Quinta de Monforte Vinhão Grande Reserva 2021
A Quinta de Monforte lançou recentemente o seu vinho de topo descrito pelo enólogo Francisco Gonçalves como "uma edição limitada, de pouca produção, emblemático da propriedade". A explicação do monocasta tinto, que custa 95,80 euros, foi "potenciar ao máximo as características da casta Vinhão, que é rústica e tradicional na região dos vinhos verdes, e perceber o potencial de envelhecimento que esta variedade tem". Refere que todo o processo é muito meticuloso e atento aos detalhes, com a "apanha manual das uvas em caixas de 25 kg, desengace total da uva e fermentação em lagares de granito com pisa a pé". O vinho estagiou durante 12 meses em barricas de carvalho francês e em garrafa mais 14, 15 meses até entrar no mercado.
Para Francisco Gonçalves, o ponto crítico "é encontrar a maturação ideal para conseguir obter as melhores características da casta para o envelhecimento". Acima de tudo, acrescenta, "uma acidez perfeita e uma maturação fenólica que se conjugue para ter no final um vinho fresco e harmonioso que se afasta da tradicional rusticidade típica da variedade na região dos vinhos verdes".
O enólogo aponta os 16ºC. para o provar, por exemplo, com pratos mais intensos "como um arroz de cabrito, uma posta de carne DOP portuguesa, uma cabidela e outras comidas tradicionais portuguesas". Está pronto para beber, mas "revela uma grande capacidade de envelhecimento em garrafa". O responsável destaca "o modo diferente de estar da Quinta de Monforte na região" e a influência do terroir "numa vinha de encosta, suportada por muros de granito e com excelente exposição solar". Como vem sendo cada vez mais, sobressai "a importância da viticultura na Quinta de Monforte, a atenção em todo o processo vitícola que permite ter uvas nos pontos ideais de maturação e fazer vinhos com estas características".
Quinta da Giesta Reserva Branco 2023
Com a assinatura de Nuno Cancela de Abreu, a quinta lançou o vinho como "um tributo aos valores de família e à região". Um 100% Encruzado, considerada a casta branca rainha do Dão e, neste caso, "um marco de autenticidade aliado à responsabilidade de continuar o legado de três gerações". O enólogo garante ter selecionado "as melhores uvas e as barricas mais adequadas para um vinho de perfil único, demonstrativo do enorme potencial da casta". Sublinha "o cuidado na vinha que determina desde logo o que se pretende fazer na adega" e uma vindima "no momento ótimo de maturação". Cancela de Abreu explica que o mosto limpo fermenta em barricas novas de carvalho francês e após o processo permanece seis meses em estágio com bâtonnage "para lhe conferir mais volume, complexidade e um carater marcante".
A escolha do encruzado deve-se à história da região e por ser, na perspetiva do responsável, "uma casta excecional com especiais características qualitativas e boa adaptação ao estágio em barrica". Nuno Cancela de Abreu aponta para que o vinho seja guardado a 8ºC. e servido entre os 10 e os 12, preferencialmente "acompanhando um bom momento, de descanso que pode ser de leitura, bem como uma boa refeição mesmo de pratos mais elaborados". Sugere carnes brancas, bife de atum com sementes de sésamo, mariscos grelhados, queijos, risotto, cogumelos e um arroz de lavagante, por exemplo, "que seria igualmente uma ótima escolha".
O preço de venda ao público ronda 20, 22 euros e a ideia, para o enólogo, "foi satisfazer um consumidor do segmento premium, conhecedor e apreciador deste perfil estruturado de vinho", e ainda "preencher um posicionamento de preço não abordado com regularidade pela concorrência". O vinho foi lançado recentemente, por considerar "que está num momento maravilhoso", mas Cancela de Abreu avança que "terá uma década de evolução pela frente". O enólogo conclui que este é o Dão que acredita: "Bravo, autêntico, audaz, elegante e cheio de carácter. São vinhos feitos para ficarem para além de mim, pois esta é a minha arte".
Ponto Parágrafo Pet-Nat
A estreia do chef Rui Rebelo no mundo dos vinhos aconteceu no formato Pét-Nat (Pétillant Naturel), um espumante composto pelas castas Arinto, Avesso, Viosinho, Códega do Larinho e Rabigato, da Quinta da Castanheira, em Baião. O cozinheiro explica que o vinho "é engarrafado antes da fermentação terminar para capturar a efervescência naturalmente produzida pelos gases libertos durante a fermentação". Além disso, acrescenta, "como a fermentação continua na garrafa, o pet-nat ganha uma maior complexidade aromática".
Rui Rebelo justifica as castas por serem típicas dos vinhos verdes e do Douro numa quinta que se encontra no limite das duas regiões. Isto é, "o melhor das duas para oferecer ao Ponto Parágrafo um perfil único". O chef afirma que a temperatura ideal para servir será os 10ºC., sozinho ou acompanhando uma refeição "para começar enquanto se cozinha e com aperitivos", ou como sugere no seu restaurante, com "croquetes de pato, bacon e wasabi, atum braseado com puré de raízes e legumes salteados ou mousse de chocolate com azeite e flor de sal".
O preço é de 26 euros e está à venda exclusivamente no Terraço Editorial e no Oficina do Duque, ambos em Lisboa. O chef sugere o consumo breve "devido à sua efervescência fresca e para a preservação dos sabores". Rui Rebelo refere que há que "considerar a vulnerabilidade à oxidação devido à baixa adição de sulfitos". Salienta a "sua natureza imprevisível, vinhos mais ousados, naturais e não possuem muito controle na sua produção, oferecendo uma experiência única e emocionante que pode não ser replicada em garrafas mais antigas".
O Pet-Nat "é a concretização de algo completamente diferente do que por agora feito na região dos vinhos verdes" e destina-se a todos os que gostam de celebrar a vida, mas há, no entender de Rui Rebelo, "um target muitas vezes esquecido que pode beneficiar muito, ainda que o foco não seja esse, aqueles que, por questões subjetivas de gosto, não apreciam cerveja e procuram algo fresco e divertido para acompanhar um por do sol de petiscos ou um almoço mais leve".
Vilarrisa Valley Grande Reserva Touriga Nacional 2020
Álvaro van Zeller, enólogo da Van Zeller Wine Collection, refere que estes vinhos – Vilarrisa Valley – "são produzidos maioritariamente a partir de vinhas do Vale da Vilariça, situadas no Douro Superior". O enólogo explica que este tinto foi feito em cubas inox com temperatura controlada, "onde se procedeu a uma ligeira concentração do mosto após o esmagamento deixando escorrer o primeiro líquido que se formava nas cubas de fermentação, ainda pouco colorido". Mas indica duas grandes dificuldades: "Proceder à vindima da Touriga Nacional madura, com toques de sobre-maturação (por vezes, no vale da Vilarissa as uvas passam de quase-maduras a sobre-maduras) e atingir uma boa extração de taninos (concentração) sem que o vinho final ficasse adstringente".
O responsável aponta os 18 graus para servir um vinho que pode, no seu entender, ser bebido "sozinho ou acompanhando uma refeição de carnes vermelhas e carnes de caça bem temperadas". Acrescenta que é "ideal para acompanhar pombo selvagem com molho de redução de vinho do Porto".
O preço médio de 17 euros é justificado pelo custo de produção e desenvolvimento de produto, que para Álvaro van Zeller, "foi estipulado de forma a garantir margem de lucro e competitividade com o resto do mercado, dentro da sua categoria". Garante que "está apto a envelhecer meia dúzia de anos, no mínimo, mas foi feito para ser bebido desde já". O responsável sublinha não se lembrar de vinhos com este estilo na região do Douro, que foi feito para "um consumidor guloso, à procura de um estilo diferente".
Álvaro van Zeller bebeu alguns vinhos "Primitivo de Puglia" que gostou muito e que são descritos internacionalmente como "doces e rústicos, com elevado teor alcoólico, taninos mastigáveis e um final doce". Garante que o Douro "tem tudo para o fazer".