em barricas novas de carvalho francês e, "uma vez terminando a fermentação alcoólica, o vinho volta para a cuba de inox, onde irá permanecer em contacto com as borras durante seis meses". O vinho, feito das castas Arinto e Rabigato, deve ser servido entre 11 e os 14º C. e foi, segundo o enólogo, "pensado para ser degustado à mesa", ou numa refeição "ou até mesmo numa bela conversa". Pedro sugere sempre pratos de peixe, marisco e carne grelhada como harmonização. O enólogo explica que o preço de 8 euros foi decidido de modo a conseguir "um produto de qualidade a um bom preço, possibilitando ainda que o vinho seja uma garantia e uma segurança nas cartas de vários espaços de restauração". Pedro Branco refere que devido à frescura natural, "este é um branco que melhora muito com a idade". A ideia deste Cais do Reguengo foi, segundo o responsável pela enologia, "criar algo diferenciador e singular, que fosse capaz de transportar os clientes para o lado mais primário do vinho". Pedro Branco considera que o destinatário deste produto gosta de "frescura, leveza e autenticidade e procura vinhos com identidade". O enólogo garante que o branco tem tudo a ver com o terroir, uma vez que selecionou duas castas de perfil ácido, plantadas numa vinha a baixa altitude junto ao rio e, "devido ao seu processo fermentativo, obteve-se um vinho com corpo, mas ao mesmo tempo equilibrado".
Retomar a tradição: Costa boal Moscatel Galego 2022
Desde 2015 que a casa Costa Boal não produzia Moscatel Galego. O produtor indica que "é o primeiro com a marca Costa Boal e um vinho cuja casta faz parte da história da região, tendo em conta a proximidade com Alijó", onde a vinícola tem instalações. António Costa Boal confessa que a maior dificuldade esteve na escolha da data para a vindima para "encontrar o equilíbrio correto entre o nível de acidez e açúcar nos cachos". Explica que "as uvas foram pré-selecionadas e colhidas manualmente durante as primeiras horas da manhã, transportadas em caixas de 16 quilos e posteriormente prensadas suavemente em ambiente inerte seguindo-se uma decantação estática a frio". A fermentação ocorreu a temperatura controlada em cuba de inox.
O produtor e proprietário refere 8 a 10ºC. para consumir o vinho que pode ser "servido sozinho num ambiente festivo e de lazer, assim como durante uma refeição leve com pratos de peixes ou carnes brancas, frios ou quentes". O preço de 18 euros foi decidido pelo "equilíbrio perfeito entre o valor do vinho e os custos de produção". O Moscatel Galego pode e deve ser bebido brevemente, mas a casa garante que se pode guardar nos próximos 3 a 4 anos.
Quanto à comparação com outros vinhos da mesma casta, Costa Boal salienta que apesar de manter as características organoléticas, "a sua frescura natural e aromas de final longo fazem com que se destaque da maioria dos vinhos da mesma região". Segundo o produtor, o vinho é destinado a "qualquer pessoa que admire vinhos frescos e aromáticos", feito com a finalidade de "manter esta casta como parte do portefólio e também para manter a tradição uma vez que já tinham sido lançados vinhos monocasta Moscatel Galego em anos anteriores".