Roteiro pela Serra da Lousã - e a prova de trail mais popular do país
Depois de um ano de ausência, está de volta a Miranda do Corvo a mais concorrida prova de trail running em Portugal continental, onde 2019 se disputou o campeonato do mundo desta modalidade de corrida em trilhos. Aproveitamos a ocasião para traçar um roteiro
À conta da paisagem tão deslumbrante quanto desafiante, a Serra da Lousã tem-se assumido nos últimos anos com um destino de eleição para os adeptos de turismo ativo – BTT, trail running e caminhadas, há espaço para tudo, até para a boa gastronomia, porque é necessário combustível para gastar tanta caloria –, em especial desde que em 2011 ali se começou a realizar uma das mais concorridas (e duras) provas de trail running em Portugal. Chama-se Trilhos dos Abutres e todos os anos atrai cerca de duas mil pessoas à vila de Miranda do Corvo, para correrem num dos mais belos e espetaculares percursos nacionais, com passagem por locais tão emblemáticos como a Aldeia do Xisto de Gondramaz, o Observatório Astronómico do Parque Eólico de Vila Nova, a escadaria da Senhora da Piedade e as muitas cascatas da ribeira de Espinho.
Aldeia do Xisto de Gondramaz
Em pleno coração do concelho de Miranda do Corvo, é uma das mais bem preservadas aldeias desta zona da serra, onde a maioria das habitações foi recuperada, sendo hoje moradias de férias ou unidades de alojamento local. Alguns habitantes continuam no entanto a dar vida às velhas ruelas, como é o caso de Manuel e Celeste Rodrigues, um casal de anciões que mantém aberta a "Loijinha do Bezitante", como se lê, assim mesmo, numa tosca placa de xisto no principal largo da pequena aldeia. Trata-se de uma pequena cave, numa tradicional casa de xisto, onde dão a provar aos visitantes licores, aguardentes, bolos e mel de produção própria. O espaço serve também de armazém às esculturas de aspeto medieval, esculpidas num único bloco de pedra pelas mãos de Manuel, que aprendeu a arte com um outro artesão da terra, entretanto já falecido.
Caminho do Xisto do Gondramaz
Percorrer este desafiante trilho de pouco mais de cinco km é quase como viajar no tempo, recordando o trajeto outrora feito diariamente pelos moleiros que por ele acediam aos vários moinhos de água existentes junto ao da ribeira de Espinho. Tem início no centro da típica aldeia de xisto do Gondramaz, onde o caminho começa por descer a encosta, permitindo também o acesso a uma derivação que conduz ao Penedo dos Corvos, de onde se pode apreciar uma vista panorâmica sobre o vale. O percurso principal continua entretanto pelo antigo souto de castanheiros, com passagem pela aldeia de Galhardo, até finalmente atingir a ribeira, que acompanha a partir daqui, cruzando-a várias vezes, até quase ao final do passeio, junto ao Parque de Merendas da Chapinha.
Miranda do Corvo
A vila de Miranda do Corvo fica situada num vale e o que de imediato chama a atenção a quem chega é a imponência das serranias circundantes. Esta imensidão de penedos ganha ainda maior dimensão quando se começa a subir serra acima, pelas antigas estradas de terra batida, cada vez mais concorridas, desde que a serra se tornou numa das mecas nacionais para os praticantes de BTT ou Trail Running. Foi precisamente para dar resposta a esta nova procura, que, em 2015, foi inaugurado o primeiro Centro de Estágio de Trail Running em Portugal, com dormitório, balneários, estação de serviço para bicicletas e ginásio. À sua volta existem 3 circuitos de trail de 10, 25 e 50 km e 14 percursos de BTT, num total de cerca de 230 Km, que permitem percorrer a quase totalidade do concelho. A pernoita fica por cerca de 10€ ao dia, mas os restantes equipamentos estão à disposição de quem os quiser usar, mesmos que não durmam na casa – o uso dos balneários custa €2 e o ginásio é gratuito das 09h às 17h. Fica numa antiga casa senhorial, na freguesia de Vila Nova, um um dos primeiros locais onde Miguel Torga trabalhou como médico, também conhecida como "o miradouro de Miranda", por se encontrar a cerca de 400 metros de altitude e permitir uma bonita vista panorâmica sobre a sede do concelho.
Alto da Mestrinha
À volta do Parque de Lazer e de Merendas das Mestrinhas é normal avistarem-se alguns esquivos esquilos a saltitar entre as árvores. À volta, espalha-se uma das maiores manchas de pinheiro bravo desta serra também habitada por veados vermelhos, outro animal também bastante comum por estas paragens. Um pouco mais acima, no Alto da Mestrinha, a 900 metros de altitude, fica o ponto mais alto do concelho, de onde, nos dias limpos, se avista o horizonte até ao mar da Figueira da Foz.
Loja do Senhor Falcão
Literalmente uma loja como antigamente. Fica no lugar de Pereira, a cerca de um par de quilómetros do centro de Miranda do Corvo e apenas abre ao fim-de-semana, das 22h às 02h à sexta e a partir das 15h ao sábado, mas vale a pena esperar pela hora certa, até porque não é todos os dias que se entra numa mercearia com mais de um século de existência. Foi inaugurada em 1878 por Lourenço Falcão, que aí sempre vendeu de tudo um pouco de tudo e nunca mais saiu das mãos da família. Hoje, é Filomena Falcão, a bisneta do fundador, quem está responsável pela centenária casa e foi ela que, a partir de 2008, a transformou num espaço de memória viva, embora não se limite a ser um mero museu, muito pelo contrário. É certo que mantém o mobiliário original, mas tudo o resto está à venda, tal como nos velhos tempos: de brinquedos tradicionais em latão e madeira a finas peças de cerâmica da Fábrica Bordallo Pinheiro. Ao fundo, uma porta ao estilo do velho oeste dá acesso à taberna, igualmente contemporânea da mercearia. Ali há regularmente noites de fado, tertúlias sobre viagens, lançamentos de livros ou sessões de leitura. E quando não há programa as pessoas aparecem na mesma, para conversarem e beberem um copo de vinho, na companhia de uma tábua de queijos e enchidos. No piso superior do centenário edifício, na antiga habitação onde em tempos viveu o famoso Senhor Falcão, funciona agora um alojamento local, também explorado pela família.
- José Falcão, 105, Pereira, Miranda do Corvo. T. 914163323
Parque Biológico da Serra da Lousã
Um Parque de Vida Selvagem dedicado em exclusivo às espécies autóctones nacionais, como lobos, veados, javalis e até ursos pardos, há muito desaparecidos de Portugal, mas também eles, em tempos, presença habitual nestas serranias. A maior parte dos animais já não pode ser devolvida ao meio selvagem, pois são oriundos de cativeiro ou foram recuperados de uma morte quase certa, devido a acidentes. Está integrado num espaço com 12 hectares, que inclui também uma quinta pedagógica, um labirinto de árvores de fruto, centro hípico, loja de artesanato e diversos núcleos museológicos.
Parque de Lazer da Quinta da Paiva, Miranda do Corvo
- 239538444
parquebiologicoserralousa.pt
Museu da Chanfana
Como o próprio nome indica, este restaurante celebra um dos grandes patrimónios desta região: a chanfana. O mais típico dos pratos serranos surge aqui na companhia de outros, já caídos em desuso, como os negalhos ou a sopa de casamento, recuperando à mesa velhas lembranças do antigamente.
Parque Biológico Serra da Lousã, Miranda do Corvo
- 239538444
www.parquebiologicoserralousa.pt
Passeios a cavalo
No centro hípico Equitare Rural são organizados passeios a cavalo pela serra da Lousã para cavaleiros de todos os níveis, incluindo os mais inexperientes. O percurso atravessa trilhos, rios e cascatas, numa experiência única e inesquecível. O espaço inclui ainda um restaurante típico e um alojamento em espaço rural com vista para a serra.
Rua Eusébio Tamagnini, 267. Godinhela, Miranda do Corvo 961690504. equitarerural.com
DORMIR
Hotel Parque Biológico da Lousã (239 095 054, www.hotelparqueserradalousa.pt).
Mountain Whispers (Largo do Leão, Gondramaz, Miranda do Corvo, 239532055. www.mountainwhisper.pt)
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